QUANDO É QUE LULA VAI ACORDAR E FAZER ALGUMA COISA?

Meirelles dá o que os bancos querem

Paulo Henrique Amorim

Lord Keynes dizia que quando os fatos mudavam ele mudava de idéia.
Mas, isso é o Lord Keynes, um economistazinho, que não chegou a ser lido pelos rapazes de Chicago (e de Boston) que mandam no Banco Central do Brasil.
Gordon Brown mudou de idéia.
Ele foi o “Thatcher” do Governo trabalhista de Tony Blair.
E foi o primeiro a estatizar os bancos.
Henry Paulson, que dirigiu a Goldman Sachs por séculos, mudou de idéia, e estatizou bancos americanos.
George Bush, que quer privatizar a Casa Branca, mudou de idéia e aceitou dar dinheiro para estatizar os bancos americanos.
E parte desse dinheiro, agora, vai ser usado para fazer uma “seleção natural”, no mercado bancário: o Governo Bush deu dinheiro aos bancos maiores para que comprem os fraquinhos.
Leia no New York Times:
Aqui, não.
O Presidente do Banco Central, que tem como economista um currículo tão extenso quanto o do José Serra – uma folha em branco – não muda de idéia.
“Engana-se quem vê mudança na estratégia do BC”, diz Henrique Meirelles, na página B3 do Estadão de hoje – clique aqui para ler.
É o que os americanos chamam de “famous last words” – é a frase do comandante do Titanic ao avistar a ponta do iceberg.
O mundo virou de cabeça para baixo. O Bush vai estatizar os bancos.
E o Meirelles não muda: a prioridade dele continua a ser o combate à inflação.
Inflação que, no mundo inteiro, por causa da queda do preço do petróleo e das commodities está com cara de DEFLAÇÃO.
E o Meirelles, não muda: se bobear, ele aumenta os juros, de novo, na reunião do Copom, de 28 e 29 deste mês.
Por que? Por que o Meirelles não muda a estratégia?
Porque Meirelles é ainda o presidente do BankBoston.
E aumentar os juros, nessa altura, é tudo o que os bancos querem.
Os bancos estão empoçados em cima do dinheiro, do dinheiro que o Banco Central deu, e não emprestam.
Os bancos brasileiros vão trancar a economia brasileira na poça.
E se vier aí um aumento de juros, já pensou, caro leitor ?
Cheios da grana e com os juros altos do Banco Central.
É mamão com açúcar, como dizia um estadista da política carioca, o Jorge Leite de Madureira ...