Escritor, jornalista, desenhista, dramaturgo e artista autodidata, Millôr começou a colaborar com a revista "O Cruzeiro" aos 14 anos, conciliando as tarefas de tradutor, jornalista e autor de teatro. No final dos anos 1960, tornou-se um dos fundadores do jornal "O Pasquim", reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar.
Escreveu nos anos seguintes diversos tipos de peças e se tornou o principal tradutor das obras de William Shakespeare no país.
Atualmente ele mantinha um site pessoal em que escrevia textos de humor e cartuns, além de reunir seus trabalhos dos últimos 50 anos. Seu perfil no Twitter já contava com mais de 285 mil seguidores.
Escreveu nos anos seguintes diversos tipos de peças e se tornou o principal tradutor das obras de William Shakespeare no país.
Atualmente ele mantinha um site pessoal em que escrevia textos de humor e cartuns, além de reunir seus trabalhos dos últimos 50 anos. Seu perfil no Twitter já contava com mais de 285 mil seguidores.
Millor jornalista, conheci desde criança, folheando as páginas de O Cruzeiro.
Nunca decidi quem era o melhor, o humorista, o cartunista extraordinário, o autor teatral, o tradutor. Gosto de todos e sou absolutamente encantado com o cartunista.
Depois, na adolescência, nosso grupo de teatro de São João da Boa Vista levou "Liberdade, Liberdade", da qual era um dos autores. Chegamos a apresentar a peça em Uberaba. Na linha de frente, meus amigos Erimilio, Ricci e Suzana. Eu ficava na retaguarda cuidando das canções e cometendo algumas heresias: colocamos música em algumas letras de composições que ainda não conhecíamos.
Mais tarde, sua irreverência em O Pasquim iluminou nossa vida de jornalistas iniciantes. Era o único sopro de liberdade, em meio a um país sufocado.
Pessoalmente, conheci-o em meados dos anos 90. Foi em um jantar no Rio, programado pelo grande Walter Mesquita, que tinha sido amigo do meu pai, nos tempos de batalha farmacêutica. Um jantar inesquecível, Walter com a esposa 30 anos mais nova, Millor com Cora Ronai, eu com a Ica. Regalei-me com histórias do Rio antigo e, principalmente, com a verve de Millor, uma metralhadora de ironia, mas que tinha um olhar doce para os amigos e, principalmente, para Cora.
O segundo encontro foi no Fort Lauderdale, a convite da IBM. A empresa criou um conselho latino-americano de usuários do Thinkpad. Faziam parte Milor, Cora, Mário Henrique Simonsen e eu. Nossa única missão era viajar uma vez por ano para lá, ser apresentado às maravilhas tecnológicas da IBM e ajudar a identificar a melhor relação custo-benefício das máquinas.
Simonsen não pode ir, mas tive alguns dias de puro prazer com Millor e Cora.
Depois, perdi contato com ele. Cora, reencontrei em circunstâncias digamos pouco agradáveis. Quando sofri o tiroteio por parte do esgoto, alguns blogueiros de O Globo entraram nos ataques. Entre eles, Cora, em um post maternal dizendo que eu até parecia ser uma pessoa legal, mas, porém, contudo, todavia, como dizia Millor, jornalista que é jornalista é contra o poder.
Expliquei para ela que o poder - no seu e no meu caso - eram os jornais e emissoras que nos empregavam. Eles tinham poder de desempregar ou de premiar, de criar reputações ou de destruir. E que certamente a frase de Millor era muito mais ampla do que o significado que Cora pretendeu lhe conferir. Para Cora, o poder era O Globo e Ali Kamel. Ao me atacar, era ela quem servia ao poder.
Terminou por ali nosso contato.
Daqui, espero que filhos, irmãos de Millor e a própria Cora, tenham o conforto de ter convivido com uma das mentes brilhantes que o século 20 produziu no Brasil.
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