quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

SUPREMAS BOBAGENS

Luis Nassif

Invasões de terra pelo MST ou por quem quer que seja são assuntos da Justiça, sim.
Ao se meter no tema e, na condição de presidente do Supremo Tribunal Federa (STF), exortar a uma ação do Ministério Público, Gilmar Mendes volta a atropelar as normas de discrição e de não intromissão em assuntos de outros poderes, que deveria caracterizar o STF.
E o faz na condição de suspeito de ter participado de duas possíveis tramóias: o tal grampo de sua conversa com o senador Demóstenes Torres; e o relatório sobre a tal escuta ambiental no Supremo.
Essa escuta não existiu, foi uma falsificação endossada por ele. O grampo, se existiu, jamais foi apresentada uma prova sequer que consubstanciasse o pré-julgamento de Gilmar Mendes, atribuindo-o à ABIN. Ao usar esses factóides como álibi para atacar todos os poderes que ousaram enfrentar Daniel Dantas, Mendes lançou a sombra da suspeição sobre o Supremo.
Pergunto: tem Judiciário neste país? Tem Ministério Público? Tem algum poder que faça Gilmar responder pelos atos que cometeu? Espero que, terminado o inquérito da Polícia Federal, cesse essa desmoralização diuturna a que Gilmar está submetendo a até então mais preservada das instituições brasileiras: o Supremo.



Quer dizer que o Supremo Presidente do Supremo se dá ao trabalho de convocar a imprensa na quarta-feira de Cinzas?

Por que será?

Com medo que o Carlinhos Brown e o Salgueiro monopolizassem o noticiário?

Porque seu concorrente, o Ministro Marco Aurélio de Mello, ocupou espaço no PiG (*) com a história – clique aqui para ler – de que é proibido usar a internet para passar um e-mail que contenha o nome de Dilma Rousseff?

Gilmar Dantas, segundo Noblat, resolveu expressar sua opinião irrelevante sobre um assunto que pode estar na pauta do Supremo.

O Presidente Supremo do Supremo, Ele pode tudo.

Por que a opinião dEle sobre o MST interessaria?

Ele não inovou nada: os editoriais do Estadão dizem isso segundas, quartas, sextas e domingos…

A opinião dEle sobre o MST – fora dos autos – me interessa tanto quanto a do Carlinhos Brown.

A opinião dele só interessa quando expressa em votos, num julgamento no Supremo.

Fora dos autos, não vale um tostão furado.

A certa altura, Ele diz assim: “… a sociedade tolerou excessivamente esse tipo de ação por (êta, cacofonia, senhor Presidente!) razões diversas (???), talvez um certo paternalismo, uma certa compreensão (???), mas isso não é compatível com a Constituição”.

É o que se chama de “sociologia de botequim”.

Antes de pronunciar truísmos dessa natureza, Ele deveria consultar seu patrono e mentor, o Farol de Alexandria, que daria um verniz acadêmico a essas banalidades.

O Farol de Alexandria é especialista em não dizer nada e fazer com que os outros o levem a sério.

Gilmar Dantas, segundo Noblat, ainda não chegou lá.

A “entrevista” dEle não tem nenhum valor legal.

É uma tentativa de intervir no processo político e mais nada.

E começar a maratona de mídia pós-carnavalesca.

Paulo Henrique Amorim

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