quinta-feira, 25 de julho de 2013

Morre o artista argentino que irritou o futuro papa Francisco


Nacho Lemus

O artista e provocador León Ferrari morreu nesta quinta-feira (25), aos 92 anos, em Buenos Aires, na Argentina. Suas obras, conhecidas em todo o mundo pelas críticas à religião, às guerras e à ditadura militar no país, foram apresentadas no MOMA, em Nova York, no Museu Rainha Sofía, em Madri, e na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Suas pesquisas sobre a atuação da ditadura militar na Argentina (1976-1983) e obras provocadoras fizeram com que viesse, como exilado, para São Paulo em 1976, onde, soube do desaparecimento de seu filho Ariel na Argentina.
As obras de Ferrari denunciaram a cumplicidade da Igreja Católica com os militares argentinos para silenciar crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura, e até profetizaram a proclamação de Bergoglio como papa, quando comparou a relação entre as autoridades religiosas e a Junta Militar argentina com a de Adolf Hitler com o papa Pio 12.
Em 2007, Ferrari foi eleito o melhor artista da Bienal de Arte de Veneza. Ao ser exposta no Centro Cultural Recoleta de Buenos Aires, a exposição sofreu várias ameaças de bomba. Várias obras foram destruídas por grupos ultracatólicos.
Segundo a curadora Andrea Giunta, nessa ação contra a obra de Ferrari “os mais ativos foram o cardeal Jorge Bergoglio e o La Nación”, jornal argentino que publicou uma carta de Bergoglio na qual o então padre denunciava: “Me dirijo a vocês muito machucado pela blasfêmia perpetrada no Centro Cultural Recoleta por uma exposição de artes plásticas. É uma pena que esse evento seja realizado em um centro cultural sustentado com o dinheiro que o povo cristão e pessoas de boa vontade pagam com seus impostos”.
Apesar das tentativas do padre Bergoglio, protestos contra a censura das obras, e a consequente determinação da justiça argentina, fizeram com que a exposição continuasse, atingindo 70 mil pessoas.
Veja algumas obras polêmicas de Ferrari:



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