Agencia Brasil
Os
aliados do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, conquistaram
mais de 75% das 290 cadeiras do Parlamento do país com 90% das urnas
apuradas, segundo uma lista publicada pelo Ministério do Interior,
informa a agência de notícias Reuters. O resultado final deve ser divulgado na segunda-feira 5.
Os reformistas não tiveram grande participação no pleito, uma vez que seus líderes estão em prisão domiciliar.
A oposição ao regime convocou um boicote às eleições de sexta-feira
2, mas o governo estendeu em cinco horas o encerramento do pleito para
permitir uma maior participação popular. Com isso, mais de 65% de
votantes, ou cerca de 31 milhões de eleitores, foram às urnas. Resultado
dentro da margem tradicional, entre 50% e 70%, mas superior à consulta
de 2008 (55,4%).
Sem a oposição, a disputa ficou dividida entre correntes
conservadoras aliadas ao presidente Mahmoud Ahmadinejad e Khamenei, que
saiu vitorioso. A política externa do país não deve, no entanto, sofrer
alterações. Por outro lado, o religioso consegue grande vantagem no
Parlamento, apenas 18 meses antes das eleições presidenciais de 2013.
Dos 30 assentos da capital Teerã, aponta a Reuters, 19 devem ficar com os partidários de Khamenei e o restante com os aliados de Ahmadinejad.
Os candidatos do aiatolá conquistaram importantes vitórias nas
cidades santas xiitas de Qom e Mashhad, além de liderar nas províncias
de Isfahan e Tabriz, onde cerca de 90% dos eleitores apoiaram
Ahmadinejad nas eleições de 2009, e em regiões rurais redutos do
presidente.
Os 48 milhões de eleitores convocados votaram em 3,4 mil candidatos,
na primeira eleição de nível nacional desde a reeleição do presidente,
marcada por protestos da oposição contra fraude e por uma sangrenta
repressão do regime.
Na sexta-feira 2, os principais dirigentes e a imprensa oficial
convocaram uma participação em massa, apresentada como uma resposta às
ameaças militares israelenses e aos esforços dos ocidentais para
estrangular o Irã com sanções econômicas e financeiras.
Indo votar, a população “dará uma bofetada nas potências hegemônicas”
e “mostrará sua determinação de resistir ao inimigo”, afirmou Khamenei.
Irã, cujo programa nuclear foi condenado por seis resoluções das
Nações Unidas, está submetido há dois anos a um embargo comercial,
financeiro e agora petroleiro que já começa a abalar sua economia.
A campanha oficial ignorou em geral as questões econômicas e sociais
do país, apesar de uma inflação superior a 20% e do desemprego estimado
em 12%.
A votação foi realizada em cerca de 47 mil urnas instaladas no país e
os resultados serão divulgados em dois ou três dias, segundo o
ministério do Interior.
Muitos eleitores, de todas as idades, a maioria favorável aos
conservadores, afirmaram votar por dever e com a esperança de que o novo
Parlamento resolva os problemas econômicos, prioritários para todos.
Os dois principais protagonistas desta disputa são a “Frente Unida
dos Conservadores”, ligada ao atual presidente do Parlamento, Alí
Larijani, crítico do presidente Ahmadinejad, e a Frente da Persistência
da Revolução Islâmica, uma associação heterogênea conservadora que
defende o presidente e denuncia a cordura política de seus adversários.
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