Paulo Henrique Amorim
A Ministra Dilma Rousseff está feliz com a eleição de Sarney e Temer.
Acha que dois representantes da base aliada no comando do Congresso darão mais “governabilidade” ao país.
Ledo engano. O PMDB não é da base aliada. O PMDB é um partido de multi-mercenários.
O mercenário de São Paulo, Orestes Quércia, por exemplo, é serrista.
Com a mesma devoção com que Ronaldo defende as cores do Corinthians.
Como são serristas Michel Temer e Nelson Jobim.
O mercenário do Maranhão, José Sarney, é anti-serrista, porque Pedágio passou o trator em cima da filha dele, Roseana, na eleição de 2002.
Os mercenários do PMDB – Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha, exemplos edificantes disso – tem tanto compromisso com o Governo Lula quanto com o de Hamid Karzai, presidente do Afeganistão.
O que une todos os mercenários do PMDB é o fato de representarem a quinta-essência do conservadorismo.
Corrigir as iniquidades, distribuir melhor a renda, ampliar a participação do povo no processo de decisão, dar legitimidade às minorias – os mercenários do PMDB não têm nenhum compromisso com essas idéias.
Os mercenários lutam por soldo. E um Governo que se sustenta sobre as armas dos mercenários não se sustenta.
O presidente Lula está trancado no Palácio, apesar do que diz a Ministra Rousseff.
Entre o novo presidente do Senado e o Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas, segundo Ricardo Noblat, há uma ponte ideológica muito mais sólida do que a que une a “base aliada”.
Se Lula não se comportar muito bem, dentro dos limites estabelecidos pelo Congresso e o Supremo, ali ao lado, na outra Casa, Michel Temer, docemente constrangido pela hipótese de assumir a Presidência por meia hora, decretará o impeachment.
Lula vai comer o pão que o Diabo amassou nesses dois últimos anos de Governo.
Ele está cercado pelos sete lados.
A única carta que ele tem na mão, é a que sempre teve – e usou.
A popularidade. E tentar usá-la na sucessão.
E é exatamente isso o que a “base aliada”, aliada ao PiG (*), tentará impedir que ele use.
É patético ver que o partido do Presidente da República não consegue eleger um presidente de uma Casa do Congresso.
Mas, foi isso o que o Governo Lula fez.
É obra dele (e do Ministro Chefe da Casa Civil, José Dirceu)
Entregou-se ao PMDB.
É bom não esquecer que, no dia em que Duda Mendonça, na CPI dos Correios, confessou que recebia do PT numa conta offshore, a oposição só não decretou o impeachment, porque não teve coragem.
Porque a oposição acreditou na tese do “sangramento”, de autoria de Fernando Henrique Cardoso, que como sempre, advogava em causa própria.
O Farol de Alexandria queria que Lula sangrasse até chegar exangue nas eleições, para que, ele, Fernando Henrique, se elegesse nos braços do povo como o Dom Sebastião de Higienópolis.
Hoje, Fernando Henrique não passa de chefe da orquestra de Pedágio.
A oposição talvez não respeite mais a tese do sangramento – e prefira a execução final.
Com tiros, ou sem.
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