Desde o primeiro dia, a versão oficial do resgate de Ingrid Betancourt, juntamente com 11 policiais e militares colombianos e três mercenários estadunidenses, deixou a sensação de história mal contada.
Os soldados teriam se disfarçado de representantes de uma ONG inexistente. Por profunda que seja sua decadência, as Farc não sobreviveram a mais de quatro décadas de guerrilha acreditando em Papai Noel.
Pareceu plausível a tese de que líderes guerrilheiros foram subornados, difundida por uma rádio suíça.
Mas, em 5 de agosto, ao divulgar vídeos e fotos da operação, a tevê colombiana RCN revelou uma verdade ainda mais embaraçosa para o presidente Álvaro Uribe.
Em 16 de julho, a CNN divulgara uma foto mostrando o uso da Cruz Vermelha na operação. Era a amostra do material que uma fonte militar confidencial tentara vender por 300 mil dólares, proposta que a emissora recusou por não ter como verificar sua autenticidade.
Na ocasião, o governo colombiano pediu desculpas, que foram aceitas. Uribe disse ter sido enganado, o ministro da Defesa Juan Manuel Santos repassou a batata quente ao general Freddy Padilla, comandante do Exército, e este ao capitão que usou o jaleco.
Com medo dos rebeldes à espera do helicóptero, este teria contrariado ordens e colocado à ultima hora, sobre o colete, uma tela com o emblema. Não seria julgado e seu nome seria mantido em segredo, pois “reconheceu o erro aos seus superiores e a elementos judiciais”.
Agora, a versão divulgada pela emissora colombiana, mais completa (apesar de faltar o momento crítico da rendição dos guerrilheiros), provou que os soldados usavam uniformes e braçadeiras dessa instituição desde o treinamento – e ao final as queimaram para fazer desaparecer a evidência, caracterizando uma fraude premeditada e consciente.
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