Por André
Do iG Cotada para capital de novo Estado, Marabá é 4ª cidade mais violenta do Brasil
Se plebiscito aprovar criação do Estado de Carajás, Marabá ganhará 2 títulos: o de capital do Estado e o de capital mais violenta do País
Wilson Lima, enviado a Marabá
"A cidade é tranqüila. As pessoas não podem é falar mal de madeireiro ou apontar o dedo para as outras pessoas. No mais, é uma cidade pacata”, diz morador
Se um plebiscito aprovar a criação do Estado de Carajás, Marabá ganhará dois títulos: o de capital do Estado e de capital mais violenta do Brasil. Hoje, o município é a quarta cidade onde mais se mata no País, segundo o “Mapa da Violência 2011”, do Ministério da Justiça.
Pelos dados do estudo, a taxa de homicídios em Marabá, distante 440 quilômetros de Belém, capital do Pará, é de 125 mortes para cada 100 mil habitantes. Os números são referentes ao ano de 2008.
Pela proposta, o plebiscito será realizado daqui, no máximo, a seis meses
Apenas no ano da pesquisa foram registrados 250 homicídios entre uma população de 200 mil pessoas. Uma média aproximada de um assassinato a cada 36 horas no município. Essa taxa de homicídios, por exemplo, é quase dez vezes maior que a de São Paulo e quatro vezes superior à do Rio de Janeiro. Em todo o Brasil, a cidade mais violenta fica nas proximidades de Marabá: Itupiranga. Por lá, a taxa de homicídios chega a 160,6 para cada 100 mil habitantes.
A taxa de homicídios em Marabá é ainda maior quando se fala em assassinatos envolvendo jovens de 15 a 24 anos. Pelo “Mapa da Violência”, Marabá tem uma taxa de assassinato de jovens de 221,5 vítimas para cada 100 mil habitantes. Em 2008, foram 96 homicídios registrados: uma execução a cada três dias.
O superintendente de Polícia Civil de Marabá, Alberto Teixeira, afirma que essa violência na cidade pode ser explicada a partir de alguns aspectos. Na área urbana, milhares de pessoas migram para a cidade, atraídas pelo seu crescimento econômico. Muitas delas não encontram emprego e acabam se envolvendo com crimes. Na área rural, existem os conflitos agrários que ajudam a explicar o número expressivo de assassinatos. “Aqui, a cidade recebe pelo menos 250 pessoas a mais por dia. Quando elas não conseguem emprego, partem para a marginalidade e isso desencadeia vários homicídios”, disse Teixeira.
Foi perto de Marabá que os líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram executados, nesta semana.
Violência cotidiana
As altas taxas de homicídios em Marabá tornaram a violência algo banal na cidade. As pessoas falam de assassinatos brutais como se fossem fatos do cotidiano. “Aqui, muito se resolve na bala ou na faca mesmo. Mas a cidade é tranqüila. As pessoas não podem é falar mal de madeireiro ou apontar o dedo para as outras pessoas. No mais, é uma cidade pacata”, afirma o autônomo Pedro Santos, de 42 anos, 27 deles em Marabá.
A Polícia Civil afirmou que vem desempenhando um trabalho de desarticulação de quadrilhas de traficantes visando reduzir a violência. Em quatro meses, 60 pessoas foram presas acusadas de tráfico de drogas. A maioria traficava crack e oxi, um subproduto da cocaína, misturado a querosene e cal com efeitos mais nocivos que o crack. “Graças a esse trabalho, desde sábado (21) estamos sem homicídios”, disse Teixeira na sexta (27).
Caso o plebiscito aprove o desmembramento do Pará em três estados (além do atual, Carajás e Tapajós), Marabá seria uma capital com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 3,5 bilhões. Hoje, a cidade tem o quatro maior produto interno bruto do Pará, na casa dos R$ 58 bilhões e sozinha responde por 6% da riqueza paraense. Muito desse desenvolvimento é puxado pela exploração de minério de Parauapebas, a maior mina do mundo, localizada a cerca de 200 quilômetros de Marabá - que é uma espécie de centro comercial e financeiro da região. Se virar realidade, o Estado de Carajás terá 39 municípios e uma enormidade de problemas a resolver.
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