“Os documentos dos crimes cometidos no Afeganistão pelos norte-americanos e seus aliados, divulgados pela organização WikiLeaks e reproduzidos por três dos mais importantes jornais do mundo, não nos chocam tanto por sua crueza quanto pela repetição banal da insânia. Não há muito de novo nas guerras: elas sempre nascem da ânsia de poder, esse companheiro inseparável do medo. São sentimentos que se alimentam mutuamente: o medo exige mais poder; o poder gera mais medo.
Os norte-americanos, desde a guerra de expansão contra o México e da conquista das Filipinas, procuraram superar seus mestres ingleses na crueldade contra os débeis. Em Hiroshima e Nagasáki foram práticos, usando a mais mortífera das armas: os que morreram, morreram logo; os que sobreviveram guardaram, nas cicatrizes externas e internas, a advertência de que haviam sido vencidos por titãs vindos do inferno, senhores do terror e servidores da morte.
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