quinta-feira, 29 de março de 2012

“Tenho pena dos que vivem com R$ 19 mil” diz tucano

Mesmo com o tradicional chororô e com as ironias dos que continuaram reclamando que senador ganha pouco, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) aprovou ontem, por unanimidade, projeto de decreto legislativo que acaba com a farra dos salários extras dos parlamentares, os chamados 14 e 15 salários, sobre os quais eles não pagam Imposto de Renda.
Para não pagar o preço da execração pública, alguns senadores votaram a favor à força e não esconderam a revolta com o fim dos dois extras, de R$ 26,7 mil, pagos no início e no fim de cada ano.
O senador Ivo Cassol (PP-RO), que na semana passada reclamou que senador é muito mal remunerado e impediu a votação da matéria, hoje não apareceu e mandou um voto em separado a favor.
A revolta maior, ontem, foi manifestada pelo senador Cyro Miranda (PSDB-GO), suplente de Marconi Perillo, governador de Goiás. Cyro disse que o salário de R$ 19 mil líquidos não é condizente com as atividades de um senador – não levando em conta que, somando todas outras verbas e auxílios, além de outros benefícios, o custo mensal de um senador chega a R$ 170 mil.
- Esse valor está há oito anos sem correção! E quando tem correção, a sociedade grita! Eu não vivo de salário de senador, tenho outras atividades, mas tenho pena daqueles que são obrigados a viver com R$ 19 mil líquidos, com a estrutura que temos aqui – reclamou Cyro Miranda, antes de também votar a favor do projeto.
Cyro, que em 2006 declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 3 milhões, provocou espanto em alguns colegas.
- Meu Deus do céu! Eu ando nas ruas, vejo as pessoas! Como um senador pode dizer uma coisa dessas? – disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), autor do projeto.
O senador Benedito de Lira (PP-AL) recorreu à ironia para demonstrar seu incômodo em votar sim. Pediu a Lindbergh que incluísse em seu relatório também o fim do 13 salário dos parlamentares, sugerindo que o petista deveria também abdicar deste direito:
- Lindbergh poderia até, talvez, instituir a honorabilidade para o cargo de senador, já que seria um grande honra ser senador e servir ao seu país!
A senador Ana Amélia Lemos (PP-RS) sugeriu a Lindbergh que fizesse uma emenda para proibir que ministros e servidores aumentem seus salários com jetons de conselhos de estatais. O projeto segue agora para a Mesa Diretora do Senado e será votado no plenário da Casa. Depois, ainda precisa tramitar na Câmara.
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Um comentário:

Gabi Cambeses disse...

Mas nao demorem muito em decidir isso nao, porque enquanto isso sei que muita grana rola por ai...