quinta-feira, 28 de março de 2013

Tributo ao Cacique Crisomar

Singela homenagem do Projeto Saúde e Alegria ao Cacique da Aldeia São José, na Terra Indígena Maró, o saudoso Crisomar. ”Tracajá” para alguns, cacique para muitos.
As imagens em vídeo foram gentilmente cedidas por Fausto Kutka, da Associação de Artes Curativas Himalaia (AACHA). A edição realizada pela equipe do Projeto Saúde e Alegria.

O "pibão" para a Globo




A Globo deve ter 60% do total do setor de publicidade do Brasil. Viva o Brasil !

O ansioso blogueiro achou na porta do cemitério de Perus um velho colega da Contabilidade da TV Manchete, o Dirceu Furtado.
Antes que o Dirceu seguisse irremediavelmente rumo ao interior do logradouro, o ansioso blogueiro perguntou:
- Dirceu, você viu o balanço da Globo no Valor ?
- Claro. Vi até o que não esta no balanço.
- Como assim? Deu pra ver fantasma, agora ? Deve ser a proximidade…
- Você sabe que ali na praia do Russel, o único que sabia ler balanço era eu …
- É verdade. O Adolpho não sabia ler nem a cartilha da vovó viu a uva… Mas, o que é que você viu, escondido?
- Vamos por partes.A receita liquida cresceu 16% e chegou R$ 12,7 bilhões.
- Quanto veio da SECOM?
- Não se sabe …
- É um resultado espetacular.
- Globo prefere “fantástico” …
- É verdade.
- Ela diz também que o mercado publicitário brasileiro é de R$ 30 bilhões
- Cresceu 6%. Quer dizer, o faturamento dela cresce mais que o mercado.
- Espetacular, Dirceu.
-Fantástico …
- Desculpe, colega.
- Ela diz também que tem 45% da audiência.
- É uma derrota …
- Sem dúvida. Já foi muito mais …
- E o que você viu do que ela não quer mostrar ?
- Primeiro, ela fala em receita “líquida” e compara com o faturamento BRUTO do setor…
- E dai, Dirceu?
- É pra gente não saber quanto ela embolsa do total do setor. Porque você não pode comparar liquido com bruto.
- Malandro é o gato …
- Não, meu querido.. Malandro é o Jaquito.
- Deixa pra lá, Dirceu.
- Se você contar os impostos, o faturamento bruto passa de R$ 15 bilhões.
- Mas, não tem que descontar os descontos da tabela de publicidade ?
- A Globo não dá desconto. Ela só aumenta a tabela. Não diminui. Você o BBB do Bial?
- Prefiro fazer tratamento de canal.
- A audiência do BBB desabou e o faturamento aumentou …
- E o BV ? Não tem que descontar do faturamento bruto ?
- Sim, porque é despesa de venda.
- E você acha que a SECOM vai buscar o BV das estatais que a Globo entrega às agências ?
- É mais fácil o Fernando Henrique calçar as sandálias da humildade.
- E nas tuas contas com quanto a Globo fica do bolo total do setor “publicidade” do Brasil ?
- 60%.
- Viva o Brasil !
- Viva !
Pano rápido.

Paulo Henrique Amorim
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Guantánamo: Greve de fome de prisioneiros chega a sete semanas


Detidos em área de espera na prisão em Cuba].

Porta-voz do presídio admitiu que oito pessoas já precisaram receber nutrientes por meio de tubos devido à perda de peso decorrente do movimento.

A greve de fome promovida por prisioneiros de Guantánamo, que chegou a sete semanas de duração e soma um número crescente de adeptos, fez com que o CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha) adiantasse sua visita ao presídio norte-americano localizado em território cubano.
Em anúncio realizado hoje, a organização informou que a delegação que visitará a prisão é composta por duas pessoas, com um médico entre elas.
“Para tentar entender as tensões atuais e a greve de fome em curso, decidimos começar essa visita antes. O CIVC tinha previsto inicialmente visitar os prisioneiros de Guantánamo a partir de 1º de abril”, afirmou o porta-voz do organismo Bijan Farnudi, segundo a agência AFP. Será a 92ª visita que a organização realizará à prisão.
A greve de fome é um protesto dos prisioneiros pelo tratamento que recebem no local e por sua reclusão indefinida, na maioria das vezes realizada sem julgamento.
O movimento, no entanto, teve início no dia 6 de fevereiro, quando, durante uma inspeção, alguns detentos afirmaram que os carcereiros confiscaram bens pessoais como fotografias, cartas e exemplares do Corão, fato considerado como uma “profanação religiosa”.
Segundo o Center for Constitutional Rights, grande parte dos 130 presos que se encontram no Campo 6 da prisão aderiram ao protesto. Segundo o capitão Robert Durand, um dos porta-vozes do presídio, no entanto, 24 presos realizam greve de fome, dos quais oito perderam tanto peso que foram obrigados a receber nutrientes líquidos através de tubos.
No início do ano, a ONU divulgou um comunicado no qual expressou que os EUA violam a legislação internacional dos direitos humanos por manter cidadãos não julgados presos indefinidamente. Antes de iniciar seu primeiro mandato, em 2009, o agora reeleito presidente dos EUA, Barack Obama, havia prometido o fechamento da prisão, o que ainda não ocorreu.
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Juventude toma conta da marcha de abertura do FSM 2013

Uma constelação de movimentos sociais, organizações, sindicatos e grupos compuseram 
a marcha de abertura e comporão todo o Fórum Social Mundial da Tunísia. 
Em termos temáticos, questões como a das mulheres e palestina estiveram fortemente presentes.



Aproximadamente 40 mil pessoas marcharam ontem da Praça 14 de Janeiro, centro de Túnis, até o Estadio Menzah, onde aconteceu o encerramento do ato de abertura do 12º FSM com um show do músico Gilberto Gil.
Foi no dia 14 de janeiro de 2011 presidente Zine el-Abidine Ben Ali fugiu do país ao perceber que não tinha como resistir ao levante popular que deu início à Primavera Árabe. Movimento que ainda iria levar ao fim o governo de Hosni Mubarak no Egito e a revoltas em países como Líbia, Bahren e Síria, que ainda vive o conflito. Cada país com sua história e configurações políticas de luta e disputa.
Não por coincidência, a marcha do FSM de ontem foi embalada pelos cantos das lutas dessa primavera que, a despeito de análises precipitadas anunciando seu fim e suas derrotas, ainda continua embalando o sonho de boa parte da juventude e dos movimentos sociais de vários desses países.
Cada marcha tem sua expressão. Em Mombai, na Índia, por exemplo, destacaram-se as cores. Elas davam a dimensão da pluralidade e da unidade obtida para a concretização do FSM. Aqui em Túnis foram os sons. Os muitos sons dos cantos dos movimentos que marcavam suas pautas com palavras de ordem e cânticos. Sons de uma pluralidade imensa que construíram, como num quebra cabeça, uma harmônica unidade na ação.
Não existe FSM bom e representativo sem marcha expressiva. Sempre foi assim na história do Fórum. A marcha é o primeiro ensaio do que virá. E a abertura de ontem, que o leitor poderá ver pelas fotos a seguir, já se constitui num retrato para a história.
O mundo árabe entrou de vez para o FSM. E isso tem um significado histórico de grande relevância. Os movimentos sociais ocidentais ganham muito se aprenderem a entender culturalmente e politicamente esse canto central do mundo.
Há ainda muitas questões do mundo árabe que são tratadas com imenso preconceito mesmo pela esquerda ocidental. E isso já tem surgido nas primeiras conversas. Por exemplo, a questão da participação das mulheres, a religião, a natureza do Estado etc.
E esses temas começaram a ser debatidos a partir de hoje.
O Fórum, mesmo ainda padecendo de um certo anacronismo analógico (seus organizadores ainda pensam mais em cartazes e tendas do que em conexão para uma boa cobertura via internet) tem uma energia viva que não pode ser perdida. Que merece ser renovada. A marcha de ontem deu novo gás ao FSM. E a Primavera Árabe deu mostras de que continua viva. Vivíssima.
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PRIVATARIA: JUIZ TIRA UM SARRO DO CERRA


Para efeito de paraísos fiscais, multa de R$ 1.000,00 é uma absolvição.

O (excelente) advogado Cesar Marcos Klouri – responsável pela histórica decisão do Ministro Celso de Mello em defesa da liberdade de expressão, e que o PiG inexplicavelmente ignora – é também advogado do Amaury Ribeiro Jr e sua editora, a Geração.
Na derrotada campanha eleitoral (pela segunda vez) de 2010, para evitar que o tema chegasse ao palanque (mas, chegou), o Padim processou o Amaury, aquele que descreveu as edificantes atividades do clã Cerra nos paraisos fiscais.
O que deu ao Amaury autoridade profissional para perguntar: de onde vem a grana da filha do Cerra para ser sócia do homem mais rico do Brasil?
O Juiz da ação do Cerra considerou que, de fato, o Amaury cometeu gravíssimo crime.
Tão grave, mas tão grave, que, em comparação com os milhões de dólares da Privataria, a multa é uma forma de deboche.
Quem não entendeu a decisão foi Ilustre colonista da Folha, a tal que é implacável, incansável, imbatível investigadora no espaço de 180 graus do espectro político brasileiro.
Quanto aos outros 180 graus, a Ilustre colonista é doce, suave, Ilustradamente colorida.
A Ilustre colonista dos 180 graus de um lado só deu a versão do Cerra.
E não entendeu a secreta essência da decisão.
O Amaury está inconsolável.
Vai ter que vender um forno da pizzaria de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, para pagar o Cerra.
Falem mal mas falem de mim, disse o Amaury, com seus botões.
Quá, quá quá !
Em tempo: amigo navegante, passeie pela aba “Não me calarão” para ver que o Cerra também perdeu, em várias instâncias, para o ansioso blogueiro. A advogada (excelente) dele foi Maria Elizabeth Queijo. O advogado dele foi o Ilustre tucano José Carlos Dias, cuja passagem pelo Ministério da Justiça está inscrita em mármore de Carrara. Jamais a esqueceremos. Dias e Cerra perderam todas. É um hábito …

Paulo Henrique Amorim
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Maior ataque cibernético da História’ atinge internet em todo o mundo


A internet ficou mais lenta ao redor do mundo nesta quarta-feira devido ao que especialistas em segurança chamaram de maior ciberataque da história.
Uma briga entre um grupo que luta contra o avanço do spam e uma empresa que abriga sites deflagrou ataques cibernéticos que atingiram a estrutura central da rede.
O episódio teve impacto em serviços como o Netflix – e especialistas temem que possa causar problemas em bancos e serviços de email. Cinco polícias nacionais de combate a crimes cibernéticos estão investigando os ataques.
O grupo Spamhaus, que tem bases em Londres e Genebra, é uma organização sem fins lucrativos que tenta ajudar provedores de email a filtrar spams e outros conteúdos indesejados.
Para conseguir seu objetivo, o grupo mantém uma lista de endereços que devem ser bloqueados – uma base de dados de servidores conhecidos por serem usados para fins escusos na internet.
Recentemente, o Spamhaus bloqueou servidores mantidos pelo Cyberbunker, uma empresa holandesa que abriga sites de qualquer natureza, com qualquer conteúdo – à exceção de pornografia ou material relacionado a terrorismo.
Sven Olaf Kamphuis, que diz ser um porta-voz da Cyberbynker, disse em mensagem que o Spamhaus estava abusando de seu poder, e não deveria ser autorizado a decidir “o que acontece e o que não acontece na internet”.
O Spamhaus acusa a Cyberbunker de estar por trás dos ataques, em cooperação com “gangues criminosas” do Leste da Europa e da Rússia.
A Cyberbunker não respondeu à BBC quando contactada de forma direta.
Steve Linford, executivo-chefe do Spamhaus, disse à BBC que a escala do ataque não tem precedentes.
“Estamos sofrendo este ciberataque por ao menos uma semana. Mas estamos funcionando, não conseguiram nos derrubar. Nosso engenheiros estão fazendo um trabalho imenso em manter-nos de pé. Este tipo de ataque derruba praticamente qualquer coisa”.
Linford disse à BBC que o ataque estava sendo investigado por cinco polícias cibernéticas no mundo, mas afirmou que não poderia dar mais detalhes, já que as polícias envolvidas temem se alvos de ataques também.
Os autores da ofensiva usaram uma tática conhecida como Negação Distribuída de Serviço (DDoS, na sigla em inglês), que inunda o alvo com enormes quantidades de tráfego, em uma tentativa de deixá-lo inacessível.
Linford disse ainda que o poder do ataque é grande o suficiente para derrubar uma estrutura de internet governamental.
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Alepa salva Mojuí dos Campos do sufoco

Governantes do Parazinho adoram dormir.


