Membros do governos dos EUA e integrantes de ONGs norte-americanas estariam tentando desestabilizar o governo usando o pretexto de levar “ajuda humanitária” ao país caribenho. A denúncia foi feita pelo cardiologista infantil José Manuel Collera Vento, que concedeu nesta segunda-feira (28/03) entrevista ao programa Ajudas Perigosas, transmitido pela televisão oficial cubana.
Segundo Collera, o objetivo das ONGs era influenciar politicamente os cubanos em favor de uma visão contrária ao regime comunista, estabelecer vínculos para se infiltrar na Venezuela e obter informações secretas dos hospitais locais.
Collera, que segundo o site oficial Cuba Debate, atuou por mais de 30 anos paraogoverno cubano como um agente infiltrado de codinome Gerardo, conviveu desde 2000 com pessoas próximas a organizações dos EUA, assim como diplomatas ligados ao Escritório de Interesses de Washington em Havana. O órgão funciona, na prática, como a embaixada norte-americana no país.
“Em uma conversa que tive com uma organização não governamental, vinculada com a medicina, a Miami Medical Team Foundation, pediram para buscar informações sobre hospitais que trabalhavam com isótopo radioativo”, contou Collera. Na entrevista, ele não especifica qual era a finalidade dessa solicitação. Na oncologia, o isótopo radioativo pode ser usado tanto no diagnóstico quanto no tratamento de tumores.
Os vínculos de Collera com os norte-americanos começaram no ano 2000, quando ele foi apresentado a eles por Gustavo Pardo Valdés, que trabalha no Escritório de Interesses. De acordo com Collera, eram pessoas que estavam sempre presentes nos encontros com as ONGs.
O cubano contou também que, desde então, foi “sistematicamente contatado por representantes do governo norte-americano, que manifestaram abertamente interesse em mudar o sistema político da ilha”. A orientação é, segundo Collera, organizar uma rede de pessoas que pudesse receber medicamentos e outras doações com a finalidade de conseguir aproximação e, por fim, exercer influência política e “subverter internamente” o regime cubano.
"Por meio da visita ao país de alguns de seus representantes, e pelas costas das autoridades cubanas, estas ONGs têm a missão de realizar avaliações da situação política cubana e instruir, organizar e abastecer a contrarrevolução", relatou o médico.
Além da Miami Medical Team Foundation, o programa menciona a EchoCuba, a Fupad (Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento) e a canadense Fundação Donner como organizações que "escondem sua essência subversiva por meio de uma suposta ajuda humanitária".
De acordo com dados oficiais, Cuba mantém 593 projetos em colaboração com 143 ONGs. O programa televisivo esclareceu que o governo cubano permite e acolhe organizações estrangeiras como a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). O pré-requisito, ressalta, é demonstrar apoio "sob o princípio da não ingerência".
A organização de entidades – formadas tanto por cubanos oposicionistas como por norte-americanos – com objetivo de desestabilizar o governo cubano não é uma iniciativa recente. A primeira tentativa foi registrada em agosto de 1959, oito meses após a revolução que tirou o ditador Fulgêncio Batista do poder e implantou o atual regime.
Na ocasião, um avião da Força Aérea da República Dominicana aterrissou na pista aérea da cidade de Trinidad, na província cubana de Las Villas. A bordo havia armas e agentes anticastristas, alguns deles, ex-militares do governo de Batista. O episódio, que ficou conhecido como Conspiração Trujillista, tinha apoio dos EUA e objetivo de destruir o recém-construído governo cubano.
Nos anos seguintes, de acordo com dados oficiais cubanos, foram registradas subsequentes violações do espaço aéreo, roubo de aviões, incêndio em plantações e atentados terroristas em regiões turísticas de Cuba, com intenção de prejudicar o governo.
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