Paulo Henrique Amorim
O Ministro da Justiça Abelardo Jurema decidiu dar asilo – e liberdade – a Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália, por quatro assassinatos.
Battisti militou no PAC, Proletários Armados pelo Comunismo, e tinha sido preso no Rio, em 2007.
Hoje mesmo, ele pode sair da cadeia da Papuda, em Brasília, onde esteve desde então.
O Procurador Geral da República, Antonio Fernando de Souza, queria extraditá-lo para a Itália.
O Supremo Tribunal Federal está para julgar a extradição.
O que se interrompe, agora, com a decisão do Presidente Lula.
Com essa decisão, o Presidente Lula faz um favor ao Primeiro Ministro Silvio Berlusconi, que quer ver Battisti pelas costas.
Faz um favor ao Presidente francês Nicholas Sarkozy, que quer ver Battisti pelas costas (Battisti viveu na França e veio de lá para o Brasil).
O Presidente Lula faz um agrado em José Dirceu e Fernando Gabeira, que defenderam a permanência de Battisti no Brasil.
Berlusconi vem ao Brasil em fevereiro.
Poderia convidar Lula para comer uma pizza no restaurante que Battisti vai abrir em Brasília.
Por Mino Carta
Ótima fonte diz que o ministro da Justiça, Tarso Genro, está para manifestar-se a favor do asilo a Cesare Battisti. A fonte, como disse, é ótima, mas espero que esteja errada.
Battisti, como já foi fartamente divulgado por CartaCapital, inclusive por um texto de Wálter Fanganiello Maierovitch, o melhor conhecedor entre nós do funcionamento da Justiça italiana, matou pessoalmente três pessoas e foi mandante de um quarto assassínio.
Em nome de razões políticas inconsistentes.
Foi condenado à prisão perpétua por um tribunal idôneo há muito tempo. Fugiu, e depois de uma passagem pela França, acabou no Brasil, onde está preso, à espera das decisões da Justiça brasileira. Passo por cima das quizílias jurídicas e vou ao ponto.
Existe uma campanha a favor de Battisti engendrada nos meios mais ou menos intelectuais de uma esquerda festiva e corporativista. Militam na operação, determinada e capilar, também cidadãos em boa fé, evidentemente prejudicados pela desinformação. Mas os estrategistas não hesitam em omitir fatos e propalar inverdades.
Por exemplo: que o pedido de extradição parte do governo de direita de Silvio Berlusconi, quando é do conhecimento até do mundo mineral que partiu do governo anterior, de centro-esquerda. E é a este tempo, aliás, que remonta a primeira reportagem de CartaCapital.
Manobras escusas de tal gênero são tanto mais eficazes neste nosso Brasil, tão alheio às vicissitudes sofridas por vários países europeus, sobretudo na década de 70.
De todo modo, quem bate recordes em voos da imaginação é o próprio Battisti: em uma entrevista à revista Época, avisa que, se for extraditado, na Itália será assassinado.
Talvez suponha que o Brasil em peso foi assistir “Gomorra”.
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