por Tibério Alloggio (*)
Um fato gravíssimo acabou sendo consumado no TSE quando por um placar de 4 x 3 e contrariando as decisões das instancias inferiores, foi negado o registro da candidatura da prefeita ré-eleita Maria do Carmo. Uma eleição que ela venceu por maioria absoluta.
A questão, sobre o direito ou não da prefeita Maria do Carmo de participar da vida politica por compor o quadro do Ministério Publico, nunca questionada antes, foi deflagrada pela oposição política na recém-eleição municipal com intuito de reverter uma situação desesperadora, caracterizada por um processo irreversível de marginalização politica.
Um fenômeno que, além de Santarém, vem ocorrendo no Brasil desde 2003, ano em que Lula e a esquerda assumiram o País.
Derrotada nas urnas, sem apoio popular, e esmagada pela enorme popularidade do presidente Lula, a DIREITONA acabou por se agrupar entorno da mídia golpista e se esconder embaixo da capa preta do Poder Judiciário.
Na mídia, o fenômeno anti-esquerda ocorre historicamente, só aumentou de dose e intensidade pelo fato de Lula e o PT estarem no poder, portanto, segundo eles, sujeitos a serem derrubados.
Os fracassos da mídia golpista na tentativa de derrubar Lula, a falta de apoio popular e as sucessivas derrotas eleitorais colocaram a oposição numa situação de quase extinção.
Dos trés poderes, uma vez perdido o Executivo, e com representação pífia e minoritária no Legislativo, sobrou à oposição apenas o Judiciário para se entrincheirar e tentar esboçar uma resistência.
É o que vem acontecendo desde que o ministro Gilmar Mendes assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal. Fernando Henrique Cardoso é o pai e a mãe de Gilmar Mendes, e com Mendes no Supremo a oposição começou a usar o Judiciário para fazer oposição politica.
Desde que Mendes assumiu o STF, toda as ações do Judiciário visaram atropelar o Legislativo, legislando por conta própria, além de interferir nas decisões do Executivo, e forçá-lo a se submeter ao Supremo, inclusive inventando e criando problemas institucionais.
Gilmar Mendes é o ministro que concedeu dois habeas-corpus em 48 horas que livraram Daniel Dantas da cadeia, e que sucessivamente valeu-se de uma reportagem forjada pela revista Veja para alimentar uma pretensa crise institucional e chamar o presidente da Republica “as falas”.
É o maior “teórico” da tese do estado policial, para justificar um tratamento diferenciado (sem algemas) aos criminosos de colarinho branco. Seu maior feito até hoje foi perseguir juízes e promotores e tentar anular a investigação Satiagraha para salvar Daniel Dantas.
Hoje, o Judiciário, além de continuar fazendo aquilo que sempre fez, ou seja, proteger políticos fichas-sujas em atividade, garantindo mandados aos que já foram condenados e cassados, resolveu agora partir para o ataque contra a esquerda e tentar derrubar seus eleitos no tapetão.
Foi assim em Recife, quando um juiz tentou cassar o prefeito eleito ainda no primeiro turno, repete-se agora com a tentativa de impedir a posse da prefeita ré-eleita com maioria absoluta, negando seu registro de candidata. Isso após ela já ter sido deputada, eleita e reeleita ao cargo de prefeita de Santarém, e não responder a nenhum processo de improbidade.
Enquanto isso, políticos fichas-sujas, conhecidos arrombadores dos cofres públicos, com suas contas repetidamente reprovadas, campeões em falcatruas, pedófilos, sanguessugas, continuam circulando livremente pelos corredores dos fóruns, referendados pela policia, e sendo diplomados pelo poder “Judiciário”.
Uma afronta à vontade popular, uma afronta ao bom senso, enfim um chute ao estado de direito em favor do estado da “direita”. Um verdadeiro Golpe Branco!
Num quadro desses, qualquer discussão “técnica” em cima do caso de Maria do Carmo promovida pela turba de supostos expertos de direito, na verdade não passa de conversa para boi dormir.
Tá na hora da esquerda se tocar, e reagir. Entender que hoje o ataque mais virulento está vindo por dentro, pelo Judiciário, um poder historicamente legado ao “direito” da minoria dos ricos, brancos e poderosos.
Sociólogo, reside em Santarém. Escreve regularmente no blog do Jeso.
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