quinta-feira, 1 de março de 2012

Celpa pede reajuste de 20% na tarifa

Vai sobrar para o consumidor. Esta foi a conclusão dos parlamentares paraenses que participaram ontem de reunião com os representantes da Celpa. Durante a exposição de motivos que levou a empresa a pedir concordata, o presidente do Conselho Administrativo da Celpa, Jorge Queiróz, deixou claro que, se a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não conceder o aumento de 20% na tarifa de energia solicitado pela Rede em agosto do ano passado, a Celpa não conseguirá se reerguer da crise financeira na qual mergulhou desde 2001, quando, por conta do racionamento de energia, começou a acumular déficits.

ENTENDA O CELPA-EMBROLHO

A Agência Reuters de Notícia divulgou ontem texto dizendo que a Celpa entrou com o pedido de recuperação judicial. Pedido de recuperação judicial é praticamente uma nova “roupagem” da concordata, prevista na Nova Lei de Falências (Lei nº 11.101/2005) em substituição à antiga (Decreto-lei nº 7.661).
Trata-se de uma medida legal destinada a evitar a falência, proporcionando à empresa devedora a possibilidade de apresentar, em juízo, aos seus credores, formas para quitação do débito.
A situação financeira do Grupo Rede, e consequentemente da Celpa, é delicada e tem se destacado no noticiário nacional especializado em economia. O destino da Celpa também é assunto dominante entre os trabalhadores que estão preocupados com os rumos da empresa.
Na realidade, o Grupo Rede precisa de uma oxigenação financeira para se manter no setor de distribuição de energia elétrica em várias regiões do Brasil. Para isso, o Grupo busca parceria no setor elétrico, para reforçar o caixa para fazer frente aos investimentos necessários, mas não descarta a venda do controle acionário.
Inicialmente demonstraram interesse a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), a chinesa State Grid e a AES Brasil. Pelas últimas informações, a CPFL continua estudando a possibilidade de participação no Grupo, mas a State Grid e a AES Brasil desistiram do negócio. Apesar de não confirmadas, há informações de que a Eletrobras também esteja pensando em aumentar sua participação no Grupo. A Eletrobras possui hoje 34,54% da Celpa.
Venda separada dos ativos
Há economistas que defendem como melhor solução para o Grupo a venda separada dos ativos, o que atrairia outros interessados e facilitaria o negócio. Assim, o Grupo venderia os ativos para empresas que tivessem maior sinergia com determinados ativos. Desta forma, por exemplo, a CPFL ficaria com os ativos da região sudeste, onde já possui uma grande estrutura. Outras empresas de distribuição comprariam os ativos que lhe interessassem, levando em consideração a sinergia.
Na avaliação do Sindicato dos Urbanitários, essa não é a melhor alternativa do ponto de vista dos trabalhadores, já que tendo a estrutura e também pessoal próprio, a compradora certamente faria demissões em massa. Neste caso, quanto maior a sinergia, maiores serão os danos aos trabalhadores.
Eletrobras tem que assumir a Celpa
A melhor alternativa é a federalização através da Eletrobras, que assumiria toda a empresa onde já tem participação. Desta forma haveria uma reestatização da Celpa. Como a Eletrobrás é dona de mais de um terço da distribuidora paraense, não pode se omitir nesse processo.
Por outro lado, o Pará tem os maiores projetos na geração de energia elétrica, tanto em desenvolvimento quanto em futuras gerações. Por isso, o Estado precisa ser visto pelo governo federal como prioridade também na distribuição dessa energia.
É inadmissível que com todo este potencial, a população paraense fique à mercê de um serviço ruim, que registra os piores índices de qualidade do país.
Sem exageros, o Pará está correndo o sério risco de um apagão por causa da situação financeira enfrentada pelo Grupo Rede, que tem uma dívida muito maior que os ativos da companhia.
O Sindicato dos Urbanitários, consciente da situação, está, juntamente com a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) fazendo articulação política para mostrar ao governo federal que a melhor alternativa para o Estado do Pará é a federalização da Celpa, com a compra da empresa pela Eletrobras. Sem dúvida nenhuma, é o melhor que pode ser feito para a sociedade paraense e para os trabalhadores. É por isso que estamos lutando. Fique atento!
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