segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Reeleita com mais de 53%, Cristina Kirchner é a terceira presidente mais votada da história


Em toda a história democrática argentina, somente três presidentes obtiveram mais de 53% dos votos: O primeiro foi o radical Hipólito Yrigoyen, eleito em 1928 com 61,7% dos votos.
O segundo foi Juan Domingo Perón, ícone no país, eleito com 54% em 1946, 62% em 1951 e 61% em 1973. E a terceira foi Cristina Kirchner, cuja permanência por mais quatro anos na Casa Rosada foi decidida nas eleições realizadas neste domingo (23/10).
Peronista da coalizão Frente para a Vitória (FPV), a presidente foi reeleita com 53,95% dos votos, segundo resultados parciais, com 98,2% dos sufrágios apurados. O resultado, no entanto, já era previsto por pesquisas de opinião e pelas eleições primárias, realizadas em agosto, quando Cristina obteve 50,24% dos votos.
As comemorações pela reeleição de Cristina na Praça de Maio duraram a noite inteira
A aliança kirchnerista também obteve maioria na Câmara de Deputados e no Senado, além de oito candidatos vitoriosos nas nove províncias argentinas que elegiam governador. A única perda foi em San Luis, atualmente governada por Alberto Rodríguez Saá, que obteve 7,98% nestas eleições presidenciais e se posicionou como o quarto mais votado.
Em discurso na concentração de sua coalizão, a presidente reeleita agradeceu as ligações de seus pares latino-americanos e ressaltou o cumprimento da presidente brasileira. “Dilma [Rousseff] me disse palavras muito doces”, afirmou. “Sinto a imensa responsabilidade de conduzir o país para viver uma história diferente da que vivemos nos últimos 200 anos."
Visivelmente emocionada, a presidente agradeceu ao seu marido, Néstor Kirchner, morto há um ano devido a uma parada cardiorrespiratória. “Ele é o grande fundador da vitória desta noite”, disse Cristina, completando: “não falo dele como viúva e sim como uma companheira de toda a vida de militância. É a dor de uma mulher, mas a compreensão de uma militante política”.
Na concentração, Cristina não transpareceu felicidade, pediu silêncio aos militantes de seu partido e deu bronca no grupo que vaiou os nomes do presidente do Chile, Sebastián Piñera, e do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri. “A pior coisa que pode acontecer com uma pessoa é ela ser pequena. Na vitória, temos que ser ainda mais humildes e generosos”, pediu, incomodada.
A presidente afirmou ainda que quer “ser uma pessoa que ajudou a mudar a história”, pedindo continuidade de governos. “Que não nos distraiam com confrontos inúteis. Se há realidades e fatos, que nos digam como fazer. Precisamos de um país onde o próximo [governo] venha e construa sobre o que o anterior fez, continuidade de projeto político e de país”, completou ela, antes de se dirigir à Praça de Maio, onde uma multidão a esperava. Foi lá que a presidente realmente comemorou, sem economia de sorrisos. E até dançou.
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