terça-feira, 6 de outubro de 2009

O IDH DO PIG

Por Rodrigo Vianna

"EXPECTATIVA DE VIDA PUXA PARA BAIXO IDH DO BRASIL". Essa a bombástica manchete do UOL, na tarde desta segunda-feira

Uma amiga jornalista me chamou pra ver: "olha isso, não estou acreditando..."

Eu havia escutado a noticia sobre o IDH logo cedo no rádio. Ouvi, com todas as letras, o Joelmir Betting dizer na Rádio Bandeirantes que o Brasil havia melhorado um pouco nos indicadores e na nota geral. Ou seja: o Brasil melhorou no IDH.

A manchete do UOL, do grupo "Folha", dá a entender o contrário. O IDH do Brasil terai sido puxado pra baixo. Quando se lê o texto, percebe-se o contorcionismo do "repórter", para arrancar uma noticia ruim do relatorio.

Eles supõem que os leitores só têm um neurônio? Alguém fumou maconha estragada no UOL?

Não é preciso brigar com os fatos, para mostrar que o Brasil precisa melhorar. Basta andar por nossas ruas, pra saber que precisamos avançar décadas e décadas, até que esse país seja um lugar realmente decente para a maior parte de sua população. Isso é uma coisa. Outra coisa é querer brigar com os números.

O texto é assinado por Clóvis Rossi, o Luís XIV da alameda Barão de Limeira - http://www.rodrigovianna.com.br/radar-da-midia/a-folha-e-o-resmungo-de-rossi-jornalismo-sou-eu.

Como assim? Estamos entre os países com alto IDH. Estamos acima da China, da Índia. E quatro posições apenas abaixo da Rússia. O que não chega a ser a oitava maravilha. Mas está longe de ser "vexatório".

Vexatório é botar ficha falsa de ministra na primeira página. Vexatório é brigar com os fatos. Vexatório é ligar o resultado do IDH à Olimpíada (como fez Rossi), mas não lembrar as razões históricas de estarmos ainda longe do ideal: e elas passam pela escravidão, pela nossa elite oligárquica, pelas políticas concentradoras (sempre apoiadas pela "Folha", inclusive durante a ditadura).

Quando eu era garoto, e comecei a jogar futebol pra valer (eu era um lateral voluntarioso, e algo violento nas divididas), ficava sempre na dúvida se podia ir apoiar o ataque, ou se devia primeiro marcar o ponta-esquerda adversário (na época, todo time tinha um ponta-esquerda habilidoso). Meu pai tinha uma frase pra definir aqueles atacantes que faziam muita firula, mas não levavam perigo: "Esse aí a natureza marca". Era a senha: pode ir pro ataque, à vontade.

Acho que a definição serve pra esse povo da mídia brasileira: são tão tacanhos que a natureza marca. Nem precisa chegar junto na dividida.

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