Embora todo mundo soubesse que o 144º município do Pará - criado pela lei nº 6.268, de 27 de dezembro de 1999 - seria instalado este ano com a eleição de seu primeiro prefeito, só anteontem o governador em exercício Helenilson Pontes(PPS) - que é santareno -, enviou à Alepa o projeto de lei dispondo sobre a cota parte das parcelas do ICMS referente a Mojuí dos Campos. 
Os deputados, sensibilizados com a situação extremamente delicada enfrentada pelo prefeito Jaílson Alves – e olhem que ele é do PSDB! – aprovaram em regime de urgência urgentíssima, em reunião conjunta das Comissões de Justiça e Finanças e em plenário, hoje, e amanhã - ufa! - uma grande comitiva irá fazer festa à sanção governamental. 
Nesses três meses de sufoco, o município tem sido salvo da insolvência por repasses através de convênios. Cá para nós, é muita falta de planejamento.
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As crianças têm que ser protegidas da cafajestice do CQC

Por Paulo Nogueira

A gangue pseudocômica faz um garoto mentir, enganar e torturar psicologicamente José Genoíno.
Alguns meses atrás, a gangue do CQC já descera à lama ao abordar José Genoíno de maneira cafajeste logo depois do trauma de uma absurda decisão da justiça que decretou prisão para ele.
Agora, a gangue conseguiu descer ainda mais.
Ao longo de um interminável, odioso filme de sete minutos os pseudo-humoristas submeteram Genoíno sessão de violência que degrada não quem a sofreu, mas quem a fez – os mentecaptos sorridentes liderados por Marcelo Tas.
O que eles fizeram não é nem comédia e nem jornalismo: é simplesmente um caso de polícia.
Um repórter-palhaço ficou trollando desvairadamente Genoíno, em Brasília, em busca de uma “entrevista”, aspas.
Louvo aqui o autocontrole de Genoíno, porque pouca gente é capaz de suportar uma provocação tão baixa pelo que pareceu uma eternidade.
Depois, a gangue colocou um garoto pré-adolescente num papel que em algum momento haverá de envergonhá-lo, se ele tiver decência básica.
O menino enganou Genoíno. Se fez passar por admirador para entrar na sala de Genoíno e extrair algumas palavras.
Depois, em seguimento às mentiras que o fizeram contar, o garoto disse a Genoíno que seu tio estava fora da sala, esperando para cumprimentá-lo.
O tio era um dos integrantes da gangue.
Genoíno saiu da sala e deu de cara com o tio de mentira. E isso foi comemorado como um triunfo pela gangue.
Se há algum comitê de proteção à infância que funcione no Brasil, ele tem que cobrar satisfações de quem fez o garoto se submeter a uma infâmia dessa natureza. Dificilmente ele terá outra aula tão completa de canalhice.
Em poucos minutos, o menino foi obrigado a agir como um pequeno trapaceiro desprezível. O risco é que ele cresça e se torne um adulto tão asqueroso como Marcelo Tas e os integrantes da gangue.
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Polícia Federal investiga morte do Cacique Crisomar no rio Maró

Aparentemente, morte pode ter sido acidental, por afogamento, mas investigações deverão continuar.

Por Fabio Pena (Rede Mocoronga)

A pedido do Ministério Público Federal, a Polícia Federal fez hoje, 27/03, uma diligência na Aldeia São José III, onde o corpo do Cacique Crisomar dos Santos Costa, 60 anos, foi encontrado morto um dia antes.
O cacique estava desaparecido desde o último sábado, 23, o que gerou muita preocupação na comunidade e a mobilização de lideranças e organizações que apoiam as causas indígenas na região.
A PF ouviu familiares e percorreu os possíveis lugares onde Crisomar teria estado no dia de seu desaparecimento. “Do que a gente apurou até o presente momento, tudo indica que pode ter sido um acidente, ter feito água no bote e ele ter se afogado por conta disso, declarou o delegado Gersivaldo Vasconcelos Ferreira à nossa reportagem em São José III.
Esta hipótese foi recorrente nos depoimentos que coletamos. Familiares contaram que Crisomar teria ido a um pequeno comércio que fica próximo à comunidade para pagar uma dívida. Um tempo depois dele sair do local, o proprietário e um frequentador do estabelecimento teriam visto a canoa do cacique semi-alagada, com o remo e uma sandália dentro. Eles, porém, não teriam avisado a família, que já estava em busca do desaparecido.
“Passei duas noites procurando meu irmão nesse rio. Me apavorei, sem dormir, sem comer nada. E só na manhã de ontem é que conseguimos achar o corpo”, conta o irmão do cacique, Josiclei dos Santos Costa. “Ele era meu único irmão, e eu sempre estava ao lado dele no trabalho comunitário. E eu agora não vou mais ter meu irmão ao meu lado” lamenta aquele senhor com a voz embargada.
Dona Gersineide Lopes Costa, esposa de Crisomar, lembra que ela e o marido sofriam ameaças de morte desde 2010, que continuaram principalmente quando a comunidade resolveu impedir a exploração da madeira no seu território.
“Ele me ameaçou de morte em 2010 e depois disso foi meu marido. Ele foi armado de rifle até na casa de um compadre onde meu marido estava, para ameaçar. Depois rodeava nossa casa. Tinha a ver com madeira, um senhor que morou aqui um tempo, tirava atrás da área indígena para vender para as empresas que compravam por aqui. 
O pessoal da comunidade veio pedir pro meu marido ir ver. E ele foi até lá ver no mato essa madeira. E ai começaram as ameaças. Por isso que ficamos preocupados por causa de não sabermos se a morte dele poderia ter alguma coisa com essas ameaças que ele vinha sofrendo” conta Gersineide.
Mesmo declarando como mais provável a hipótese de afogamento acidental, o delegado Gersivaldo Ferreira explicou que “há um fator dificultador pelo fato ter ocorrido de sábado para domingo, e o corpo ter sido encontrado somente ontem (terça). 
Quando chegamos, o corpo já havia sido enterrado porque os familiares decidiram, por conta da deterioração do corpo. E a gente vai ter que ver como viabilizar um exame necroscópico, para poder comprovar se realmente não houve violência. Nós vamos analisar, provavelmente seja necessário uma exumação do corpo”. Se o exame for realizado, o que dependerá da família e das autoridades, o caso poderá ser melhor esclarecido.
As organizações que estiveram na comunidade hoje, entre elas o Projeto Saúde & Alegria, ressaltam a importância da mobilização social criada em torno do fato, o que demonstra que a sociedade está atenta, uma vez que os casos de morte no campo tem sido crescentes no Estado do Pará, e a região de Nova Olinda é uma das que merecem atenção especial em função do histórico de conflitos.
Odair Borari, cacique da Aldeia de Novo Lugar do TI Maró, é também um ameaçado que anda inclusive com escolta policial. Ele esteve hoje na aldeia vizinha. “Ele vai continuar no sangue de cada liderança que ficou, e em espírito ele vai continuar conosco nos dando força para continuar essa luta. Ele foi enterrado no mesmo cemitério que nosso grande pajé Merandolino. Eles vão continuar olhando por nosso povo”, comentou Odair Borari ao lado da sepultura do amigo de lutas comunitárias.
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Dilma enfrenta a pátria rentista: mídia uiva



Por Saul Leblon

Uma dia de estupefação e revolta no circuito formado pelos professores banqueiros, os consultores e a mídia que os vocaliza.
Na reunião dos Brics, na África do Sul, nesta 4ª feira, a presidenta Dilma afirmou que não elevará a ração dos juros reivindicada pelos batalhões rentistas, a pretexto de combater a inflação.
A reação instantânea das sirenes evidencia a cepa de origem a unir o conjunto à afinada ciranda de interesses que arrasta US$ 600 trilhões em derivativos pelo planeta.
Equivale a dez voltas seguidas no PIB da Terra.
Trinta e cinco vezes o movimento das bolsas mundiais.
Os anéis soturnos desse garrote reúnem – e exercem – um poder de extorsão planetária, capaz de paralisar governos e asfixiar nações.
Gente que prefere blindar automóveis a investir em infraestrutura. O Brasil tem a maior frota de carros blindados do mundo. E uns R$ 500 bi estocados em fundos de curto prazo; fora o saldo em paraísos fiscais.
Carros blindados, dinheiro parado, paraísos fiscais e urgências de investimento formam a determinação mais geral da luta política em nosso tempo.
Em Chipre, como lembra o correspondente de Carta Maior em Londres, Marcelo Justo, o capital a juros compunha uma bocarra equivalente a 67 bilhões de euros, uns US$ 90 bilhões de dólares.
Três vezes o PIB. De um país com população menor que a de Campinas.
A fome pantagruélica desse organismo requeria rações diárias indisponíveis no ambiente retraído da crise mundial.
A gula que quebrou Chipre é a mesma que já havia quebrado a Espanha, Portugal, Irlanda, Islândia e alquebrado o mercado financeiro dos EUA.
A falência cipriota assusta o mundo do dinheiro não por suas dimensões.
Mas porque ressoa o uivo cavernoso de uma bancarrota, só anestesiada a um custo exorbitante na UTI mundial das finanças desreguladas.
No Brasil o mesmo uivo assume o idioma eleitoral cifrado ao gosto do dinheiro graúdo: ‘dá para fazer mais’.
O governo Dilma acha que sim. Mas com a expansão do investimento produtivo. Não com arrocho e choque de juros.

