Há uma guerra de vaidades em curso entre Álvaro Uribe e Hugo Chávez. No sábado, Uribe suspendeu bruscamente a intermediação de Chávez nas negociações pela soltura de reféns das FARCs. A alegação é de que o presidente da Venezuela não estava autorizado a conversar com o general Mario Montoya, chefe das Forças Armadas colombianas. Seu interlocutor no governo deveria ser Uribe e ninguém mais.
Não custa lembrar, a responsabilidade pela existência dos 45 reféns é das FARCs.A reação da Venezuela foi inicialmente cautelosa e, posteriormente, dura. Chávez declarou primeiro sua ‘aceitação’ e ‘frustração’ e logo, na madrugada de sábado, disse que se sentia ‘traído’ e que isto afetaria a relação dos dois países. O presidente francês, Nicolás Sarkozy, junto a seus familiares, pediu a Uribe que reconsiderasse, informou que enviaria uma carta formal e declarou que Chávez ‘é a melhor opção’. No entanto, apesar da indiscrição e teatralidade do mandatário vizinho, não se pode negar que em três meses sua gestão fazia com que as negociações enfim saíssem do ponto morto.
A idéia de que um contato entre Chávez e o generalato colombiano poderia despertar simpatias bolivarianas nos militares colombianos é certamente uma desculpa. Uribe estava incomodado porque perigava Chávez sair protagonista – até mesmo herói – de uma negociação destas, com os reféns a tiracolo.
Álvaro Uribe continua com um problema nas mãos – um problema que evidentemente ele não tem condições ou mesmo competência para resolver. Talvez, como sugere o presidente francês, Hugo Chávez fosse o único interlocutor possível. Negociação é, infelizmente, a arte do possível. Se há um custo político? Evidentemente que há. O fortalecimento de Chávez, a legitimação das FARCs. É com esse objetivo mesmo que matam e seqüestram: para ampliar sua influência.
Desistir das negociações para não legitimar não é solução. E o problema continua lá, do mesmo tamanho. Há vidas em jogo. Uribe está brincando com essas vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário