Há um tipo de neutralidade que só enxerga os erros da esquerda.
E costuma rejuvenescer o cardápio da direita, sempre que esta se ressente de espaços e agendas para retomar a disputa pelo poder.
Não é propriamente inédito o enredo protagonizado por Marina e seus seguidores.
No México, os ambientalistas do Partido Verde Ecologista (PVEM) apoiaram o candidato vitorioso da direita, Henrique Peña Nieto, do PRI, contra Obrador.
Na Venezuela, o Movimento Ecológico Venezuelano entregou-se de corpo e alma à candidatura de Henrique Capriles Randonski, com a qual os golpistas de ontem testaram a versão ‘o novo que vai fazer mais". Em São Paulo, o PV apoiou José Serra, em 2010.
Na Alemanha eles viram boa parte de suas ‘soluções' serem adotadas por frau Merkel...
O ziguezague reflete a dificuldade histórica de uma agenda de enunciados versáteis, todavia assimiláveis tanto pela propaganda esperta de detergentes de limpeza, quanto por militantes sinceros da resistência à destruição da natureza.
A abrangência, antes de evidenciar uma identidade forte, reflete a insustentável leveza de um diagnóstico evanescente, que hesita diante das causas do seu objeto e, por extensão, dos meios para equacioná-lo. O ambientalismo precisa decidir se quer ser um rótulo, uma tecnologia ou uma proposta de nova sociedade.
Quer ser um guia de boas maneiras para o 'capitalismo sustentável'; ou um projeto alternativo à lógica desenfreada da exploração da natureza e do trabalho? Marina decidiu que em 2014 será o tacape de aparência suave a golpear o ‘chavismo do PT', seja lá o que entende por isso.
O tom sugere que o termo tem para ela o mesmo sentido demoníaco atribuído por Veja. Marina não surpreende tanto assim ao definir as afinidades eletivas da caminhada para o que denomina de sociedade sustentável.
O risco é segui-la até lá e, ao abrir a porta, deparar-se com Heráclito Fortes.
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