por Luis Nassif
Acabei de conversar com o Ministro da Agricultura Wagner Rossi, que esteve na comitiva brasileira nas eleições de José Graziano Neto para a diretoria geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).
A vitória foi apertada, apenas 92 a 88. Essa diferença valorizou o corpo-a-corpo feito pelo país junto aos eleitores.
A equipe brasileira – ele, o chanceler Antônio Patriota e Afonso Florêncio (do Ministério do Desenvolvimento Agrário) e um time bem montado do Itamarati – realizaram mais de 50 conversas bilaterais com os eleitores, antes do primeiro turno e entre o primeiro e o segundo.
O ambiente não era dos mais propício, pois não havia salas para as reuniões. Tinham, então, que abordar o eleitor, trazer para fora e encontrar alguns lugares isolados para sentar e conversar.
Esse corpo a corpo permitiu conquistar votos na Ásia e Europa e consolidar muitos votos na África. Antes disso, Patriota havia feito um amplo trabalho de consolidação de votos na região do Caribe.
A reunião do G20 foi uma espécie de lição de casa, mas uma interlocução com países mais ricos. Agora, o eleitorado era basicamente de países em desenvolvimento, no âmbito do G67. Foram de muita valia os apoios da Argentina e da África do Sul – este, voto fundamental para a definição dos demais votos africanos.
A bandeira principal foi o sentimento difuso de que era hora dos países em desenvolvimento ocuparem o espaço, devido ao fato da FAO atuar em uma área especialmente sensível para o social, a da produção de alimentos.
Foram quatro candidatos de países em desenvolvimento e dois europeus que não se bicavam – o que favoreceu a posição brasileira.
No intervalo do primeiro para o segundo turno houve grande reunião dos apoiadores de Graziano, no âmbito do 67. Indonésia e Irã, então, retiraram sua candidatura e apoiaram Graziano. A delegação do Iraque também apoiou o Brasil, trazendo consigo votos árabes.
Pesaram na votação, também, as credenciais de Graziano no combate à fome.
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