247 – A ser empossado nesta quinta-feira, o presidente peruano, Ollanta Humala, dá sequência ao lulismo, inaugurado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em que consiste? Basicamente na transformação de um radical de esquerda em moderado, na tentativa de diminuir a rejeição dos eleitores a seu nome e viabilizar a vitória.
A tática foi usada para eleger Lula em 2002 e, no ano passado, repassada pelos assessores Luis Favre (ex-marido da senadora Marta Suplicy, PT-SP) e Valdemir Garreta, ambos emissários do governo brasileiro, à campanha de Humala.
O novo presidente peruano seguiu o script à risca. Moderou as propostas, disse que priorizaria uma equipe capaz de dar continuidade à média de crescimento econômico do Peru nos últimos anos, de 6%, e até escreveu sua Carta Compromisso com o Povo Peruano, uma cópia da Carta ao Povo Brasileiro, de Lula.
A estratégia foi determinante para a vitória do candidato nacionalista, como demonstrou a pequena margem de 51,5% dos votos contra os 48,5% da adversária Keiko Fujimori, e representa a importância alcançada pelo ex-presidente Lula no continente.
Em agradecimento, Humala esteve com a presidente Dilma Rousseff em junho e disse que o Brasil é um exemplo de governo que merece ser seguido, destacando as conquistas econômicas e a luta contra a pobreza e pela igualdades social do vizinho.
Afora os planos pessoais de Lula para o continente, a intervenção do governo brasileiro no processo eleitoral peruano foi estratégica. O Peru vem recebendo investimentos de grandes construtoras brasileiras e firmou um pacto na área de energia com o Brasil para a construção de hidrelétricas na fronteira. O Brasil também vem investindo em duas rodovias interoceânicas para conseguir acesso aos portos do oceano Pacífico e chegar aos mercados asiáticos, e a eleição de um governo não amigável poderia prejudicar os planos.
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