O país ampliado por 12 anos de políticas progressistas na esfera da renda e do combate à pobreza, não cabe mais na infraestrutura concebida para 30% de sua gente.
A desproporção terá que ser ajustada em algum momento.
Como o foi, com viés progressista e investimento pesado, durante o ciclo Vargas.
Sobretudo no segundo Getúlio, nos anos 50.
Mas também o foi em 64.
Em versão regressiva feita de arrocho e repressão contra as reformas de base de Jango, no golpe que completa 49 anos neste 31 de março.
O que se assiste hoje guarda uma diferença política importante em relação ao passado.
Nos episódios anteriores, o conflito de classe entre as concepções antagônicas de desenvolvimento seria camuflado pela vulnerabilidade externa da economia.
Um Brasil estrangulado pelo desencontro entre a anemia das exportações e o financiamento das importações colidia precocemente com o seu teto de crescimento.
O gargalo do investimento se realimentava no funil das contas externas. E vice versa.
Era um prato cheio para o monetarismo posar de arauto dos interesses da Nação. E golpeá-la, com as ferramentas recessivas destinadas a congelar o baile.
'Quem está fora não entra; quem está dentro não sai'.
Durante séculos, essa foi a regra do clube capitalista brasileiro.
Hoje, embora a pauta exportadora se ressinta de temerária concentração em commodities, não vem daí o principal obstáculo ao investimento.
O país dispõe de reservas recordes (US$ 370 bi). Tem crédito farto no mercado internacional. O relógio econômico intertemporal é favorável ao financiamento de um ciclo pesado de investimentos em infraestrutura.
Quem, afinal, veria risco em financiar a sétima economia do planeta, que, em menos de uma década, estará refinando a pleno vapor as maiores descobertas de petróleo do século 21?
O desencontro entre o Brasil que somos e aquele que podemos ser deslocou-se do gargalo externo, dos anos 50/60/80 para o conflito aberto entre os interesses da maioria da sociedade e os dos detentores do capital a juro.
Assim como em Chipre, na Espanha, nos EUA ou em Paris, o rentismo aqui prefere repousar num colchão de juros reais generosos, blindado por esférico monetarismo ortodoxo.
Migrar para a esfera do investimento produtivo, sobretudo de longo prazo, como requer o país agora, não integra o seu repertório de escolhas espontâneas.
É essa prerrogativa estéril que os professores banqueiros do PSDB cobram pela boca e pelo teclado do jornalismo econômico, escandalizado com a assertiva defesa do desenvolvimento feita pela presidenta Dilma.
Presidenciáveis risonhos que se oferecem untados em molhos palatáveis às papilas monetaristas e plutocráticas vão aderir ao jogral.
“Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença está datado; é uma política superada", fuzilou Dilma.
Previsível, o dispositivo midiático tentou desqualificar o revés como se fora uma demonstração de ‘negligência com a inflação’.
Um governo que trouxe 50 milhões de pessoas para o mercado de consumo minimizaria a vigilância sobre a inflação?
Seria o mesmo que sacar contra o seu maior patrimônio político.
O governo Dilma optou por abortar as pressões de preços de curto prazo com desonerações. E enfrentar o desequilíbrio estrutural com um robusto ciclo de investimentos.
São lógicas dissociadas da receita rentista.
Aqui e alhures, a obsessão mórbida pela liquidez descolou-se da esfera patrimonial para a dos rendimentos financeiros. Não importa a que custo social ou político.
Sua característica fundamental é a preferência parasitária pelo acúmulo de direitos sobre a riqueza, sem o ônus do investimento físico na economia.
A maximização de ganhos se faz à base da velocidade e da mobilidade dos capitais, sendo incompatível com o empenho fixo em projetos de longa maturação em ferrovias, hidrelétricas ou portos.
Durante a década de 90, as mesmas vozes que hoje disparam contra o que classificam como ‘intervencionismo da Dilma’, colocaram o Estado brasileiro a serviço dessa engrenagem.
A ração dos juros oferecida no altar da rendição nacional chegou a 45%, em 1999.
Um jornalismo rudimentar no conteúdo, ressalvadas as exceções de praxe, mas prestativo na abordagem, impermeabilizou essa receita de Estado mínimo com uma camada de verniz naval de legitimidade incontrastável.
A supremacia dos acionistas e dos dividendos sobre o investimento –e a sociedade-- tornou-se a regra de ouro do noticiário econômico.
Ainda é.
A crise mundial instaurou a hora da verdade nessa endogamia entre o circuito do dinheiro e o da notícia.
Trata-se de uma crise dos próprios fundamentos daquilo que o conservadorismo entende como sendo ‘os interesses dos mercados’. Que a mídia equipara aos de toda a sociedade.
Dilma, de forma elegante, classificou essa ilação como uma fraude datada e vencida. De um mundo que trincou e aderna, desde setembro de 2008.
A pátria rentista uiva, range e ruge diante de tamanha indiscrição.
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O dossiê do Anonymous sobre Marco Feliciano


Chico Buarque mandou e-mail ao deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) para ser incluído em qualquer lista contra a permanência do deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

Anonymous Brasil
A verdade sobre Marco Feliciano


Ola, a partir deste momento iremos apresentar um dossier de uma maneira didática para qualquer um poder pesquisar nos registros públicos.
Primeiro gostaríamos de pedir que acesse este site para que vocês possam pesquisar o cnpj das empresas do senhor Marco Feliciano, para comprovar a existência das mesmas:
http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/cnpj/cnpjreva/cnpjreva_solicitacao.asp
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Empresas do Pastor:
10256613000148
10532559000116
09612147000107
04865568000126
08954263000141
A GMF consórcios parece que não foi declarada à Justiça Eleitoral.
E o mesmo faz diversas propagandas dessa empresa em seu programa, de forma que influencie seus fieis a adquirir o consórcio.
Aqui temos a declaração dos bens dele, bem como de outros políticos:
http://noticias.uol.com.br/politica/politicos-brasil/2010/deputado-federal/12101972-marco-feliciano.jhtm
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Aqui temos as Cotas para Exercício da Atividade Parlamentar, dele e de todos os deputados:
http://www2.camara.leg.br/transparencia/cota-para-exercicio-da-atividade-parlamentar
Escolha PASTOR MARCO FELICIANO
Ano/mês 12/2012 e anteriores
EX: 11/2012, clique em emissão de bilhetes aéreos, temos:
http://www2.camara.leg.br/transparencia/cota-para-exercicio-da-atividade-parlamentar/verba_indenizatoria_detalheVerbaAnalitico?nuDeputadoId=2248&numMes=11&numAno=2012&numSubCota=999
Entre essas passagens aparecem:
- Talma Bauer – Ex candidato a vereador de guarulhos. A suspeita é de que a Família Bauer patrocinou a campanha dele, agora é contratada e recebe salários e benefícios do deputado.
http://noticias.uol.com.br/politica/politicos-brasil/2008/vereador/26111951-bauer.jhtm
- Rafael Novaes é o advogado que defende a empresa do Pastor no processo de acusação de estelionato. Ao aceitar a contratação para um show no RS e não comparecer.
Aqui está o Processo:http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoDetalhe.asp?incidente=4084444
-Roberto Marinho é cantor gospel, participa dos “Shows” por todo o Brasil junto com o Pastor. Bem como da Gravação de CDs, DVDs. Encontrado facilmente no site do Pastor.
-Wagner Guerra é assessor do Pastor e também está sendo favorecido. Podemos ver como contratar o pastor aqui:
http://dicas.gospelmais.com.br/como-convidar-o-pastor-marco-feliciano-para-pregar-em-igreja-ou-evento.html
- Joelson Heber da Silva Tenório, também recebe salário e passagens. Presta assessoria religiosa no programa do pastor.
A Empresa FAVARO, como observamos em “consultoria” na cota, recebe verba do pastor, onde há também suspeita de funcionário fantasma Matheus Bauer Paparelli, neto de Talma Oliveira Bauer, que trabalha nessa empresa. Além da verba de consultoria, Matheus recebe salário mas a suspeita é que dele nem comparecer ao gabinete, ficando em guarulhos.
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Funcionários contratados pelo pastor (que são de seu programa de televisão) e o salário que recebem da câmara:
Nome Função no programa de TV Salário que recebe na Câmara
Wagner Guerra da Silva assessoria direta e imagens R$ 8.040
Talma de Oliveira Bauer assessoria política R$ 4.020
Roberto Figueira Marinho produção musical R$ 3.540
Joelson Heber da Silva Tenório assessoria religiosa R$ 3.005
Roseli Alves Octávio intercessão R$ 3.540
Wellington Josoé Faria de Oliveira direção de imagem, R$ 1.502
Onde pesquisar: Nome/mês/ano
http://www2.camara.leg.br/transpnet/consulta
Funcionário fantasma:
Marco Feliciano foi eleito para sua primeira legislatura em 2010. Sua campanha custou R$ 226,3 mil. Na lista de doações eleitorais, nove repasses foram feitos por integrantes da família Bauer, totalizando R$ 9 mil. Depois que o pastor ganhou a eleição, o policial civil de São Paulo Talma de Oliveira Bauer conseguiu o cargo de chefe de gabinete do parlamentar. Daniele Christina Bauer, parente do policial, ganhou emprego com salário de R$ 8.040.
A filha de Talma, Cinthia Bauer, também doou recursos para a campanha de Feliciano e, logo depois, trabalhou como assessora de imprensa do deputado. Fez viagens Brasil afora com passagens emitidas com a cota do gabinete. A proximidade do pastor com os integrantes da família Bauer é tamanha que, em agosto do ano passado, Feliciano gravou dentro das dependências da Câmara um vídeo em que pedia votos para Cinthia, então candidata a vereadora de Guarulhos. Assim como todo o material audiovisual do parlamentar, o trabalho teve produção da Wap TV.
Mas o caso mais grave é o de Matheus Bauer Paparelli, neto do chefe de gabinete de Feliciano. Ele é secretário parlamentar, contratado pela Câmara em novembro do ano passado, e recebe R$ 3.005,39 mensais. Mas o jovem formado em direito dá expediente a 1.170km do Congresso: ele é funcionário do escritório Fávaro e Oliveira Sociedade de Advogados.
Ligamos para a firma e foi o próprio Matheus quem atendeu o telefonema. Questionado se ele também era funcionário do gabinete do pastor Marco Feliciano, ele disse que a ligação estava ruim e desligou. Depois, não atendeu mais as chamadas. O escritório Fávaro e Oliveira recebeu R$ 35 mil da Câmara entre setembro de 2011 e setembro de 2012, por meio de repasses da cota parlamentar de Marco Feliciano. Ao todo, o pastor gastou R$ 306,4 mil de sua cota em 2012, valor bem próximo do limite permitido pelas regras da Câmara para os parlamentares paulistas, que é de R$ 333,2 mil.
Com verba pública:
Confira alguns casos de funcionários lotados e de contratação de empresas pelo gabinete do deputado Marco Feliciano
» O advogado Rafael Novaes da Silva, contratado pelo gabinete da Câmara e pago com recursos públicos, defende a empresa Marco Feliciano Empreendimentos Culturais e Eventos, do próprio deputado, em um processo que tramita no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Ele assumiu a causa depois de ter tomado posse como funcionário do gabinete.
» O produtor de tevê Welington Josoé Faria de Oliveira é contratado da Câmara dos Deputados e recebe salário com recursos públicos. Mas trabalha como produtor de tevê dos programas pessoais do pastor Marco Feliciano, sob o codinome Well Wap.
» O advogado Anderson Pomini defendeu Marco Feliciano em um processo de impugnação contra a sua candidatura, antes das eleições. Depois de conseguir liberar o pastor para disputar o pleito, a empresa Pomini Advogados Associados recebeu R$ 21 mil em três repasses de R$ 7 mil, em fevereiro, março e abril de 2011, logo depois que Feliciano tomou posse.
» O policial civil e pastor Talma Bauer e sua família estão entre os que mais doaram recursos para a campanha do pastor Marco Feliciano. Depois da eleição, ele assumiu cargo no gabinete, assim como sua filha, Cinthia Brenand Bauer, que também doou recursos e depois foi nomeada como assessora. Há outras duas pessoas que são parentes de Talma Bauer contratadas pelo gabinete de Marco Feliciano.
» O deputado Marco Feliciano emprega cantores gospel que participaram da gravação dos seus CDs. Um deles, Roberto Marinho, afirma em sua página pessoal que a função dele como braço direito do pastor é acompanhá-lo “nas viagens de ministrações pelo Brasil e pelo mundo”.
» Matheus Bauer Paparelli, neto de Talma, é um funcionário fantasma do gabinete do deputado Marco Feliciano. Apesar de ser contratado pela Câmara com salário de R$ 3.005,39, ele dá expediente diariamente no escritório Fávaro e Oliveira Sociedade de Advogados, que fica em Guarulhos. A reportagem gravou uma conversa com ele, em que Matheus confirma que trabalha mesmo no escritório de advocacia. Essa empresa recebeu R$ 35 mil em recursos da Câmara dos Deputados entre setembro de 2011 e setembro de 2012.
E por ultimo mas não menos importante segue algumas palavras do senhor Marco Feliciano:
“Serei candidato a Deputado Federal por São Paulo porque tenho um compromisso, inicialmente, com o Senhor, para agir na administração pública com lisura e honestidade, sempre tendo como base os princípios bíblicos, pilares básicos de uma sociedade temente a Deus.”
“Vamos juntos lutar por um Brasil melhor, por uma Igreja forte, unida alcançando a função de transformar vidas. Precisamos de liberdade, de apoio constitucional e legal para levarmos o evangelho de forma genuína. Precisamos de legisladores que legislem com os princípios do Reino.
Serei um profeta no Congresso Nacional, pois coragem e temor a Deus não me faltam. Lembro que estarei político, mas sempre serei pastor, pois não existe ex-ungido. “
fonte: http://www.marcofeliciano2010.com.br/?p=150
Com base nas próprias palavras do senhor Marco Feliciano podemos constar que o mesmo estas a querer transformar o Brasil em uma grande igreja, e FODA-SE o estado laico =)
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quarta-feira, 27 de março de 2013

