quarta-feira, 26 de março de 2014

Mapa inédito coloca o Brasil em 3º lugar em conflitos ambientais



Em um projeto inédito, a Universidade Autônoma de Barcelona mapeou conflitos ambientais em todo mundo. No mapa, o Brasil aparece em terceiro lugar (ao lado da Nigéria) em número de disputas, enquanto a mineradora brasileira Vale ocupa a quinta posição no ranking de empresas envolvidas nessas questões.
O mapa, uma plataforma interativa, é o resultado do trabalho de uma equipe internacional de especialistas coordenados pelos pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental da universidade espanhola.
Entre os 58 conflitos ambientais em curso no Brasil há disputas agrárias como o caso de Lábrea, cidade no Amazonas próxima à fronteira com o Acre e Rondônia, onde agricultores são vítimas da ameaça de madeireiros e grileiros.
Há ainda diversos conflitos indígenas, disputas por recursos hídricos e por reservas minerais.
No caso da Vale, 14 das 15 disputas em que a empresa está envolvida ocorrem na América Latina, especialmente no Brasil, mas há casos também na Colômbia, no Peru e no Chile.
Segundo a seção sobre o Brasil, apesar de o país ter passado por um processo de industrialização e não ser mais exclusivamente agrário, seu modelo de exportação “reproduz o padrão da América Latina e continua concentrado na exploração dos recursos naturais, com commodities crescendo em importância em relação a produtos manufaturados nos últimos anos”.
Vários conflitos estão associados à expansão da agricultura, mineração, hidroelétricas e exploração de petróleo em áreas nas quais comunidades tradicionais, historicamente, viviam de forma sustentável.
“Essas populações continuam vivendo à margem do sistema político e sem políticas públicas que reconheçam e garantam sua subsistência e territórios”, diz o documento.
O mapa foi apresentado na quarta-feira em Bruxelas pela Delegação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

“O mapa mostra como os conflitos ecológicos estão aumentando em todo o mundo, por causa da demanda por materiais e energia da população mundial de classe média e alta”, afirmou um dos responsáveis pelo projeto. “As comunidades mais impactadas por conflitos ecológicos são pobres, frequentemente indígenas, pessoas sem poder político para ter acesso à justiça ambiental e aos sistemas de saúde.”

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