Três dos processos licitatórios da Assembléia Legislativa apreendidos pelo Ministério Público no gabinete do diretor do Detran, Sérgio Duboc, na terça-feira passada, são de certames vencidos pela empresa J.C. Rodrigues de Souza Produtos Alimentícios Ltda, cujo nome de fantasia é “Croc Tapioca” – a mesmíssima do “Escândalo da Tapioca”, o chamado “Tapiocouto”.
Apesar do nome da empresa, as três licitações se referem à compra de material elétrico e de expediente e até a uma obra de engenharia. Somam cerca de R$ 240 mil. Foram realizadas em 2006, quando a Assembléia Legislativa era presidida pelo senador tucano Mário Couto, de quem Duboc foi diretor-financeiro, na AL, e mais recentemente, assessor no Senado Federal.
Segundo uma fonte do MP, as licitações conteriam “visíveis indícios de montagem”.
Em cada uma delas, o certame seria pouco inferior a R$ 80 mil – o que indicaria, diz a fonte, um artifício para manter a compra nos limites previstos por Lei para as aquisições através de carta-convite, modalidade licitatória fácil de burlar (a partir de R$ 80 mil é obrigatória a Tomada de Preços, que é bem mais complexa).
Nos processos, haveria até nota fiscal de compra de material elétrico que não discriminaria o que foi comprado – e o material, mesmo sem estar discriminado, teria sido dado como entregue na AL.
A “Croc Tapioca” pertenceria ao marido ou ex-marido de Daura Hage, uma das servidoras presas na terça-feira, na operação do MP e polícia civil para investigar supostas fraudes na Assembléia Legislativa do Estado.
Na época das licitações, Daura integraria a Comissão de Licitação da AL, que é responsável pelas compras da Casa.
Daura seria prima do deputado estadual Junior Hage, atual titular da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego e Renda (Seter).
Na casa dela, teriam sido apreendidos, na terça-feira, R$ 23 mil em dinheiro e uns R$ 15 mil em tíquetes de alimentação.
Já Duboc, também suspeito de envolvimento nas supostas fraudes, assumiu a Diretoria Financeira da AL em 2003, na administração do tucano Mário Couto, hoje senador.
Permaneceu no cargo até maio do ano passado e, em julho, foi nomeado Secretário Parlamentar do Senado, para trabalhar no “escritório de apoio” do senador.
Quando saiu do escritório de Couto, em janeiro deste ano, quem ocupou o lugar foi um cidadão chamado Sérgio Duboc Moreira Filho, possivelmente, filho dele (leia a matéria completa aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com/2011/04/lacos-de-familia-sergio-duboc-foi.html).
Duboc deixou o Senado para assumir a direção-geral do Detran e teria sido indicado para o cargo também por Mário Couto.
Na operação de terça-feira, como noticiou a Perereca com exclusividade (http://pererecadavizinha.blogspot.com/2011/04/promotores-e-policia-apreendem.html) foi preciso até chamar um chaveiro para abrir a gaveta de Duboc, em seu gabinete no Detran, onde foram encontrados quatro processos licitatórios da Assembléia Legislativa.
O quarto processo, também referente a uma licitação por carta-convite, seria para a realização de uma obra de engenharia, mas a Perereca ainda não conseguiu saber qual a empresa que teria vencido o certame.
A Perereca volta já.
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