O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse que é maravilhoso sair do confinamento com o apoio de "pessoas perto do poder", como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A declaração foi dada em um das primeiras entrevistas de Assange, ao jornal espanhol "El País", após sair da prisão temporária, em um pedido de extradição do Reino Unido para a Suécia pela acusação de crimes sexuais.
"[Lula] é um caso especial, porque está deixando o cargo, e isso lhe permite ser mais direto do que havia sido. Já não tem que mostrar nenhuma lealdade aos Estados Unidos", disse Assange ao "El País".
Assange dá uma entrevista a jornalistas em frente à mansão em que está morando, no interior da Inglaterra "É maravilhoso ter deixado o confinamento. Me sinto muito determinado. Vi que recebemos apoio em escala mundial, especialmente na América do Sul e Austrália, e é como se todo mundo, em todas as partes, tenha nos apoiado. Mas quanto mais próximo está um homem do poder, menos predisposto está a nos apoiar, provavelmente porque tem mais a perder. Nos últimos dez dias, temos visto gente, incluindo próximas do poder, que demonstraram seu apoio."
DENTE QUEBRADO
Assange contou ao "El País" um caso engraçado que aconteceu durante o período em que esteve detido em Londres: ele quebrou um dente enquanto comia arroz com ervilhas com um pequeno objeto metálico.
O criador do WikiLeaks não sabia como aquilo havia parado em sua comida, mas pegou o dente e o guardou em um papel. Depois, ao voltar para sua cela, descobriu que o dente havia sido levado. "Logo estará a venda no eBay [site de leilões pela internet]", brincou Assange, na entrevista.
AMEAÇAS
Ainda em entrevista a "El País", o australiano disse que estava sendo constantemente ameaçado. "Recebi ameaças de morte o tempo todo. Meu advogado recebe, meus filhos recebem".
Ele acredita que elas devam vir de membros do Exército americano. Assange disse também que foi transferido três vezes, na prisão, sob o temor de ataque de outros detentos perigosos.
"Não podia sair da minha cela, mas muitos presos passavam coisas por debaixo da minha porta. Havia muita curiosidade", afirmou Assange, que recebia muitas cartas de curiosos.
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