quarta-feira, 30 de novembro de 2011

No Mato Grosso do Sul, ações de jagunços convertem o Estado numa terra sem lei

Notícias que nos chegam do Mato Grosso do Sul são cada vez mais preocupantes. Falta de governo no Estado, ou se este existir, falta de pulso, de autoridade tanto para proteger os cidadãos no exercício de seu trabalho, quanto para apurar e punir desmandos e absurdos que vêm ocorrendo ao arrepio da lei.
O Estado é palco de conflitos envolvendo demarcação de terras - indígenas e da reforma agrária - e, agora, uma comitiva da Presidência da República foi barrada e intimidada por fazendeiros, numa verdadeira ação de jagunços, quando inspecionava uma área reclamada por indígenas em Iguatemi (MS), próximo à fronteira com o Paraguai.
Segundo a Presidência da República, o incidente aconteceu quando o comboio que levava o secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, foi barrado numa estrada rural por um grupo de quatro homens. Entre eles, sem qualquer constrangimento, encontrava-se o secretário municipal de Obras de Iguatemi, Márcio Margatto.
Ação de jagunços barra comitiva do governo federal

A comitiva do Planalto havia visitado pouco antes um acampamento de índios guarani-caiovás destruído em um ataque. Neste ataque, no município de Aral Moreira (MS) - também próximo à fronteira -  um cacique e outros índios foram sequestrados e estão há vários dias desaparecidos.
Quer dizer, num interregno de poucos dias, dois incidentes da maior gravidade se registraram na mesma região conflagrada pela disputa de terras e demarcação de áreas indígenas.
No de agora, segundo o relato do Secretário Nacional de Articulação Social da Presidência da República, após pararem o comboio, os quatro agressores começaram a fotografar, filmar e a ofender os índios que integravam a comitiva.
Destruíram acampamento, sequestraram índios, pararam autoridades...

Também exigiram que todos no comboio, inclusive o secretário nacional, exibissem documentos e mesmo quando estes foram apresentados, os agressores continuaram gritando, fotografando e filmando os índios.
O conflito só se encerrou com a chegada dos agentes da Força Nacional de Segurança - na região desde o incidente anterior, de destruição do acampamento e sequestro dos índios - que exigiram que os fazendeiros se identificassem.
Uma situação dessa natureza não pode ficar sem ser investigada. Este secretário municipal de Obras de Iguatemi, Márcio Margatto e os três que o acompanhavam na ação criminosa têm que ser chamados a depor, têm que ser investigados. E, comprovado o ilícito da ação, punidos imediatamente.
É crime o que fizeram
Não se discute. O que fizeram é crime! Onde está o Ministério Público Federal (MPF) que não agiu ainda? Onde está, também, o governo André Puccinelli (PMDB), que não fez e não faz nada, nem diante do incidente anterior, nem no de agora?
A destruição do acampamento em Aral Moreira e o sequestro dos índios ocorreu já há vários dias e até agora seus autores não foram presos e sequer se sabe por quem. Com a palavra, portanto, o MPF e o governador Puccinelli.

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