Paulo Henrique Amorim
Uma reportagem assinada por Rubens Glasberg e Samuel Possebon, da Teletime, deixa entender, antes de mais nada, que o Relatório Saadi, sabor menta, faz um “cozidão” de denúncias, mas não apura nada.
Quem tem que denunciar é a imprensa – não o PiG, mas a imprensa fora do PiG, como a Carta Capital.
O papel da Polícia Federal é investigar.
E o Dr Saadi não demonstrou apetite para investigar.
O trabalho dele, até agora, tem uma inclinação óbvia.
Proteger os fundos de pensão – Petros , Previ e Funcef -, que, no início denunciaram Dantas, mas, depois, se ajoelharam, e assinaram, na companhia da Ministra Dilma Rousseff, a patranha da “BrOi”.
O Dr Saadi dá a impressão de que os fundos são campeões da luta contra a corrupção.
Não é verdade.
Eles se submeteram a ela, a Dantas.
Glasberg e Possebom se concentram em analisar dois “protetores” de Dantas, no relatório sabor menta.
O Dr Saadi não vai para a jugular contra a Comissão de Valores Mobiliários, que se omitiu diante das falcatruas de Dantas.
A CVM foi boazinha: apurou de leve a forma irregular e ilegal de os fundos de Dantas no exterior, como o Opportunity Fund, terem conta de residentes no Brasil.
Glasberg e Possebon tratam também de um tal de “Conselhinho”, que, depois, absolveu Dantas de TODAS as falcatruas que Dantas perpetrou contra o sistema financeiro.
Em lugar de ir para cima da CVM e do Conselhinho, o Dr Saadi pega leve e se limita a dizer o que todo mundo que acompanha a fulgurante carreira de Dantas já sabia.
Na CVM, até hoje aparentemente, Dantas e a “BrOi” são tratados com tapete vermelho.
Outro aspecto que o relatório sabor menta negligencia é a questão das “ações garimpadas” por Dantas.
Aqui, o Conversa Afiada trata do que sabe, e isso não faz parte da reportagem de Glasberg e Possebon.
(Porque esse relatório Saadi vaza mais do que penico de asilo e a Corregedoria da Polícia Federal parece não dar a menor bola para isso. Já o “vazamento” para pegar o ínclito delegado Protógenes …)
O Dr Saadi nem chegou perto dessas ações garimpadas – elas que podem ser a cova em que se enterrará a “BrOi”.
Na teia de aranha das empresas da famiglia Dantas, há duas com uma função muito específica: a Forpart e a Parcom.
São controladas pelo Opportunity Fund, aquele de Cayman, que tem um monte de brasileiro na atividade de lavar dinheiro.
Quando ainda existia o Sistema Telebrás, o comprador de telefone, na verdade, comprava ações das empresas da Telebrás.
E teoricamente por ter ações dessa empresa – Telerj, Telemig ou Telesp - é que ele tinha direito a um telefone.
Havia empresas especializadas em comprar essas ações.
Cada proprietário tinha um volume pequeno de ações, que era comprado na bacia das almas.
É aí que entra um possível crime de Dantas, a que o Dr Saadi poderia se dedicar.
Dantas comprou a Brasil Telecom e a Telemig, com a grana que Fernando Henrique Cardoso, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Andre Lara Resende e Ricardo Sergio de Oliveira arrumaram para ele (a grana dos fundos das estatais).
E, na Brasil Telecom, Dantas detinha INFORMAÇÃO PRIVILEGIADA: ele, e só ele, sabia quem tinha ações das empresas que formaram a Brasil Telecom.
E mandava a Forpart e a Parcom bater na casa do freguês e comprar as ações.
Dantas sabia exatamente quem tinha e quanto tinha.
E comprava na bacia das almas.
O Oportunity Fund, entre muitas ilegalidades, não podia vir ao Brasil comprar ações de “garimpagem”, que é como isso se chama.
Qualquer pessoa que tenha vendido essas ações a Dantas pode entrar na Justiça e invocar que foi iludido por alguém (Dantas) de má fé.
E isso pode destruir a “BrOi”.
Sabe por que Dr Saadi?
Já que o senhor não parece muito interessado em saber o que é a patranha da “BrOi” (*), aqui vai uma informação que pode ser útil ao senhor ou ao Procurador da República que venha a examinar a questão.
Daniel Dantas vendeu essas ações garimpadas pelo Opportunity Fund à Oi como se fossem ações do “bloco controlador”
E a Oi pagou por elas um valor acima do valor de mercado.
Dr Saadi, veja que esperteza: Dantas comprou (via Opportunity Fund, Forpart e Parcom) na bacia das almas, e vendeu aos generosos diretores do BNDES - que deram a grana do FAT a Carlos Jereissati e Sergio Andrade - por preço acima do valor de mercado.
O Governo FHC deu a Brasil Telecom a Dantas e o Governo Lula vai dar a ele um cala-a-boca de US$ 1 bilhão para cair fora da Oi e da Brasil Telecom!
Pelo menos nisso FHC e Lula se parecem: eles adoram dar uma grana ao Dantas.
(Assim como José Serrágio e Dilma Rousseff, os dois candidatos que o PiG escolheu para o segundo turno querem escolher o sucessor de Lula. No caso de Serrágio é Dantas quem adora dar uma grana à filha de Serrágio… Ela é o Lulinha dos tucanos …)
E se um acionista minoritário da Brasil Telecom for à Justiça e disser: epa, também quero o meu!
E se um acionista minoritário da Oi disser: epa, que história é esse de comprar por um valor acima do valor de mercado ações que podem ser contestadas na Justiça?
E se se criar um gigantesco contencioso judicial, que emperre para sempre a instalação da “BrOi”?
Quantas irregularidades há nessa patranha toda e o Sr., Dr Saadi, vai levar essa bola nas costas?
O senhor, Dr Saadi, compraria ações da “BrOi”, se soubesse que a minha tia do Grajaú vai entrar na Justiça para buscar os mesmos direitos – um tag alonguinho…?
Como é fica a “BrOi”, Dr Saadi?
Quem precisa desesperadamente salvar a “BrOi” é o Governo Lula.
O senhor, não, Dr Saadi.
E a sua investigação não meteu o dedo nesse ponto do câncer de Dantas…
(*) O ínclito Delegado Protógenes Queiroz, ao ser demitido pessoalmente pelo Presidente Lula (o que tem medo do Supremo presidente Gilmar Mendes), deixou de herança ao Dr Saadi a transcrição – legal - de todos os grampos e todos os emails trocados pelos acionistas e executivos da Brasil Telecom no ato de montar a patranha da “BrOi”. Está tudo lá. E, mais ainda, devem conter os 12 HDs e o HD do servidor do Banco Opportunity, que a equipe do Delegado Queiroz achou quando prendeu Dantas. O Dr Saadi tem tudo isso e muito mais: tem o que estava na mochila de Dantas, em cima da mesa da sala de jantar, quando ele se preparava para fugir.
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