Como a Carta Capital destacou em sua edição que está nas bancas, raramente uma proposta de lei causou uma reação tão negativa dos norte-americanos quanto o pacote de U$ 700 bilhões de ajuda a instituições financeiras.
A derrota pegou de surpresa as lideranças dos partidos Democrata e Republicano, os candidatos presidenciais e o presidente George W. Bush, que fez vários apelos pela aprovação. Faltaram apenas 12 votos. Votaram contra 95 democratas e 133 republicanos.
Os democratas da ala esquerda do partido se opuseram alegando que se trata de ajuda a banqueiros com dinheiro público. Dos 75 integrantes do grupo de deputados progressistas do Congresso 46 votaram "não".
À direita, os republicanos que rejeitaram o pacote por motivos ideológicos consideram que o governo não deve intervir nos mercados.
Além disso, muitos dos que votaram contra fizeram isso por pragmatismo. Em 4 de novembro todas as cadeiras da Câmara de Representantes estarão em jogo. Dezoito dos 21 republicanos envolvidos em disputas acirradas votaram "não"; 10 dos 15 democratas que correm risco de perder a vaga fizeram o mesmo.
Nos Estados Unidos o voto é distrital, ou seja, o deputado vota de olho na reação dos eleitores de uma região geográfica restrita.
Tomemos como exemplo a disputa no oitavo distrito do estado de Wisconsin, entre o democrata Steve Kagen, que tenta se reeleger, e o republicano John Gard -- o da foto que ilustra a capa.
Em um dos comerciais de campanha que está no ar Gard aparece tendo ao fundo imagens que supostamente seriam de banqueiros de Wall Street brindando em um restaurante, enquanto diz: "Eles violam as regras e recebem dinheiro do Congresso".
Kagen, o democrata que concorre à reeleição, diz ter recebido 500 cartas de eleitores de seu distrito contra o pacote. "Kagen vota pela famílias de Wisconsin, não pelos especuladores de Wall Street", diz uma das manchetes da páginas de campanha do deputado.
Ou seja, se ele tivesse votado a favor do pacote ficaria vulnerável a ataques do adversário. Se o pacote voltar ao Congresso tudo indica que o democrata dirá "não" novamente. Caso contrário, corre o risco de perder o cargo.
Luiz Carlos Azenha
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