O Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que os Estados Unidos precisam entender que o mundo está diferente e que esta nação tem de aceitar dividir sua liderança.
“Não é mais possível que os Estados Unidos continuem a impor sua vontade. Os EUA e a Europa têm de ter a humildade de ver o que podem aprender conosco”, disse o chanceler, que estava na capital americana para um debate com Thomas Friedman, colunista do jornal New York Times, organizado pela Carnegie Endowment for International Peace.
Durante o debate “The New Geopolitics: Emerging Powers and the Challenges of a Multipolar World” (A Nova Geopolítica: Potências Emergentes e os Desafios de um Mundo Multipolarizado”, em tradução livre), o ministro mostrou constante descontentamento com a posição americana em relação ao Irã.
Quando Friedman afirmou que os EUA sempre defenderam, independentemente de quem está na Casa Branca, valores como a intolerância à violação aos direitos humanos, Amorim rebateu: “Também temos valores e temos problemas com muitos países, incluindo os Estados Unidos”, afirmou o chanceler.
Hipocrisia
Quanto às sanções promovidas pelos Estados Unidos e impostas pela ONU sobre o Irã, o chanceler disse que as considera contraprodutivas e afirmou que os países em geral se valem de hipocrisia ao formularem suas políticas externas.
“A hipocrisia tem seu mérito, é um sinal de civilidade, de alguma maneira. Mas acreditamos que todos os países devem estar sujeitos a escrutínio. O mesmo tratamento deve ser dado ao Brasil, aos EUA, ao Irã e a Cuba. Não é certo julgar alguns países e não outros.Temos que ter um mínimo de igualdade” disse o chanceler.
Sobre a recusa do governo brasileiro de condenar publicamente o Irã ao se abster em uma votação da ONU sobre práticas de violações contra os direitos humanos - como a punição por apedrejamento para mulheres adúlteras - o ministro afirmou que o Itamaraty agiu corretamente.
“O Brasil não tem complexo de culpa”, afirmou o chanceler, acrescentando que outros países que votam a favor o fazem para “ter um diploma de bonzinho na parede”.
“Não adianta querer bombardear um país para que se torne democrático.”
Com respeito ao vazamento de centenas de milhares de comunicações entre diplomatas envolvendo questões de alta sensibilidade, o ministro brasileiro disse, durante a entrevista coletiva, não ter ficado surpreso.
“O presidente Hugo Chavez é nosso amigo e temos um relação de intensa cooperação. Queremos fortalecer a América do Sul.”
“O Brasil combate o terrorismo, mas temos uma visão diferente. Não relacionamos qualquer tipo de crime com terrorismo” afirmou.
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