NAZIJORNALISMO


Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins.  Existem, sim, cretinos adultos
Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins. Existem, sim, cretinos adultos.


A violência do CQC contra o deputado José Genoíno alcançou, essa semana, um grau de bestialidade que não pode ser dimensionado à luz do humorismo, muito menos no campo do jornalismo. Isso porque o programa apresentado por Marcelo Tas, no comando de uma mesa onde se perfilam três patetas da tristeza a estrebuchar moralismos infantis, não é uma coisa nem outra.
Não é um programa de humor, porque as risadas que eventualmente desperta nos telespectadores não vem do conforto e da alegria da alma, mas dos demônios que cada um esconde em si, do esgoto de bílis negra por onde fluem preconceitos, ódios de classe e sentimentos incompatíveis com o conceito de vida social compartilhada.
Não é jornalismo, porque a missão do jornalista é decodificar o drama humano com nobreza e respeito ao próximo. É da nobre missão do jornalismo equilibrar os fatos de tal maneira que o cidadão comum possa interpretá-los por si só, sem a contaminação perversa da demência alheia, no caso do CQC, manipulada a partir dos interesses de quem vê na execração da política uma forma cínica de garantir audiência.
A utilização de uma criança para esse fim, com a aquiescência do próprio pai, revela o grau de insanidade que esse expediente encerra. O que se viu ali não foi apenas a atuação de um farsante travestido de jornalista a fazer graça com a desgraça alheia, mas a perpetuação de um crime contra a dignidade humana, um atentado aos direitos humanos que nos coloca, a todos, reféns de um processo de degradação social liderado por idiotas com um microfone na mão.
A inclusão de um “repórter-mirim” é, talvez, o elemento mais emblemático dessa circunstância, revelador do desrespeito ao ofício do jornalismo, embora seja um expediente comum na imprensa brasileira. Por razões de nicho e de mercado, diversos veículos de comunicação brasileiros têm lançado, ao longo do tempo, mão dessa baboseira imprestável, como se fosse possível a uma criança ser repórter, ainda que por brincadeira.
Jornalismo é uma profissão de uma vida toda, a começar da formação acadêmica, a ser percorrida com dificuldade e perseverança. Dar um microfone a uma criança, ou usá-la como instrumento pérfido de manipulação, como fez o CQC com José Genoíno, não faz dela um repórter – e, provavelmente, não irá ajudá-la a construir um bom caráter. É um crime e espero, sinceramente, que alguma medida judicial seja tomada a respeito.
Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins.
Existem, sim, cretinos adultos.
E, a estes, dedico o meu desprezo e a minha repulsa, como cidadão e como jornalista.

PS: o CQC usou uma criança para humilhar Genoino. Que grande exemplo de cidadania esse menino recebeu. Aprendeu a tripudiar, a humilhar, a mentir e a ignorar os direitos e os sentimentos de um semelhante. Terá uma longa carreira na mídia que gerou a ditadura anterior, a qual não se limitou a torturar Genoino psicologicamente como fez o CQC.
Se tiver estômago, assista, abaixo, a uma legítima sessão de tortura.

A entrevista de Lula ao jornal Valor


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o Valor num hotel na zona sul de São Paulo depois do seminário "Novos Desafios da Sociedade", promovido pelo jornal.  

Por Vera Brandimarte, Cristiane Agostine e Maria Cristina Fernandes 

Valor: Como está sua saúde?

Luiz Inácio Lula da Silva:
Agora estou bem. Há um ano vou à fisioterapia todos os dias às 6h da manhã. Minha perna agora está 100%. Estou com 84 quilos. É 12 a menos do que já pesei mas é oito a mais do que cheguei a ter. Não tem mais câncer, mas a garganta leva um bom tempo para sarar. A fonoaudióloga diz que é como se fosse a erupção de um vulcão. Tem uma pele diferenciada na garganta que leva tempo para cicatrizar. Quando falo dá muita canseira na voz. Já tenho 67 anos. Não é mais a garganta de uma pessoa de 30 anos.

Valor:O senhor deixou de fumar e beber?

Lula
: Não dá mais porque irrita a garganta.

Valor:Dois anos e três meses depois do início do governo Dilma, qual foi seu maior acerto e principal erro?

Lula:
Quando deixei a Presidência, tinha vontade de dar minha contribuição para a Dilma não me metendo nas coisas dela. E acho que consegui fazer isso quando viajei 36 vezes depois de deixar o governo. Fiquei um ano imobilizado por causa do câncer. 
Estou voltando agora por uma coisa mais partidária. Sinceramente acho que no meu governo eu deixei muita coisa para fazer. Por isso foi importante eleger a Dilma, para ela dar continuidade e fazer coisas novas. O Brasil nunca esteve em tão boas mãos como agora. 
Nunca esse país teve uma pessoa que chegou na Presidência tão preparada como a Dilma. Tudo estava na cabeça dela, diferentemente de quando eu cheguei, de quando chegou Fernando Henrique Cardoso. Você conhece as coisas muito mais teóricas do que práticas. 
E ela conhecia por dentro. Por isso que estou muito otimista com o sucesso da Dilma e ela está sendo aquilo que eu esperava dela. Foi um grande acerto. Tinha obsessão de fazer o sucessor. Eu achava que o governante que não faz a sucessão é incompetente.

Valor: A presidente baixou os juros, desonerou a economia, reduziu tarifas de energia e apreciou o câmbio. Ainda assim não se nota entusiasmo empresarial por seu governo ou sua reeleição. A que o senhor atribui a insatisfação? Teme-se que esse governo não tenha uma política anti-inflacionária tão firme ou é pela avaliação de que o governo Dilma seja intervencionista?

Lula:
Não creio que haja má vontade dos empresários com a presidente. Passamos por algumas dificuldades em 2011 e 2012 em função das políticas de contração para evitar a volta da inflação. Foi preciso diminuir um pouco o crédito e aí complicou um pouco, mas Dilma tem feito a coisa certa. Agora tem conversado mais com setores empresariais. Acho que os empresários brasileiros, e eu vivi isso oito anos assim como Fernando Henrique também viveu, precisam compreender que uma economia vai ter sempre altos e baixos. Não é todo dia que a orquestra vai estar sempre harmônica. 
O importante é não perder de vista o horizonte final. 
O Brasil está recebendo US$ 65 bilhões de investimento direto. Então não dá para se ter qualquer descrença no Brasil nesse momento. Nunca os empresários brasileiros tiveram tanto acesso a crédito com um juro tão baixo. Vamos supor que a Dilma não tivesse a mesma disposição para conversar que eu tinha. Por razões dela, sei lá. O dado concreto é que, de uns tempos para cá, a Dilma tem colocado na agenda reuniões com empresários e partidos políticos.

Valor: Os empresários acham que ela é ideológica demais...

Lula:
O que é importante é que ela não perde suas convicções ideológicas, mas não perde o senso prático para governar o país. Ela não vai governar o país com ideologia. Se alguém ainda aposta no fracasso da Dilma, pode começar a quebrar a cara. Ela tem convicção do que quer. Esses dias liguei para ela e disse para tomar cuidado para não passar dos 100%. Porque há espaço para ela crescer. Vai acontecer muito mais coisa nesse país ainda. Não adianta torcer para não ter sucesso. Não há hipótese de o Brasil não dar certo.

Valor: A queixa é de que tudo que eles [os empresários] precisam têm que falar com a presidente porque os ministros não têm autonomia para decidir, ela não delega. É isso?

Lula:
Se isso foi verdade, já acabou. Sinto, nos últimos meses, que a Dilma tem feito muito mais reuniões. Tem soldado muito mais o governo. A pesquisa mostra que o governo vem crescendo e vai chegar perto dela nas pesquisas. E os ajustes vão acontecendo. É a primeira vez que a gente tem uma mulher. 
O papel dela não é tão fácil quanto o meu porque 99% das pessoas que recebia eram homens, e homem fala coisa que mulher não pode falar, conta piada. Não há hábito do homem ainda perceber a mulher num cargo mais importante. Mas os homens vão ter que se acostumar. 
Uma mulher não pode se soltar numa reunião onde só tenha homem. Então acho que as pessoas têm que aprender a gostar das outras pessoas como elas são. A Dilma é assim e é assim que ela é boa para o Brasil. A mesma coisa é a Graça [Foster]. É uma mulher muito respeitada também. Não brinca nem é alegre, mas cada um tem seu jeito de ser.

