segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Zelaya: Pentágono enlouqueceu com minha aproximação ao socialismo

Por José Manuel Zelaya*, em Anncol

Enquanto isso, o povo hondurenho teve que esperar 30 anos e sofrer um sangrento Golpe de Estado para que alguns políticos hondurenhos aceitassem que o poder emana do povo e ninguém pode limitar o soberano. Para estes, demorou apenas 19 meses da grosseira tese da sucessão constitucional ao reconhecimento pleno e à validação da tese que sustentava a enquete abortada pela força.
Esta iniciativa, hoje ratificada pelo Congresso Nacional, igual à enquete da quarta urna que minha administração programava, estava amparada na Constituição e na Lei de Participação Cidadã aprovada em nossa administração pelo próprio Congresso Nacional.
Novamente se renovam os argumentos em favor da nossa causa e se desnuda a responsabilidade criminal da Corte Suprema de Justiça, que violou todos os preceitos constitucionais, jurídicos e princípios morais, ao condenar-me sem julgamento e sem delito: acusaram-me de traição à pátria por pretender fazer o que estes políticos fazem hoje. Alguns que disseram que se violava a lei, hoje, pelo efeito milagroso da pressão popular, esqueceram o que fizeram e o que disseram. Nunca se apagará da história que fui tirado por um contingente militar, que metralhou a minha casa, tudo por praticar a democracia em Honduras.
O golpe de estado, produto de uma conspiração, foi ato planejado e executado torpemente, e que segue sendo condenado por todos os países da terra.
Agora, o presidente Lobo deve nos esclarecer se quer fazer justiça e terminar com a impunidade deste golpe de estado. Os argumentos só obedeceram a uma argúcia Jurídica, para deter minha aproximação ao socialismo; que enlouqueceu a direita norte-americana, o pentágono e as elites mais vorazes do nosso país, que atacaram com sanha ao povo que quer construir sua democracia; já fizeram o processo de ratificar a reforma, agora lhes corresponde retificar o crime.
Compatriotas, nossa missão é continuar avançando com a razão na mão; é hora de exigir a convocatória a uma Assembleia Nacional Constituinte, ampla, includente, justa, soberana e originária, para cumprir com nossa responsabilidade histórica frente às novas gerações.

* Manuel Zelaya foi presidente constitucional de Honduras de 2006 a 2010 e é Coordenador Geral Frente Nacional de Resistência Popular de Honduras.
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