segunda-feira, 28 de abril de 2008

O PT E AS TRAPALHADAS DA EXECUTIVA NACIONAL

A Executiva Nacional sempre prejudicou o PT quando resolveu interferir nas decisões locais do partido.
A situação calamitosa do PT do Rio de Janeiro vem de longe, mas foi sacramentada em 1998, quando a executiva nacional a mando do Zé Dirceu detonou a escolha de Vladimir Palmeira ao governo do estado. A cavalaria do Dirceu invadiu o Rio para impugnar a decisão e impor Benedita da Silva como vice numa chapa com .... Garotinho!, na mais burra coalizão já feita na história do PT.
A lógica do golpe era garantir uma aliança nacional com um Leonel Brizola que, naquele momento, já tinha menos peso eleitoral que Enéas. Os petistas cariocas sabiam quem era Garotinho e previram o desastre, mas Zé Dirceu falou mais alto.
O fiasco com Garotinho trouxe, para o PT carioca, uma desmoralização da qual não se recuperou até hoje, e o cinismo de Dirceu, ficou ainda mais claro hoje quando comemorou a vitória das “bases” sobre os “caciques” na recente prévia em que Maria do Rosário derrotou Miguel Rossetto em Porto Alegre. Os petistas do Rio conhecem o respeito que Dirceu tem pelas bases...
Agora, a história se repete. Já não é segredo para ninguém que o prefeito petista de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, político com índices de aprovação superiores aos de Lula, anda de namoro com Aécio Neves, com vistas a uma aliança na qual o PSB indicaria a cabeça-de-chapa para Belo Horizonte e o próprio Pimentel como candidato ao governo de Minas, apoiado por Aécio.
Qualquer um que sabe que, com os apoios de Aécio e Pimentel, até o Vesgo do Panico se elege prefeito de Belo Horizonte. Pimentel foi eleito no primeiro turno com 69% dos votos e sua taxa de aprovação anda por volta dos 74%. A aliança PT-PCdoB-PSB governa Belo Horizonte há 16 anos.
A nota da Executiva que veta o acordo afirma que O DN e o Diretório Estadual de Minas Gerais consideram o governo Aécio Neves uma administração comprometida com políticas frontalmente distintas daquelas que compõem nosso ideário e o nosso programa de governo . Dez anos atrás, essa frase poderia ainda ter sentido.
Hoje, depois das alianças do PT com José Sarney e Jáder Barbalho, ela soa cínica aos olhos de grande parte do eleitorado. Não discuto o mérito dessas alianças. Minha posição é que elas só poderão ser eliminadas depois de uma reforma política.

O problema é concreto: o que vai pensar o eleitor petista em Minas, vendo o partido jogar pela janela a possibilidade de governar o segundo maior estado da federação?
A pior parte da nota da Executiva é o ponto seguinte, que estabelece que o partido não autorizará, em nenhuma hipótese, o PT a participar de qualquer coligação da qual faça parte o PSDB naquela capital. Note-se que o virtual candidato a prefeito de BH não é do PSDB; é do PSB, partido historicamente aliado ao PT.
Em Minas, Aécio age de olho em sua candidatura a presidente? É óbvio que sim. Mas também está claro que Aécio sabe que essa aliança não lhe garante nada quanto à posição do PT em 2010.
O PT nacional não está lidando da forma mais inteligente. O PT já poderia, por exemplo, ter deslocado o nome que está sobre a mesa, do Secretário Estadual do Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda (PSB), sobre quem pairam dúvidas de ordem ética, em favor do outro nome que havia sido oferecido, a excelente ex-reitora da UFMG, Ana Lúcia Gazzolla (PSB), sobre cuja integridade e competência não paira nenhuma dúvida.
Agora parece que já complicou tudo. Setores resistentes ao acordo, especialmente na esquerda do PT mineiro sustentam que se for para abrir mão da cabeça-de-chapa em BH, que seja em favor de uma velha aliada, a deputada federal do PC do B Jô Moraes.
Ela é a atual líder das pesquisas em qualquer cenário que não inclua o petista Patrus Ananias.
Se o PT terminar indicando o vice de Jô Moraes ao invés de costurar o acordão com Aécio, isso pode repercutir nas eleições de São Paulo, emplacando Aldo Rebelo como vice de Marta Suplicy. Aliás, já ficou difícil acompanhar as duas corridas isoladamente.
Reitero que não sou fã de Aécio, mas o PT vai passar por um desgaste muito grande se dinamitar essa aliança, caso daqui a dois anos, venha apoiar a campanha de Ciro Gomes.

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