Valor: Seu governo viabilizou projetos essenciais para o rumo que a economia pernambucana tomou, como o polo petroquímico e a fábrica da Fiat. A pré-candidatura Eduardo Campos, que agrega adversários fidagais de seu governo, como Jarbas Vasconcelos e Roberto Freire, e anima até José Serra, é uma traição?

Lula:
Não. Minha relação de amizade com Eduardo Campos e com a família dele, que passa pela mãe, pelo avô e pelos filhos, é inabalável, independentemente de qualquer problema eleitoral. Eu não misturo minha relação de amizade com as divergências políticas. Segundo, acho muito cedo pra falar da candidatura Eduardo. Ele é um jovem de 40 e poucos anos. 
Termina seu mandato no governo de Pernambuco muito bem avaliado. Me parece que não tem vontade de ser senador da República nem deputado. O que é que ele vai ser? Possivelmente esteja pensando em ser candidato para ocupar espaço na política brasileira, tão necessitada de novas lideranças. 
Se tirar o Eduardo, tem a Marina que não tem nem partido político, tem o Aécio que me parece com mais dificuldades de decolar. Então é normal que ele se apresente e viaje pelo Brasil e debata. Ainda pretendo conversar com ele. A Dilma já conversou e mantém uma boa relação com ele.
"Ainda é cedo para falar de Eduardo candidato, mas se ele for não é da minha índole tentar demover candidaturas"

Valor: O Fernando Henrique teve como candidato um ministro e o senhor também. O senhor acha que ainda é possível demover Eduardo Campos com a proposta de que ele se torne um ministro importante no governo Dilma e depois seu candidato? É possível se comprometer com quatro anos de antecedência?

Lula:
Somente Dilma é quem pode dizer isso. Não tenho procuração nem do Rui Falcão [presidente do PT] nem da Dilma para negociar qualquer coisa. Vou manter minha relação de amizade com Eduardo Campos e minha relação política com ele. 
Até agora não tem nada que me faça enxergá-lo de maneira diferente da que enxergava um ano atrás. Se ele for candidato vamos ter que saber como tratar essa candidatura. O Brasil comporta tantos candidatos. Já tive o PSB fazendo campanha contra mim. 
O Garotinho foi candidato contra mim. O Ciro também. E nem por isso tive qualquer problema de amizade com eles. Candidaturas como a do Eduardo e da Marina só engrandecem o processo democrático brasileiro. O que é importante é que não estou vendo ninguém de direita na disputa.

Valor: Já que o senhor tem uma relação tão forte de amizade com ele, vai pedir para Eduardo Campos não se candidatar?

Lula:
Não faz parte da minha índole pedir para as pessoas não se candidatarem porque pediram muito para eu não ser. Se eu não fosse candidato eu não teria ganho. Precisei perder três eleições para virar presidente. Eu não pedirei para não ser candidato nem para ele nem para ninguém. 
A Marina conviveu comigo 30 anos no PT, foi minha ministra o tempo que ela quis, saiu porque quis e várias pessoas pediram para eu falar com ela para não ser candidata e eu disse: "Não falo". 
Acho bom para a democracia. E precisamos de mais lideranças. O que acho grave é que os tucanos estão sem liderança. Acho que Serra se desgastou. Poderia não ter sido candidato em 2012. 
Eu avisei: não seja candidato a prefeito que não vai dar certo. Poderia estar preservado para mais uma. Mas Serra quer ser candidato a tudo, até síndico do prédio acho que ele está concorrendo agora. E o Aécio não tem a performance que as pessoas esperavam dele.

Valor: Quem é o adversário mais difícil da presidente: Aécio, Marina ou Eduardo?

Lula:
Não tem adversário fácil. O que acho é que Dilma vai chegar na eleição muito confortável. Se a gente trabalhar com seriedade, humildade e respeitando nossos adversários e a economia estiver bem, com a inflação controlada e o emprego crescendo, acho que certamente a Dilma tem ampla chance de ganhar no primeiro turno.

Valor: Como vai ser sua atuação na campanha de 2014? Vai atuar mais nos bastidores, na montagem das alianças, ou vai subir em palanque em todos os Estados?

Lula:
Eu quero palanque.

Valor: Vai subir em Pernambuco e pedir votos para Dilma?

Lula:
Vou. Vou lá, vou em Garanhuns, vou no Rio, São Paulo, na Paraíba, em Roraima...

Valor: Seus médicos já liberaram?

Lula:
Já. Se eu não puder eu levo um cartaz dela na mão (risos). Não tem problema. Acho que ela vai montar uma coordenação política no partido e eu não sou de trabalhar bastidores. Eu quero viajar o país.

Valor: Nem às costuras de alianças o senhor vai se dedicar?

Lula:
Não precisa ser eu. O PT costura.

Valor: Quais são as alianças mais difíceis? Como resolver o problema do Rio?

Lula:
No Rio tem uma coisa engraçada porque nós temos o Pezão, que é uma figura por quem eu tenho um carinho excepcional. Nesses oito anos aprendi a gostar muito do Pezão, um parceiro excepcional. E tem o Lindbergh.

Valor: Ele disse que vai fazer o que o senhor mandar...

Lula:
Não é bem assim. Eu não posso tirar dele o direito de ser candidato. Ele é um jovem talentoso, um encantador de serpentes, como diriam alguns, com uma inteligência acima da média, com uma vontade de trabalhar, como poucas vezes vi na vida. 
Ele quer ser. Cabe ao partido sempre tratar com carinho, porque nós temos que ter sempre como prioridade o projeto nacional. Ou seja: a primeira coisa é a eleição da Dilma. Não podemos permitir que a eleição da Dilma corra qualquer risco. 
Não podemos truncar nossa aliança com o PMDB. Acho que o PT trabalha muito com isso e que Lindbergh pode ser candidato sem causar problema. Acho que o Rio vai ter três ou quatro candidaturas e ele, certamente, vai ser uma candidatura forte. Obviamente Pezão será um candidato forte, apoiado pelo governador e pela prefeitura. Na minha cabeça o projeto principal é garantir a reeleição de Dilma. É isso que vai mudar o Brasil.

Valor: Aqui em São Paulo o candidato é o Padilha?

Lula: O
lha, acho que a gente não tem definição de candidato ainda. Você tem Aloizio Mercadante, que na última eleição teve 35% dos votos, portanto ele tem performance razoável. Tem o Padilha, que é uma liderança emergente no PT, que está em um ministério importante. 
Tem a Marta que eu penso que não vai querer ser candidata desta vez. Tem outras figuras novas como o Luiz Marinho, que diz que não quer ser candidato. Tem o José Eduardo Cardozo, que vira e mexe alguém diz que vai ser candidato e você pode construir aliança com outros partidos políticos. Para nós a manutenção da aliança com o PMDB aqui em São Paulo é importante.

Valor: Isso passa até pelo PT aceitar um candidato do PMDB?

Lula:
Se tiver um candidato palatável, sim. Nós nunca tivemos tanta chance de ganhar a eleição em São Paulo como agora. A minha tese é a mesma da eleição de Fernando Haddad. Ou seja, alguém que se apresente com capacidade de fazer uma aliança política além dos limites do PT, além dos limites da esquerda. Como é cedo ainda, temos um ano para ver isso. Eu fico olhando as pessoas, vendo o que cada um está fazendo. E pretendo, se o partido quiser me ouvir, dar um palpite.

Valor: Em 2012, em São Paulo, o senhor defendeu a renovação do partido, com um candidato novo. Essa fórmula será mantida para o governo do Estado?

Lula:
Hoje temos condições de ver cientificamente qual é o candidato que o povo espera. Por exemplo, quando Haddad foi candidato a prefeito, eu nunca tive qualquer preocupação. Todas as pesquisas que a gente trabalhava, as qualitativas que a gente fazia, toda elas mostravam que o povo queria um candidato como ele. Então era só encontrar um jeito de desmontar o Russomanno, que em algum lugar da periferia se parecia com o candidato do PT. 
Na época eu não podia nem fazer campanha direito. Estava com a garganta inchada. Eu subia no caminhão para fazer discurso sem poder falar, mas era necessário convencer as pessoas de que o candidato do PT era o Haddad, não era o Russomanno. Quando isso engrenou, o resto foi mais tranquilo. Para o governo do Estado é a mesma coisa. Não é quem sai melhor na pesquisa no começo. É quem pode atender os anseios e a expectativa da sociedade.

Valor: E quem pode?

Lula: Não sei. Temos que ter muito critério na escolha. A escolha não pode ser em função só da necessidade da pessoa, de ela querer ser. Tem que ser em função daquilo que é importante para construir um leque de aliança maior. Temos que costurar aliança, temos que trazer o PTB, manter o Kassab na aliança e o PMDB. Precisamos quebrar esse hegemonismo dos tucanos aqui em São Paulo, porque eles juntam todo mundo contra o PT. Precisamos quebrar isso. Acho que temos todas as condições.

Valor: Desde que deixou a Presidência, o senhor tem sido até mais alvejado que a presidente. Foi acusado de tentar manter a chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo. Agora foi acusado de ter suas viagens financiadas por empreiteiras. Como o senhor recebe essas críticas e como as responde?

Lula:
Quando as coisas são feitas de muito baixo nível, quando parecem mais um jogo rasteiro, eu não me dou nem ao luxo de ler nem de responder. Porque tudo o que o Maquiavel quer é que ele plante uma sacanagem e você morda a sacanagem. É que nem apelido: se eu coloco um apelido na pessoa e a pessoa fica nervosa e começa a xingar, pegou o apelido. Se ela não liga, não pegou o apelido. Tenho 67 anos de idade. Já fiz tudo o que um ser humano poderia fazer nesse país. 
O que faz um presidente da República? Como é que viaja um Clinton? A serviço de quem? Pago por quem? Fernando Henrique Cardoso? Ou você acha que alguém viaja de graça para fazer palestra para empresários lá fora? Algumas pessoas são mais bem remuneradas do que outras. E eu falo sinceramente: nunca pensei que eu fosse tão bem remunerado para fazer palestra.
 Sou um debatedor caro. E tem pouca gente com autoridade de ganhar dinheiro como eu, em função do governo bem-sucedido que fiz neste país. Contam-se nos dedos quantos presidentes podem falar das boas experiências administrativas como eu. 
Quando era presidente, fazia questão de viajar para qualquer país do mundo e levar empresários, porque achava que o presidente pode fazer protocolos, assinar acordo de intenções, mas quem executa a concretude daquilo são os empresários. Viajo para vender confiança. Adoro fazer debate para mostrar que o Brasil vai dar certo. 
Compre no Brasil porque o país pode fazer as coisas. Esse é o meu lema. Se alguém tiver um produto brasileiro e tiver vergonha de vender, me dê que eu vendo. Não tenho nenhuma vergonha de continuar fazendo isso. Se for preciso vender carne, linguiça, carvão, faço com maior prazer. Só não me peça para falar mal do Brasil que eu não faço isso. 
Esse é o papel de um político que tem credibilidade. Foi assim que ganhei a Olimpíada, a Copa do Mundo. Quando Bush veio para cá e fomos a Guarulhos, disse a ele que era para tirarmos fotografia enchendo um carro de etanol. 
Tinham dois carros, um da Ford e um da GM, e ele falou: "Eu não posso fazer merchandising". Eu disse: "Pois eu faço das duas". Da Ford e da GM. E o Bush tirou foto com chapéu da Petrobras. Sem querer ele fez merchandising da Petrobras. Você sabe que eu fico com pena de ver uma figura de 82 anos como o Fernando Henrique Cardoso viajar falando que o Brasil não vai dar certo. Fico com pena.

