sexta-feira, 29 de junho de 2012

Programa de Fátima Bernardes perde até para o "Globo Rural"

A apresentadora Fátima Bernardes
O "Encontro com Fátima Bernardes" marcou 6,2 pontos de ibope (cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande São Paulo). Trata-se do pior ibope da faixa matutina da Globo. Como se não bastasse, a atração também obteve o menor share (participação no total de televisores ligados) entre todos os programas da emissora: 21%. Perdeu até para o "Globo Rural", que vai ao ar às 5h55. A informação é da coluna Outro Canal, assinada por Keila Jimenez e publicada na Folha desta sexta-feira (29)

Nesta quinta-feira, o SBT deu 6,3%, a Fátima, 5,9% e a Record, 4,8%.
Isso é a média no horário, segundo prévia do Globope e, geralmente, a Globo melhora no Globope, depois que o jogo acaba.
Nenhum programa da televisão brasileira foi tão badalado quanto o da Fátima.
Só a estreia da seleção brasileira na Copa.
O que deu errado ?
A Fátima ?
Não, a Fátima sempre foi a Fátima, como o Bonner sempre foi o Bonner.
Se tirar do meio do sanduíche das novelas das Sete e das Oito … é isso aí.
A distância que vai do tele-teleprompter à Oprah Winfrey é a que separa o genial do ridículo.
O problema é a Globo.
A Globo perdeu a mão.
O Brasil se mudou e a Globo faltou ao Encontro.
A Globo está em busca da Classe C ?
Isso é uma quimera.
A Classe C é do tamanho de uma Espanha, de uma Argentina vezes dois, vezes três.
Conquistar a Classe C, saber o que é, o que pensa e o que quer a Classe C é tão difícil quanto entender a Miriam Urubóloga, quando ela diz assim … “o problema da economia brasileira”…
A Globo está como o PSDB e o Fernando Henrique: agora, somos da Classe C !
A Globo, o PSDB e o Fernando Henrique são de um Brasil que ficou pra trás.
A Classe C está em toda parte.
As Classes A, B, C e D são tão parecidos quanto Cerra e o Max.
Distinguí-las exige mais do que 1001 pesquisas.
Saber como tocar neles, chegar a eles, provocar emoção – aí, amigo, tem que perguntar ao Dias Gomes, ao Boni.
Do novo Brasil, de A, B, C, D e Z a Globo não entende mais.
Ou melhor, o jornalismo da Globo.
O jornalismo da Globo não entende mais nem de fazer telejornalismo.
Telejornalismo na era da internet.
Continua a fazer o telejornalismo do Armando Nogueira – com uma inclinação política ainda mais nociva.
Nesse campo, a Globo brinca com fogo.
É bom ela não esquecer que explora um bem público – o espectro eletro-magnético, em regime de provisória concessão.
O que tem a Globo ?
A teledramaturgia.
Que, no Brasil, é uma invenção dela.
A carpintaria é dela, o léxico é dela.
Nisso, ela é hegemônica.
Porque é quem faz melhor o produto que ela mesma criou.
É a Coca-Cola das emoções.
Então, vai dizer que a Globo domina a Classe C quando exibe novelas ?
Vai dizer que a Avenida Brasil é boa só porque retrata a Classe C do Divino ?
Tá.
Me dá um Marcos Caruso que eu te dou a Classe A, B, C, D …
Nas telenovelas ela domina porque faz um bom produto.
Criou o mercado e o produto.
No resto, ela perdeu a mão.
Não sabe mais onde o Brasil se localiza.
Se na Metrópole ou na Colonia.
Se em Madureira ou em Marechal.
(Na Barra é que não é.)
Pode botar todos os programas da Globo para chamar o jornalismo da Globo.
Jogar toda a mídia espontânea em cima.
Dá nisso: 5,9%.
Fora da dramaturgia, a Globo é um tigre de papel.


Paulo Henrique Amorim
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