Wálter Fanganiello Maierovitch
Com a “ficha-limpa”, Dominique Strauss-Kahn (DSK) prepara uma chegada triunfal a Paris.
O retorno acontece em um momento estratégico, quando seu Partido Socialista ainda não escolheu o candidato à presidência para as eleições do próximo ano.
Ou melhor: aquele que poderá impedir a reeleição de Nicolas Sarkozy.
Antes de ser alvo de denúncias de abuso sexual, DSK era apontado como vencedor das prévias e os socialistas tinham certeza, com ele candidato, da vitória e reconquista do palácio Eliseo.
Depois do escândalo de 14 de maio e pela falta de um nome novo e de peso, os socialistas abandonaram a certeza da volta ao poder.
No momento, três socialistas disputam as prévias e estão em campanha: Segolene Royal (já derrotada por Nicolas Sarkozy), Martine Aubry e o desgastado François Hollande, inimigo de DSK.
Aubry era parceira de DSK e com ele tinha um acordo que os franceses chamaram de “Pacto de Marrakesh”. Significava que se um fosse candidato o outro o apoiaria, com o compromisso de virar primeiro ministro. Como o mais forte era DSK, a ex-ministra Aubry ficaria com a promessa de indicação a premier.
Com a volta de DSK à cena política, o tal “Pacto de Marrakesh” poderá ser recosturado. Dessa vez com Aubry candidata à presidência e DSK no apoio. Lógico, no caso de vitória de Aubry, ele se aboletaria na cadeira de premier: na França vigora um sistema de presidencialismo, com primeiro-ministro.
Em 14 de maio passado, —quando preso e algemado (o que teria pensado a nossa presidente Dilma a respeito do uso de algemas no ex-diretor do FMI?)—, DSK viu ruir o sonho de ser hóspede do palácio Eliseo, coração do poder de Estado.
Como DSK admitiu ter mantido relações sexuais com a camareira Nafissatou Diallo, —e toda mulher francesa sabe dos riscos de ficar sozinha num elevador com ele—, o arquivamento pedido pelo procurador-geral de Nova York, –Cyrus Vance (57 anos) não apagou os desgastes.
Todos sabem ser exagero falar em inocência. Em síntese, as chances eleitorais de DSK, em razão do escândalo, ficaram reduzidas. O certo é que o procurador Vance, ao pedir o arquivamento da acusação ao Tribunal de Manhattan, falou em provas insuficientes. Ou seja, existiam provas do estupro, mas sem o lastro da suficiência. E essa insuficiência deveu-se, segundo o procurador, ao fato de Nafissatou Diallo ter dito, no curso da sua vida, algumas mentiras. Isso teria tirado a sua credibilidade.
Pano Rápido. Analistas políticos franceses não acreditam que DSK se habilite para concorrer às primárias. E apostam todas as fichas num novo acordo dele com Martine Aubry (já foi ministra da pasta do Emprego).
Quando desse aventado acordo, alguém deverá tomar a cautela para não deixar o priapista DSK sozinho com Aubry.
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