Valor: O senhor acha que São Paulo corre risco de perder a abertura da Copa porque o Banco do Brasil não vai liberar dinheiro sem garantias?

Lula:
Sinceramente não acredito que as pessoas que fizeram o sacrifício para chegar onde chegaram vão se permitir morrer na praia agora. A verdade é que o Corinthians precisa de um estádio de futebol independentemente de Copa do Mundo. São Paulo não pode ficar fora da Copa. Acho que seria um prejuízo enorme do ponto de vista político e simbólico o Estado mais importante da Federação, com os times mais importantes da Federação - com respeito ao Flamengo - esteja fora da Copa do Mundo. É impensável. Eles que tratem de arranjar uma solução.

Valor: O senhor voltará à política em 2018?

Lula:
Não volto porque não saí.

Valor: Voltará a se candidatar?

Lula:
Não. Estarei com 72 anos. Está na hora de ficar quieto, contando experiência. Mas meu medo é falar isso e ler na manchete. Não sei das circunstâncias políticas. Vai saber o que vai acontecer nesse país, vai que de repente eles precisam de um velhinho para fazer as coisas. Não é da minha vontade. Acho que já dei minha contribuição. Mas em política a gente não descarta nada.

Valor: Que análise o senhor faz do julgamento do mensalão?

Lula:
Não vou falar por uma questão de respeito ao Poder Judiciário. O partido fez uma nota que eu concordo. Vou esperar os embargos infringentes. Quando tiver a decisão final vou dar minha opinião como cidadão. Por enquanto vou aguardar o tribunal. Não é correto, não é prudente que um ex-presidente fique dizendo "Ah, gostei de tal votação", "Tal juiz é bom". Não vou fazer juízo de valor das pessoas. Quando terminar a votação, quando não tiver mais recursos vou dizer para você o que é que eu penso do mensalão.
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CONTRA A PEC DAS DOMÉSTICAS, BOLSONARO PERDE A EMPREGADA


O deputado Jair Bolsonaro perdeu sua empregada esta semana 

Saiu no Extra: JAIR BOLSONARO, DEPUTADO CONTRÁRIO À PEC DAS DOMÉSTICAS, PERDE A EMPREGADA

Ontem, dia em que a PEC das Domésticas foi votada no Senado, Eliana Monteiro, de 46 anos, começou em um novo emprego. Ex-empregada do deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ) – contrário à proposta -, Eliana pediu dispensa da casa do parlamentar anteontem.
Não por discordar da opinião do patrão sobre a ampliação dos direitos da categoria, mas porque vai registrar na carteira de trabalho um polpudo aumento salarial de 33%. A arrumadeira conseguiu um emprego em que ganhará R$ 2 mil, em lugar dos R$ 1.500 que recebia na casa do político, além de manter os mesmos benefícios concedidos. 
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Chávez por García Márquez

O escritor colombiano Gabriel García Márquez conheceu o líder venezuelano em Havana, ao redor de diferentes compromissos com Fidel Castro.

Desde 5 de março, abundam no planeta midiático as notícias, os artigos e as análises sobre o panorama político da Venezuela. 
Textos que provavelmente estavam prontos e engavetados, à espera do anúncio da morte de Hugo Chávez. 
Também não faltam as tentativas de biografar a trajetória do presidente para chegar ao poder, de imaginar o chavismo sem Chávez e de resgatar fatos históricos que talvez lancem uma luz sobre o futuro do país. 
Grande parte desse esforço é válido, mas uma pergunta continua ecoando sem resposta: quem era Chávez?
É importante ressaltar: nem todas as perguntas foram feitas para ser simplesmente respondidas.
Embora seguir os rastros de 100% delas seja sem dúvida o que há de mais relevante na nossa existência aqui, neste mesmo planeta onde somos varridos por uma enxurrada de notícias que serão rapidamente esquecidas, como água de chuva.
Passeando pela internet em busca de um esforço mais humano e portanto talvez mais perene de perfilar o Hugo, eis que me encontro com um texto em espanhol que anda circulando muito ultimamente, com o título original de “O enigma dos dois Chávez”.
Data de 1999, quando Chávez foi eleito democraticamente presidente pela primeira vez, e seu autor é alguém sabe bem como se inventam os grandes personagens: o escritor colombiano Gabriel García Márquez.
García Márquez e Chávez se conheceram em Havana, ao redor de diferentes compromissos de um e de outro com Fidel Castro. Subiram juntos a um avião da Força Aérea Venezuelana para viajar a Caracas, e aproveitaram as horas mortas para falar da vida.
Como bem se sabe, um político talentoso sabe falar, e um bom escritor sabe ouvir. O que era um bate-papo virou “uma boa experiência de repórter em repouso”, conforme escreveu García Márquez, e, para nós, um par de linhas capazes de invocar a sensação de que Chávez era uma pessoa e não somente o primeiro dos chavistas.
Era inevitável para o colombiano não pensar em 4 de fevereiro de 1992, e ele trouxe para o papo a ocasião em que Chávez liderou um levante cívico-militar contra o governo venezuelano daquele então. Já naquele tempo, comenta García Márquez, difundia-se “a imagem de déspota através dos meios”, e ele se sentia influenciado por ela, ainda que quisesse ampliá-la.
“Chávez se rendeu, com a condição de que o deixassem dirigir-se, ele também, ao povo por televisão (...).
O jovem coronel venezuelano, com boina de paraquedista e sua admirável facilidade de palavra assumiu a responsabilidade do movimento”, escreve García Márquez sobre o discurso da derrota que muitos acreditam ter sido, na verdade, o primeiro passo da campanha que embalou sua eleição menos de nove anos depois.
O texto, de maneira geral, se vale se um par de episódios marcantes na vida de Chávez - o levante de 1992, a fundação do movimento bolivariano no qual se associou com colegas militares, o impacto que teve a morte de Salvador Allende para seu despertar político, sua tentativa de resgatar o legado ao bisavô, suposto guerreiro em prol de causas inspiradas também por Simón Bolívar - para contar entre uma linha e outra amenidades que desenham um ser humano.
Descobrimos, talvez já sabendo de um ou outro detalhe, que Chávez foi filho de professores de primária, que vendeu doces e frutas no semáforo, era leonino (“signo do poder”), recitava de memória poemas de Neruda e de Walt Whitman, foi pintor de quadros, músico de serenatas, jogador de beisebol e sempre um pouco obcecado em cada tarefa que se impunha.
De que serve tudo isso? Politicamente, de nada. Mas aí resgatamos a ideia de uma esquecida condição humana e lembramos que quem não resistiu a um câncer no último 5 de março foi uma pessoa. 
A viagem de García Márquez no avião a Caracas se deu justamente a isso: descobrir o homem, sem ter que eliminar o personagem. “Me estremeceu a inspiração de ter viajado e conversado a gosto com dois homens opostos. Um a quem a sorte inveterada oferecia a oportunidade de salvar seu país. E o outro, um ilusionista, que podia passar à história como um déspota mais”, conclui o escritor.
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Brics anunciam criação de banco de desenvolvimento próprio


Chefes de estado anunciam banco próprio do Brics. Mais de 50 bilhões de dólares vão ser investidos.

O grupo de países emergentes conhecido como Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) aprovou nesta quarta-feira (27/03), em Durban, na África do Sul, a criação de um banco de desenvolvimento comum. O anúncio foi feito nesta manhã pelo presidente sul-africano, Jacob Zuma, no último dia da reunião de cúpula entre os cinco membros.

"Decidimos criar um novo banco de desenvolvimento", declarou Zuma na sessão plenária da 5ª Cúpula anual das cinco principais economias emergentes do mundo.
A nova instituição bancária terá os mesmos moldes do Banco Mundial. Cada país que integra o bloco deverá destinar pelo menos 10 bilhões de dólares para formar o capital inicial da instituição, que deve chegar a 50 bilhões de dólares. O banco centrará as ações no financiamento de projetos de infraestrutura.
Outra proposta acordada foi a criação de um fundo, estimado em 100 bilhões de dólares, para ajudar países emergentes com problemas financeiros.
Após anunciar nesta terça-feira(26) um acordo comercial com a China de cerca 60 bilhões de dólares, a presidente Dilma Rousseff disse que a criação do "Banco do Brics" vai colaborar para o desenvolvimento da região e dos demais países emergentes.
“É um banco talhado para as nossas necessidades. Temos de estreitar laços e criar mecanismos de apoio mútuos”, destacou a presidente. “É um mecanismo de estabilidade que pode criar linhas recíprocas de crédito, fortalecendo a solidez do mercado internacional.”
A ideia é que a nova instituição bancária seja uma espécie de alternativa ao Banco Mundial e ao FMI (Fundo Monetário Internacional). Dilma destacou também a importância de manter uma posição de otimismo, mesmo diante das dificuldades causadas pela crise econômica internacional, que atinge principalmente os 17 países da zona do euro.
“Devemos ter o otimismo e o dinamismo, reiterar a confiança e manter uma atitude contra o pessimismo e a inércia que atingem outras regiões. Vamos responder a essa crise com vigor”, disse a presidenta que também elogiou a criação de um fundo para ajudar os países emergentes.
Na reunião de hoje entre os chefes de estado, ela ratificou que o principal desafio do Brics, agora, é superar as dificuldades econômicas e sociais para atingir o mesmo nível dos países desenvolvidos. Dilma reiterou que a crise econômica, que afeta principalmente os europeus, não pode contagiar o Brics e os países emergentes.
“Não podemos permitir que os problemas dos países avançados criem obstáculos para os nossos países. Nosso desafio é encontrar um caminho mais vigoroso”, ressaltou.
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Lula defende Constituinte para reforma política: 'Congresso não irá votá-la'


