sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O OUTRO LADO DO BARRACO

Quem apanha é o apresentador de um programa da TV Regional de Táchira. O nome dele é Gustavo Azócar. Açúcar, em espanhol, é "azúcar". Aproveitando o sobrenome, ele batizou o programa de entrevistas com o trocadalho "Café com Azócar". Gustavo escreveu o livro "Histórias negras dos líderes vermelhos", sobre lideranças chavistas. Quem bate nele é a deputada chavista María Iris Varela, que foi tirar satisfação no estúdio da emissora.
Veja o barraco.
Ela pediu desculpas aos venezuelanos pelo ataque de nervos, mas não ao jornalista. Segundo a deputada, "até as feras defendem suas crias". A deputada diz que a memória do filho foi ofendida e que o jornalista se negou a dar a ela direito de resposta. O direito de resposta contou com a presença de quatro guarda-costas da deputada, que não se envolveram diretamente nas agressões físicas ao apresentador.
O jornalista diz que, se for morto, a culpa será de Hugo Chávez. E que só vai abandonar a carreira se levar um tiro. A deputada afirma que armou o barraco depois que, do lado de fora do prédio, foi agredida por uma mulher que se apresentou como esposa do jornalista e "puxou meus cabelos".

No Hospital Central de San Cristóbal há uma história que tem a ver com a vida de Iris Varela e que pode ser chave para entender seu comportamento, sua agressividade, seu ódio visceral contra alguns setores políticos da oposição e seu ressentimento.
O relato, confirmado por alguns médicos e enfermeiras que preferem se manter no anonimato, é de que María Iris foi levada à sala de partos em 1992 com uma gravidez complicadíssima que, apesar do grande esforço dos médicos que cuidavam dela, terminou em tragédia.
Em algumas ocasiões, María Iris Varela tem dito, tanto privadamente quanto em público, que seu filho foi morto pela Quarta República [a que precedeu Hugo Chávez]. Disse, inclusive, que como o parto foi em 1992, depois do golpe de estado liderado pelo comandante Hugo Chávez, que nos hospitais havia rejeição àqueles que estavam identificados com a tentativa golpista.

Alguns psicólogos acreditam que esse acontecimento marcou para sempre a vida da deputada e que a lembrança do filho que nunca pôde ter a acompanhará para sempre como uma marca inapagável."

Um comentário:

Unknown disse...

Porter, desculpe o tamanho do comentário, que "roubo" do blog www.walter-rodrigues.jor.br
Mas acho que vc vai gostar.
Bom final de semana.
Abs

---------

Por que não me calo

Alguns colegas jornalistas e leitores reclamam de minha "insistência" em defender o “ditador” Hugo Chávez. Faço um grande esforço para levá-los a sério ou para crer que não estão trapaceando.

Trezentos colunistas, políticos etc escrevem ou declaram todo santo dia contra Chávez, ecoando campanha internacional de nítida intenção golpista. Mas quando meia dúzia argumenta em contrário, os bem-pensantes saem com a conversa de que já chega desse assunto. Querem dizer: já chega de contrapor-se à "maciça" açulada pelo imperialismo midiático.

Todo mundo que nunca se importou com o massacre de 1 milhão, no Iraque e no Afeganistão — ou com o golpe militar de 2002 na Venezuela — agora está preocupadíssimo com o que se passa em nosso vizinho do norte.

Quem acha natural que a única superpotência do planeta tenha soldados e poderosas bases militares na Colômbia e no Equador, esses mesmos vivem no lexotan porque Chávez comprou 100 mil fuzis e meia dúzia de aviões de combate. Porque Chávez é um “autocrata”, murmuram com lábios trêmulos.

Doce convíveo

Começa pelo senador José Sarney, que conviveu docemente com a ditadura brasileira de 1964-85, mas anda agora por aí com uma lupa de alumínio, importada de Miami, buscando indícios de autoritarismo no governo de Caracas.

Maltratado pela grande imprensa desde que empenhou seu prestígio em favor do governo Lula, o ex-presidente reaproxima-se da direita trabalhando contra o ingresso da Venezuela no Mercosul. Seu pretexto é que lá não existe a “alternância no poder”. Como disse o cauteloso deputado Flávio Dino, comunista maranhense adoçado com sacarina, uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Democracia revolucionária

Chávez foi eleito, reeleito e ainda confirmado num plebiscito revocatório requerido pela oposição. Governa nos confins de uma Constituição escrita por uma assembléia sem biônicos (diferente da que Sarney convocou em 1987), e posteriormente referendada em plebiscito.

