Lula, que de bobo não tem nada, está se movimentando para obstruir aquilo que pode vir a ser, de fato, um prejuízo eleitoral para Dilma Rousseff em 2014: que a dupla Eduardo Campos-Marina Silva possa envolver parte do eleitorado nordestino e, de uma maneira mais ampla, popular.
Porque, com tudo o que aprendeu, sabe que a direita – a verdadeira – está empacada num discurso velho, passadista e, por isso, traz na testa o estigma de um tempo que o povo brasileiro sabe que não quer reviver.
Deve-se a isso dois dos últimos movimentos do ex-presidente.
O primeiro, o de evidenciar a “conversão” de Marina Silva às ideias neoliberais. O “pito” que lhe deu ontem, dizendo que ela “esqueceu” que a “estabilidade econômica” de Fernando Henrique quebrou o país três vezes.
Marina escafedeu-se do debate, obviamente desavantajoso para ela, dizendo que “não tem pressa” de responder a Lula, quando, na verdade, não tem com que responder, a não ser com uma vaga citação à “Carta ao Povo Brasileiro” feita por Lula, num momento em que o país batia – com a tal estabilidade e tudo – às portas do FMI, insolvente.
O segundo movimento de Lula provocou furor, ontem, em Pernambuco, com a veiculação, no Blog de Jamildo, no Jornal do Commercio, de um vídeo (veja no fim do post) com apenas uma frase de Lula, à saída de uma solenidade na Câmara Municipal:
- Eu quero dizer aos meus companheiros de Pernambuco que logo, logo, eu estarei lá
Bem, vocês imaginam o quanto isso apavorou a turma de Campos.
O imenso peso do prestígio de Lula no estado – o seu estado natal, aliás – vai causar danos de difícil reparação ao ponto mais forte do currículo de Eduardo Campos: o de querer apresentar-se como um governador otimamente avaliado pelos pernambucanos.
Sem o voto pernambucano, Campos vira um general sem tropa, e não é por outra razão que a Marina da “nova política” fez ginástica para dizer que a aliança dele com 14 partidos – e as devidas repartições de cargos – não é fisiologismo, como diz que são todas as outras.
Este é o “probleminha” da dupla Campos e Marina, o sinal que trazem na testa e que não se lhes pode apontar.
Não é a primeira vez que cito, mas repito a frase do velho Brizola: A política ama a traição. Mas, logo, abomina o traidor.
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