Caso contrário, acredita que não haverá 'moralização' no sistema partidário e eleitoral brasileiro. 'Só não pode continuar do jeito que está', diz ex-presidente.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (26) em São Paulo que, caso o Congresso não consiga votar uma reforma política, o sistema eleitoral e partidário do país deveria ser modificado por uma Constituinte.
O petista afirmou ainda que o Brasil necessita urgentemente implementar o financiamento público de campanhas e transformar o financiamento privado em crime inafiançável. Caso contrário, continua, não haverá moralização na política.
"Acho que se, o Congresso não votar uma reforma política, teríamos de chamar uma Constituinte apenas pra fazê-la. Só não pode continuar do jeito que está", afirmou, defendendo a importância de que os partidos brasileiros sejam fortes e representativos  "Não podemos mais ter legenda de aluguel, só pra disputar eleição, vender horário eleitoral ou fazer negociata no Congresso. Como o próprio nome diz, os partidos têm que representar uma parte da sociedade."
Lula participou do seminário "Novos Desafios da Sociedade", realizado pelo jornal Valor Econômicona zona sul de São Paulo. Na ocasião, ele lembrou que, quando exerceu a Presidência, enviou algumas propostas de reforma política para o Congresso – que nunca foram votadas.
Algumas permanecem na pauta do Legislativo, mas, para o petista, a situação atual continua desfavorável. "Não acredito que votem porque as pessoas que estão lá querem continuar nostatus quo que existe hoje."
Em diálogo com o ex-premiê da Espanha Felipe González que também participou do evento, Lula avaliou que a Europa vive um momento de crise de representatividade dos partidos políticos em relação à sociedade. "Houve uma perda de referência em relação às demandas das pessoas", disse, em referência indireta aos pacotes de austeridade aplicados pelos governo apesar da intensa oposição social e dos prejuízos trazidos à população. "No Brasil, felizmente, temos avançado nesse sentido."
Nesse sentido, Lula advertiu que é preciso estar alerta com os candidatos que se arvoram no combate à corrupção e utilizam princípios morais como eixo de suas campanhas. "Cuidado, porque eles podem ser piores dos que estão acusando." O petista reconheceu que, desde a eleição de Fernando Collor, repleta de problemas, os sucessivos resultados das urnas representaram um avanço para a democracia do país.
"Acho que a eleição do Fernando Henrique Cardoso foi um avanço para a democracia do país. Em 1985, a elite paulista não votou nele pra prefeitura porque achava que ele era comunista", resgatou. "Depois veio minha eleição, e foi um passo importante. Houve uma alternância dos setores sociais que governam o país. E agora consagramos com a vitória da Dilma Rousseff. Muitos especialistas jamais imaginavam que o Brasil estivesse preparado para eleger uma mulher presidenta."
Lula vislumbra uma América do Sul repleta de governantes do sexo feminino. "Se Deus quiser, a Michelle Bachelet voltará à Presidência do Chile e então teremos também Dilma, Cristina Kirchner, e no Peru se insinua a candidatura da esposa do presidente Ollanta Humala", citou. "Logo teremos uma maioria de mulheres governando a região e será importante como experiência política."
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Cacique Crisomar da terra indígena maró é encontrado morto


Por Fabio Pena da Rede Mocoronga

O cacique Manoel Crisomar dos Santos Costa, 60 anos, da Aldeia São José 3 na região da Gleba Nova Olinda, no Rio Maró, em Santarém/ PA foi encontrado morto hoje, dia 26/03 em igarapé nas proximidades de sua aldeia.
Ele estava desaparecido desde o último sábado, dia 23, quando, segundo familiares, saiu para visitar parentes que moravam no outro lado do rio da comunidade.
Com a demora em sua volta, seus parentes iniciaram as buscas para encontrá-lo.
Após horas percorrendo a região da comunidade, a canoa que ele usava habitualmente foi avistada, e um pouco mais à frente, estava o corpo do cacique.
Popularmente conhecido como Tracajá, Manoel Crisomar foi uma liderança forte que lutava pela união da comunidade, pela preservação de suas tradições e da floresta em que vivia.
Foi lutador incansável pela criação da Terra Indígena Maró, que já passou pelo processo de identificação (reconhecimento da etnia Arapium) e delimitação da área a ser demarcada, na região conhecida como Gleba Nova Olinda.
Em função da luta das comunidades pela criação da terra indígena, a região vive momentos de tensão e conflitos que envolvem lideranças comunitárias e empresas interessados na exploração da madeira na região. Algumas lideranças foram ameaçadas, como Odair Borari, da Aldeia Novo Lugar, que anda com escolta policial.
Não se sabe as causas da morte, mas por se tratar de uma região conflituosa, e por envolver um liderança indígena, o Ministério Público Federal solicitou que a Polícia Federal investigasse as causas da morte. Uma equipe da PF e do Instituto Médico Legal deve seguir amanhã para a comunidade para apurar os fatos.
Uma equipe do Projeto Saúde & Alegria e outras organizações sociais de Santarém também segue amanhã para São José para prestar solidariedade à família e à comunidade e acompanhar a apuração.
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Julia Gabriele, 11 anos, execrada publicamente nas redes sociais (por causa de sua… sobrancelha)

O Cyberbullying de uma garota, o lado perverso da internet e o que seus filhos têm a ver com isso.

Por: Kiko Nogueira

Julia Gabriele é uma menina de 11 anos que, como todas as meninas de 11 anos, está no Facebook.
Há alguns dias, uma foto dela foi compartilhada (ou “roubartilhada”, como diz meu amigo Caco de Paula) por uma das milhares de páginas de “humor” do FB.
O autor fazia uma piada com as sobrancelhas grossas de Julia — um meme. Rapidamente, o retrato conseguiu mais de 5 mil compartilhamentos. Seguiram-se comentários tenebrosos. Não demorou para o perfil de Julia ser invadido por gente postando fotos de pinças e tesouras, entre outros dando dicas de como ela deveria cuidar de seus pelos faciais.
Julia é uma nova vítima do cyberbullying, a prática da difamação e de humilhação da internet. Se fosse há 20 anos, provavelmente ela seria ridicularizada na sala de aula. Hoje, com as redes sociais, as salas de aula têm milhões de valentões anônimos.
A culpa é da internet? Sim e não. A web amplifica o pior e o melhor das pessoas. Nunca houve tanto acesso ao conhecimento e à informação. Mas ela criou monstros sem rosto, que acham que são impunes. Não são. Podem ser processados. O próprio Facebook permite que o bullying seja denunciado. Uma das páginas humorísticas já foi retirada do ar. Outras continuam lá, como a de um certo “Ted Putão”, inspirado no urso de pelúcia que protagonizou uma comédia de Seth McFarlane. Ted Putão, seja lá quem for, tem 388 mil likes e define o que faz como “humor controversial (sic)”. Publicou que “pelo menos ela ficou famosa, vai para o programa da Eliana e vai raspar a sombrancelha! É nóis fazendo os nego feliz, eita orgulho desses putões HAUHAUAHUA” (Você conhece alguém pela capacidade de escrever HUAHAUHAUHAU ou KKKKKKKK).


“Pelo menos ela ficou famosa e vai raspar a sombrancelha!” Ass.: Ted Putão

Julia, obviamente, sentiu o golpe. “Todas as pessoas estão rindo de mim, pessoas da minha cidade, pessoas que conheço, aqui na internet, estou chorando o dia inteiro por causa de vcs”, escreveu.
Ontem circulou um boato de que havia se suicidado, o que não era verdade (uma americana de 13 anos se matou o ano passado por causa desse tipo de coisa; a família de outra ganhou 1 milhão de dólares na justiça). Gente que se compadeceu da história de Julia acabou criando tributos no Facebook.
O estrago, porém, está feito. Agora, no Twitter, Julia está sendo trolada, a pegação no pé da era digital. É um massacre. Maldade, estupidez, sadismo, fofoca, o horror, o horror – tudo isso com erros de português dignos do Enem por cima. (Para ser justo, a indignação também chegou ali).
Julia não é a primeira e não será a última a passar por isso. “Ficou bastante claro que nossa tecnologia superou nossa humanidade”, disse Einstein. Ao ver seus filhos grudados em telas em sua casa, no restaurante ou no carro, lembre-se de que eles podem estar vendo vídeos de bandas das quais você gosta, conversando com os amigos da escola, lendo o Diário – ou assistindo a execração pública de uma criança. Por via das dúvidas, dê um livro para eles ou leve-os para passear de bicicleta. Ainda que eles se machuquem, é mais saudável.
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terça-feira, 26 de março de 2013

HADDAD EVITA UM PINHEIRINHO EM SÃO PAULO


Tropa de choque usou bombas para dispersar moradores.  

Saiu na Rede Brasil Atual: HADDAD INTERVÉM PARA IMPEDIR DESOCUPAÇÃO DE ÁREA COM 750 FAMÍLIAS

Ação da tropa de choque, a mando da Justiça, começou na manhã desta terça-feira (26); prefeitura promete declarar terreno na zona leste de utilidade pública.
O prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) informou hoje (26), durante o anúncio do Plano de Metas de seu governo, que a prefeitura está intercedendo para reverter a reintegração de posse de um terreno na zona leste da cidade onde vivem 750 famílias de sem-teto. A desocupação, por ordem judicial a pedido do proprietário, começou hoje de manhã com homens da tropa de choque da Polícia Militar, que usou bombas de efeito moral para dispersar moradores que protestavam na frente do terreno.
Segundo Haddad, o secretário de Habitação do município, José Floriano de Azevedo Marques Neto, foi instruído a procurar o dono da área, Heráclides Batalha, para tentar uma solução negociada, que passaria pela desapropriação amigável do local. Batalha, porém, não teria aceito a proposta.
Diante disso, a prefeitura diz que irá publicar um decreto nos próximos dias declarando a área de utilidade pública. Ao mesmo tempo, segundo o secretário de Assuntos Jurídicos, Luís Massonetto, a administração entrou com uma petição no Tribunal de Justiça de São Paulo para suspender a reintegração.
O terreno fica no Jardim Iguatemi e tem 132 mil metros quadrados.

Em tempo: quem será o poste que o Lula vai escolher para o lugar do Alckmin em 2014 ?
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Reflexões do Perfeito Idiota Brasileiro sobre a candidatura de FHC à ABL

Em troca do apoio de Serra, FHC garante que Serra o sucederá na ABL

Por: Paulo Nogueira

A pompa de Fernando vai nos redimir da pobreza de Francisco.
Ele é o Perfeito Idiota Brasileiro, mas nós o chamamos simplesmente de PIB.
Hoje foi um dia feliz para ele. FHC na Academia Brasileira de Letras. PIB aplaudiu de pé, mentalmente, a notícia.
Leu no site do Globo a informação. Grandes brasileiros estavam na ABL, ou tinham passado por ela. Roberto Marinho, Sarney e ele. Ele é como PIB se refere a Merval, seu guru.
Um colosso o Merval, pensou PIB: deu o furo da morte de Chávez com mais de um ano de antecedência.
Nobel, por que não o Nobel de Jornalismo para ele?
PIB teve depois um pequeno momento de apreensão. FHC teria que enfrentar um conclave, e poderia perder.
Foi então que ele teve uma ideia genial. FHC poderia combinar com Serra uma jogada. Serra se candidataria também. Mas não de verdade. Apenas para garantir a vitória de FHC. Serra, grande alma, com certeza ficaria feliz de ajudar o amigo.
Tem algum livro o Serra?
Deve ter dezenas, pensou PIB. É uma cabeça privilegiada. Mas achou melhor checar. Foi a uma livraria e procurou. O pobre que o atendeu não conhecia nenhuma das grandes obras de Serra. PIB olhou as estantes e não viu nada.
Deve estar tudo esgotado. Só pode ser.
Viu uma pilha dos Irmãos Metralhas, de outro guru, Reinaldo Azevedo. Apanhou um exemplar e já ia comprar quando decidiu que podia deixar para a próxima visita à livraria. Não podia se dispersar. Queria a prosa incomparável de Serra.
Deu um Google, ao chegar em casa, e não encontrou nada.
Meu plano fracassou?
Mas, para o valente PIB, cada problema era apenas a véspera de uma solução. E então ele teve uma segunda ideia genial: fazer uma antologia dos tuítes de Serra.
FHC, em retribuição, poderia assegurar a Serra que sua vaga seria dele, Serra, caso morresse primeiro. Como Serra é meio desconfiado, isso poderia ficar registrado no testamento de FHC.
PIB sorriu sozinho ao compor a imagem de FHC de fardão. O mundo estava precisando de coisas solenes. PIB estava irritado com o papa Francisco pela ausência de pompa.
Papa pobre. Ir de classe econômica para o conclave? Andar de ônibus em Buenos Aires? Coisa de pobre. Coisa de argentino.
A posse de FHC seria uma resposta à pobreza do novo papa. A Globo com certeza já adquirira os direitos de transmissão. Galvão ia narrar.
E então PIB deu o sorriso cristalino, triunfal, retumbante que só eles, os Perfeitos Idiotas Brasileiros, sabem dar. E depois pensou: “Temos papa”. Em latim soa mais chique, refletiu.
Habemus papam.
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SENADO CONVOCA “PREVARICADOR” PARA EXPLICAR TABLETS


O senador Collor já conseguiu que o Tribunal de Contas examine as contas de quem chama de “Prevaricador”.