Não há presos políticos na Venezuela, nem tortura, nem “desaparecidos”, nem censura. Há uma espécie de social-democracia revolucionária, que os babões do primeiro mundo consideram inconcebível, porque não é copiada nem dos EUA, nem da Suécia, nem da Alemanha, nem de Cuba.

Chávez quer agora que o povo, em mais um plebiscito, manifeste se autoriza ou não reeleições sem limite de mandatos. Não se trata de prorrogar o mandato de Chávez, mas apenas de permitir que ele e os sucessores se candidatem.

Pense você o que pensar da proposta, por que o povo da Venezuela não tem o direito de escolher sem interferência externa? Quem é que se mete nos negócios dos países ricos que insistem em preservar instituições anacrônicas, como a monarquia, ou mesmo quando elegem presidentes na fraude, como Bush em 2000?

Quantos não eram contra a reeleição no Brasil? A coisa aqui, entretanto, foi resolvida apenas no Parlamento, e não sine pecunia.

Alternância de quepes

Mas Sarney exige alternância, fingindo esquecer que Chávez, ou qualquer outro que o suceda, na hipótese de aprovada a reeleição sem limite, terá que disputar eleições periódicas.

Fala como se a Venezuela estivesse ameaçada de cair na “alternância” da ditadura brasileira de 1964: marechal Castelo, marechal Costa e Silva, Junta Militar, general Médice, general Geisel, general Figueiredo... “Eleitos”, quando muito, pelo Estado Maior do Exército.

Eles detestam Bush...

Para melhorar a cara, alguns desses democratas de fachada “detestam Bush” também. Como se Bush fosse o piloto do único avião que bombardeou Bagdá, Faluja ou Kabul e espalhou urânio empobrecido, doença e morte no território dessas nações infelizes. Como se Coréia, Vietnam, Laos, Camboja, Granada, Panamá, República Dominicana, Líbano, Cuba, até a bomba de Hiroshima, tudo isso fosse obra de um homem só, o "malvado Bush". De repente vêem o arbusto, mas não enxergam a floresta.

Essa é a melhor maneira que os “imparciais” acharam de continuar submissos ao imperialismo dos EUA. Afinal, o mandato de Bush já está acabando, e até seus compatriotas querem vê-lo pelas costas.

Lógico: até o cretino mais fundamental do Ianquistão começa a achar que algo está errado quando sabe que morreram alguns milhares de boys, onde só deveriam morrer milhões de afegãos e iraquianos.

Esses estão mais preocupados com seus pagos e bagos que com Chávez. Ainda são mais racionais que nossos “ianquinhos” subdesenvolvidos.

Um tapinha não dói

A TV é a máquina de mentira mais perfeita que já se inventou. Leitor de jornal, ainda o mais tolo que seja, engole menos lorota. Afinal, estão apenas lhe contando uma história. E se não foi assim?

Já a TV, manipulada por desonestos, pode dar a idéia de que você “viu” o que aconteceu.

Viu, por exemplo, que a deputada chavista, criticada por um apresentador de TV, invadiu o estúdio, tomou-lhe o microfone e ainda o esbofeteou várias vezes. Um “atentado à liberdade de imprensa”, que só poderia mesmo ocorrer num país “a caminho da ditadura”. Alguns leitores falam como se Chávez é que tivesse mandado o apresentador “calar a boca”.

O que você não viu e não soube é que o apresentador, um consumado patife que vivia a insultá-la da maneira mais cruel, por último excedeu-se a si mesmo publicando um livreco tão ignóbil, que chega mesmo a debochar do episódio em que o filho da deputada morreu pouco depois do nascimento. Cinicamente, especula se o bebê terá morrido em razão dos “problemas psicológicos” da mãe, ou se devido a doenças hereditárias.

Quando a moça invadiu o estúdio e tentou falar, o apresentador continuou debochando, rindo e tentando abafar suas palavras de revolta. Era compreensível, nas circunstâncias, ainda que não fosse desejável, que ela lhe desse com o microfone na cara. Deu apenas uns tapinhas de efeito moral. Você não acha que foi pouco?

Para ver a cena completa, omitida pelas agências transnacionais e seus clientes na TV brasileira, vá ao Blog do Mello

Para ler este artigo no word, clique aqui.