por Tiberio Alloggio (*)
A liberdade de imprensa, o direito de informar e ser informado, que os grandes monopólios econômicos, ideológicos e políticos haviam desvirtuado, finalmente está de volta, com tudo e um pouco mais.
Mas o impacto das “revelações” no site do Wikileaks é apenas a ponta do iceberg.
O próprio Wikileaks se tornou possível graça ao processo de transparência trazido pela Internet, que, conjugado ao acesso cada vez mais fácil aos bancos de dados reservados, está acabando com o atual modelo midiático.
Então, não é só o Wikileaks. Os próprios escândalos atuais (todos) representam o melhor exemplo da mudança que estamos vivenciando.
Os tempos da “velha mídia”, “guardar” os escândalos no cofre e usá-los para atingir alguém na hora de querer derrubá-lo acabaram. Essas práticas, que se tornaram possíveis graças aos monopólios da informação, estão na berlinda.
O advento da blogosfera mudou a forma e o tempo de fazer informação, e não dá mais para continuar no jogo hipócrita de utilizar escândalos para interesses políticos escusos, achaques e/ou chantagem.
A blindagem de uns e os ataques aos outros, praticados pela “velha mídia”, está fazendo água por todos os poros. O PT ainda continua como o partido mais perseguido pela “velha mídia”, mas o peto-fobismo fracassou, e já não dá mais para esconder o telhado de vidro do DEM, do PPS, e sobretudo dos tucanos, especialmente os de São Paulo.
O jogo das denúncias seletivas acabou. O modelo chantagista político-partidário-midiático implodiu e com ele se foi a mentira da “profissão” de jornalista e repórter.
A maioria dos trabalhadores da “velha mídia” trabalham desvergonhadamente em prol desse modelo. Todos eles desempenhando um papel consciente, de “cortesão” da corte. E o papel do “cortesão” é justamente agradar os seu patroes.
Como bem observou o Prêmio Pulitzer Chris Hedge: “Os “cortesões” nunca desafiam a elite ou questionam a estrutura do seu poder. Por isso, a elite, até concede a eles o acesso ao seu circulo mais íntimo. Os “cortesões’ são os hedonistas do poder.”
No novo modelo que se prefigura, o papel do jornalista irá mudar. Deixando pra trás a função de intermediário, de “selecionador” das informações que o “publico” pode saber, para se tornar outro tipo de profissional, um profissional multimídia.
A linguagem obsoleta das “edições” de 50 segundos dos telejornais desaparecerá. As pessoas querem ouvir, ver e ler as íntegras dos discursos, e com as novas tecnologias há espaço praticamente ilimitado para isso. Um espaço virtual enorme, onde a própria “opinião” ganhará mais espaço.
Com o fim do monopólio da “velha mídia”, todo tipo de associação, empresas, partidos políticos, sindicatos, ONGs, Estados, municípios passarão a ser geradores de notícias. Deixando de ser apenas geradores de fatos, que para virar notícia, dependem da veiculação na mídia tradicional.
No novo modelo, serão eles mesmos produtores de notícias e para tanto haverá jornais, sites, portais e blogs organizadores.
Para obter informações sobre uma empresa, será muito melhor consultar o site da própria do que ter esperar a notícia na “velha mídia”, que dificilmente virá de forma correta.
O mesmo ocorrerá com qualquer cidade do interior da Brasil, com uma ONG da Amazônia, e até com o MST, sempre crucificado pela “velha mídia”.
Os casos do Blog do Planalto, e do Blog da Petrobras representam apenas o início desse processo.
Na década que começa, o poder da nova informação aparecerá de forma muito mais evidente, principalmente com o fortalecimento das mídias alternativas, fora do eixo da “velha mídia”, com seus inúmeros blogs, sites, e mídia corporativa.
A nova informação veio para valer. Para escancarar um dos últimos “latifúndios” da nossa época, o da comunicação. E veio para ficar.
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* Sociólogo, reside em Santarém. Escreve regularmente no Blog do Jeso
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