Saiu no Portal de Notícias da Agência Senado: PROCURADOR-GERAL SERÁ CONVIDADO A EXPLICAR COMPRA DE TABLETS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO

A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) aprovou nesta terça-feira (26) requerimento do senador Fernando Collor (PTB-AL) convidando o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a prestar esclarecimentos sobre supostas irregularidades no processo de pregão eletrônico para aquisição, em dezembro, de 1.226 tablets pelo Ministério Público Federal (MPF).
Antes da votação do requerimento, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) sugeriu que a CMA aguardasse conclusão de diligências solicitadas ao Tribunal de Contas da União (TCU) junto à Procuradoria Geral da República para apurar possíveis irregularidades na compra dos equipamentos, para só então deliberar sobre a conveniência ou não do convite ao procurador-geral.
– Se depois de realizada essa auditoria ainda houver pontos obscuros, creio que seria oportuno convite ao procurador-geral da República – argumentou.
Na discussão do assunto, Collor lembrou ser atribuição da CMA fiscalizar e controlar o Poder Executivo, o que inclui o MPF. Assim, o parlamentar considera que a investigação a ser feita pelo TCU não invalida a iniciativa da comissão de chamar Roberto Gurgel a dar explicações aos senadores.
Collor também leu resposta do Conselho do Ministério Público a pedido de apuração sobre o processo de compra dos tablets. Conforme relatou, aquele conselho descartou argumento de que a responsabilidade pela licitação seria da Secretaria Geral do MPF e explicitou as atribuições do procurador-geral na gestão do Ministério Público.
O parlamentar lembrou ainda que o pregão eletrônico para a compra dos tablets foi realizado no dia 31 de dezembro de 2012, às 16h.
– Fico me perguntando se licitação parecida ocorresse no âmbito do Senado da República ou de qualquer governo estadual ou prefeitura do interior, o que não estaria fazendo o Ministério Público em relação a essa licitação. É preciso sim que ele dê as explicações e o Tribunal de Contas da União faça as investigações devidas – frisou o senador por Alagoas.











SERRA NA ESCOLINHA DE GILMAR MENDES. “MEU PRESIDENTE !”


O que significa promiscuidade? Alguém no Conselho Nacional de Justiça sabe, presidente Barbosa ? É tudo a mesma sopa! 

Amigo PHA,
Veja essa: Serra na Escolinha do Professor Gilmar! Imperdível! Na arte, parece um meteoro na chuva… rsrs
Abraços


Não deixe de ler a reprodução da reportagem da Folha sobre um momento decisivo das eleições de 2010: quando Cerra chama Gilmar de “meu presidente !” (um mês antes das eleições em que Cerra foi fragorosamente derrotado por um poste – PHA).  Viva o Brasil !

APÓS LIGAÇÃO DE CERRA, GILMAR DANTAS PARA VOTAÇÃO NO STF

Após receber uma ligação do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes interrompeu o julgamento de um recurso do PT contra a obrigatoriedade de apresentação dos dois documentos na hora de votar.
Serra pediu que um assessor telefonasse para Mendes pouco antes das 14h, depois de participar de um encontro com representantes de servidores públicos em São Paulo. A solicitação foi testemunhada pela Folha.
No fim da tarde, Mendes pediu vista, adiando o julgamento. Sete ministros já haviam votado pela exigência de apresentação de apenas um documento com foto, descartando a necessidade do título de eleitor.
A obrigatoriedade da apresentação de dois documentos é apontada por tucanos como um fator a favor de Serra e contra sua adversária, Dilma Rousseff (PT).
Após pedir que o assessor ligasse para o ministro, Serra recebeu um celular das mãos de um ajudante de ordens. O funcionário o informou que o ministro do STF estava do outro lado da linha.
Ao telefone, Serra cumprimentou o interlocutor como “meu presidente”. Durante a conversa, caminhou pelo auditório onde ocorria o encontro. Após desligar, brincou com os jornalistas: “O que estão xeretando?”
Depois, por meio de suas assessorias, Serra e Mendes negaram a existência da conversa.
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FHC UMA MÚMIA COMO IMORTAL?

FHC, mais conhecido como o Farol de Alexandria (o que iluminava a Antiguidade e sumiu com um terremoto chamado “Lula”) é candidato a uma vaga na Academia de Letras do Ataulfo Merval de Paiva, tem o apoio do já imortal José Sarney.

Para não esquecer quem é FHC, aqui vai um artigo do imortal João Ubaldo sobre a candidatura do Farol, tempos atrás.

Senhor Presidente – João Ubaldo Ribeiro
25 de outubro de 1998


Senhor Presidente,

Antes de mais nada, quero tornar a parabenizá-lo pela sua vitória estrondosa nas urnas. Eu não gostei do resultado, como, aliás, não gosto do senhor, embora afirme isto com respeito. Explicito este meu respeito em dois motivos, por ordem de importância. 
O primeiro deles é que, como qualquer semelhante nosso, inclusive os milhões de miseráveis que o senhor volta a presidir, o senhor merece intrinsecamente o meu respeito. 
O segundo motivo é que o senhor incorpora uma instituição basilar de nosso sistema político, que é a Presidência da República, e eu devo respeito a essa instituição e jamais a insultaria, fosse o senhor ou qualquer outro seu ocupante legítimo. Talvez o senhor nem leia o que agora escrevo e, certamente, estará se lixando para um besta de um assim chamado intelectual, mero autor de uns pares de livros e de uns milhares de crônicas que jamais lhe causarão mossa. Mas eu quero dar meu recadinho.
Respeito também o senhor porque sei que meu respeito, ainda que talvez seja relutante privadamente, me é retribuído e não o faria abdicar de alguns compromissos com que, justiça seja feita, o senhor há mantido em sua vida pública – o mais importante dos quais é com a liberdade de expressão e opinião. 
O senhor, contudo, em quem antes votei, me traiu, assim como traiu muitos outros como eu. 
Ainda que obscuramente, sou do mesmo ramo profissional que o senhor, pois ensinei ciência política em universidades da Bahia e sei que o senhor é um sociólogo medíocre, cujo livro O Modelo Político Brasileiro me pareceu um amontoado de obviedades que não fizeram, nem fazem, falta ao nosso pensamento sociológico. 
Mas, como dizia antigo personagem de Jô Soares, eu acreditei.
O senhor entrou para a História não só como nosso presidente, como o primeiro a ser reeleito. Parabéns, outra vez, mas o senhor nos traiu. O senhor era admirado por gente como eu, em função de uma postura ética e política que o levou ao exílio e ao sofrimento em nome de causas em que acreditávamos, ou pelo menos nós pensávamos que o senhor acreditava, da mesma forma que hoje acha mais conveniente professar crença em Deus do que negá-la, como antes. 
Em determinados momentos de seu governo, o senhor chegou a fazer críticas, às vezes acirradas, a seu próprio governo, como se não fosse o senhor seu mandatário principal. O senhor, que já passou pelo ridículo de sentar-se na cadeira do prefeito de São Paulo, na convicção de que já estava eleito, hoje pensa que é um político competente e, possivelmente, t em Maquiavel na cabeceira da cama. 
O senhor não é uma coisa nem outra, o buraco é bem mais embaixo. Político competente é Antônio Carlos Magalhães, que manda no Brasil e, como já disse aqui, se ele fosse candidato, votaria nele e lhe continuaria a fazer oposição, mas pelo menos ele seria um presidente bem mais macho que o senhor.
Não gosto do senhor, mas não tenho ódio, é apenas uma divergência histórico-glandular. 
O senhor assumiu o governo em cima de um plano financeiro que o senhor sabe que não é seu, até porque lhe falta competência até para entendê-lo em sua inteireza e hoje, levado em grande parte por esse plano, nos governa novamente. 
Como já disse na semana passada, não lhe quero mal, desejo até grande sucesso para o senhor em sua próxima gestão, não, claro, por sua causa, mas por causa do povo brasileiro, pelo qual tenho tanto amor que agora mesmo, enquanto escrevo, estou chorando.
Eu ouso lembrar ao senhor, que tanto brilha, ao falar francês ou espanhol (inglês eu falo melhor, pode crer) em suas idas e vindas pelo mundo, à nossa custa, que o senhor é o presidente de um povo miserável, com umas das mais iníquas distribuições de renda do planeta. 
Ouso lembrar que um dos feitos mais memoráveis de seu governo, que ora se passa para que outro se inicie, foi o socorro, igualmente a nossa custa, a bancos ladrões, cujos responsáveis permanecem e permanecerão impunes. 
Ouso dizer que o senhor não fez nada que o engrandeça junto aos corações de muitos compatriotas, como eu. Ouso recordar que o senhor, numa demonstração inacreditável de insensibilidade, aconselhou a todos os brasileiros que fizessem check-ups médicos regulares. 
Ouso rememorar o senhor chamando os aposentados brasileiros de vagabundos. 
Claro, o senhor foi consagrado nas urnas pelo povo e não serei eu que terei a arrogância de dizer que estou certo e o povo está errado. Como já pedi na semana passada, Deus o assista, presidente. Paradoxal como pareça, eu torço pelo senhor, porque torço pelo povo de famintos, esfarrapados, humilhados, injustiçados e desgraçados, com o qual o senhor, em seu palácio, não convive, mas eu, que inclusive sou nordestino, conheço muito bem. E ouso recear que, depois de novamente empossado, o senhor minta outra vez e traga tantas ou mais desditas à classe média do que seu antecessor que hoje vive em Miami.
Já trocamos duas ou três palavras, quando nos vimos em solenidades da Academia Brasileira de Letras. Se o senhor, ao por acaso estar lá outra vez, dignar-se a me estender a mão, eu a apertarei deferentemente, pois não desacato o presidente de meu país. 
Mas não é necessário que o senhor passe por esse constrangimento, pois, do mesmo jeito que o senhor pode fingir que não me vê, a mesma coisa posso eu fazer. E, falando na Academia, me ocorre agora que o senhor venha a querer coroar sua carreira de glórias entrando para ela. 
Sou um pouco mais mocinho do que o senhor e não tenho nenhum poder, a não ser afetivo, sobre meus queridos confrades. Mas, se na ocasião eu tiver algum outro poder, o senhor só entra lá na minha vaga, com direito a meu lugar no mausoléu dos imortais.
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