‘Sábado, 30 de novembro, fim de tarde. Várias viaturas da Polícia Militar, Rotam e Batalhão de
Missões Especiais cercaram o Shopping Vitória, na Enseada do Suá, no Espírito Santo. Missão:
proteger lojistas e consumidores ameaçados por uma gente preta, pobre e funkeira que, “soube-
se depois”, não ocuparam o shopping para consumir ou saquear, mas para se proteger da
violência da tropa da PM que acabara de encerrar a força o baile Funk que acontecia no Pier ao
se depois”, não ocuparam o shopping para consumir ou saquear, mas para se proteger da
violência da tropa da PM que acabara de encerrar a força o baile Funk que acontecia no Pier ao
lado.
Amedrontados, lojistas e consumidores chamaram a polícia e o que se viu foram cenas clássicas de racismo: Nenhum registro de violência, depredação ou qualquer tipo de crime. Absolutamente nada além da presença física. Nada além do corpo negro, em quantidade e forma inaceitável para aquele lugar, território de gente branca, de fala contida, de roupa adequada.
E a fila indiana; e as mãos na cabeça; e o corpo sem roupa, como que a explicitar cicatrizes nas costas ou marcas de ferro-em-brasa, para que assim não se questione a captura.
A narrativa de Mirts Sants, ativista do movimento negro do Espírito Santos nos leva até a cena:
“Em Vitória, a Polícia Militar invadiu um pier onde estava sendo realizado um baile funk, alegando que estaria havendo briga entre grupos. Umas dezenas de jovens fugiram, amedrontados, e se refugiaram num shopping próximo.
Foi a vez, entretanto, de os frequentadores do shopping entrarem em pânico, vendo seu ‘fetiche de segurança’ ameaçado por “indesejáveis, vestidos como num baile funk, de tez escura e fragilizando o limite das vitrines que separam os consumidores de seus desejos”. Resultado: chamaram a PM, acusando os jovens de quererem fazer um arrastão.
A Polícia chegou rapidamente e saiu prendendo todo e qualquer jovem que se enquadrasse no ‘padrão funk’. Fez com que descessem em fila indiana e depois os expôs à execração pública, sentados no chão com as mãos na cabeça. E isso tudo apesar de negar que tenha havido qualquer arrastão, “exceto na versão alarmista dos frequentadores”.
Se chegou a haver algo parecido com uma tentativa de ‘arrastão’ ao que parece é impossível saber. Para alguns dentre os presentes, a negativa da PM teve como motivo “preservar a reputação do shopping como templo de segurança”. Se assim foi, a fotoacima, com os jovens sentados no chão sob vigilância, e o vídeo abaixo, mostrando-os sendo forçados a descer em fila indiana sob a mira da Polícia, se tornam ainda mais graves como exemplos de arbítrio, violência e desrespeito aos direitos humanos. E isso só se torna pior quando acontece ainda sob os aplausos dos ‘consumidores’…”
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