O deputado de Daniel Dantas e arrombador do INCRA Raul Jungman em ação em Honduras.
A jornalista Heloisa Villela, correspondente em Washington da TV Record e enviada especial a Honduras, ficou no país de 24 de setembro a 2 de outubro.
Nesta entrevista ao Viomundo, faz um balanço dos fatos da sua chegada à sua partida.
Até agora Heloisa está chocada com a postura dos parlamentares brasileiros.
Viomundo – Na quinta-feira, os deputados federais Raul Jungman (PPS-PE), Claudio Cajado (DEM-BA), Bruno Araújo (PSDB-PE), Maurício Rands (PT-PE), Ivan Valente (PSOL-SP)e Janete Pietá (PT-SP)estiveram em Tegucigalpa. Conversaram com parlamentares locais, com o presidente deposto e Manuel Zelaya. No final, os quatro primeiros se reuniram durante quase duas horas com Roberto Micheletti. Esse encontro fazia parte da agenda?
Heloisa Villela – Não. Por isso mesmo os deputados Ivan Valente e Janete Pietá se recusaram a participar. Os dois ficaram irritadíssimos, pois o encontro não estava previsto e que não era o combinado. Testemunhei os seis parlamentares no elevador discutindo, mas o Ivan e a Janete não conseguiram convencer os outros. E acabou acontecendo aquele encontro.
Viomundo – Eles viram que você estava no elevador?
Heloisa Villela – O Raul Jungman, do PPS, percebeu que o cinegrafista da Record, Joaquim Leite Neto, estava gravando, e só dizia assim: “Ivanzinho, por favor”. E o Ivan balançava a cabeça.
Viomundo – Na matéria que foi ao ar no JR, a imagem que me marcou foi a do Micheletti e dos parlamentares rindo. Foi esse mesmo o clima do encontro? Os quatro apertaram a mão manchada de sangue do Micheletti?
Heloisa Villela – O tom amistoso e a troca de gracinhas foram irritantes. Não houve cobrança e sim bate-papo. Perguntei ao Micheletti se a presença deputados brasileiros significava um reconhecimento do governo. Ele disse que os parlamentares não tem esse papel, mas completou: “Espero que eles me ajudem”. Eles não só apertaram a mão do Micheletti como posaram para foto, todos juntos.
Viomundo – Como eles defenderam a visita ao Micheletti?
Heloisa Villela – Que graças à visita ao Micheletti, eles conseguiram a garantia de que a integridade da embaixada brasileira jamais será violada. Isso não é correto. Essa garantia já havia sido dada, por Micheletti, há dias. Eles também disseram que, na conversa, pediram que as linhas de telefone da embaixada fossem restabelecidas e que o golpista prometeu fazer o favor. Nossa… que favor!
Viomundo – É verdade que o encontro foi regado a vinho e comidinhas?
Heloisa Villela – Infelizmente, é. Na hora acabou o encontro, eu disse ao Mauricio Rands, que tinha sido informada há poucos minutos da provável transferência dos camponeses para um presídio de segurança máxima, onde some muita gente. E perguntei como ele se sentia ao apertar a mão do representante do governo que estava fazendo isso. Ele não respondeu. Não se referiu a direitos humanos, direitos civis, nada. Ficou apenas repetindo o discurso ensaiado de véspera. E pior. Disse que a OEA vai negociar também com os golpistas. Quando comentei que a OEA tem mandato para isso, ele saiu sem dizer mais nada. Uma decepção…
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