quarta-feira, 21 de novembro de 2007

EMPRESÁRIOS E POLITICA NO PARÁ: OS CONTOS DO TERROR

Fonte: O LIBERAL

O esforço da defensora pública Marilda Cantal em conseguir o benefício da delação premiada para Sebastião Cardias, assassino confesso de um dos irmãos Novelino, não surtiu efeito. O juiz Raimundo Moisés Flexa indeferiu o requerimento da defensora, apresentado em plenário, após o depoimento do réu, negando a possibilidade de redução da pena a que ele poderá ser condenado.

“Ou matava ou morria”

Sebastião Cardias foi o primeiro a depor. Ele não acrescentou mais informações ao processo, além do que já havia dito ao promotor Paulo Godinho, duas semanas antes do julgamento. Cardias confirmou que foi o empresário João Batista Ferreira Bastos, o Chico Ferreira, quem mandou matar os irmãos Ubiracy e Uraquitan Novelino. Cardias disse que fora contratado juntamente com o ex-fuzileiro José Augusto Marroquim por Luiz Araújo.
O radialista os apresentou a Chico Ferreira. O trato, disse, era apenas para forjar o assalto na Service Brasil, empresa de propriedade de Ferreira, no dia 25 de abril, quando o empresário se reuniria com os irmãos Novelino. A intenção seria resgatar os cheques do empréstimo feito por Chico e que seriam pagos com juros aos dois irmãos.
Cardias acrescentou que praticou o crime porque Chico Ferreira o obrigou, alegando que seus sócios Marcelo Gabriel e Carlos Maurício Ettinger, além dos outros irmãos do empresário de prenomes Tadeu e Jorge também estariam exigindo a eliminação dos Novelino. 'Ou eu matava ou morria', disse aos jurados e ao juiz.
Outra informação repassada por Cardias é que o empresário de Itaituba e ex-deputado estadual Wilmar Freire sabia de toda a trama, pois se reunira no dia seguinte ao crime no sítio de Luiz Araújo, em Benevides, com os advogados de Chico Ferreira e o próprio radialista.
Sebastião Cardias também confirmou os nomes da lista de pessoas marcadas para serem eliminadas pelo grupo do empresário, começando pelo deputado federal Paulo Rocha, secretário estadual de Transportes, Valdir Ganzer e da presidente do Instituto Estadual de Previdência, Sandra Leite, além do prefeito de Parauapebas, Darcy Lermen, todos do Partido dos Trabalhadores.
Um dos momentos mais tensos do depoimento de Cardias foi quando o juiz mandou que ele demonstrasse como estrangulou um dos irmãos Novelino, utilizando uma mangueira de borracha. Um dos servidores do fórum fez o papel da vítima.

Chico Ferreira diz que dinheiro tomado das vítimas foi entregue a petistas

Vestido com uniforme de presidiário, o depoimento de Chico Ferreira foi mais contundente do que as tão esperadas revelações de Cardias. Ferreira disse que a dívida com os Novelino fora feita em 2004, num total de R$ 8 milhões, dos quais já havia pago R$ 4 milhões. O dinheiro, disse, fora repassado aos deputados Paulo Rocha e Valdir Ganzer, atual secretário estadual de Transportes, e para o prefeito de Parauapebas, Darcy Lermen. Com a prisão de Chico Ferreira em novembro de 2006, envolvido na Operação Rêmora, Ferreira afirma que caiu em desgraça porque seus devedores deixaram de pagá-lo. Os Novelino, entretanto, estavam pressionando-o.
Ele negou que Marcelo Gabriel seja seu sócio em uma de suas 39 empresas, mas assegurou que o filho do ex-governador era 'um grade lobista durante o governo tucano' e que Marcelo mantinha uma espécie de empresa de representação de fachada.
Ferreira confirmou a presença do ex-deputado Wilmar Freire no sítio de Luiz Araújo, no dia seguinte ao crime. Depois, negou que tenha planejado os crimes. Disse que conheceu Cardias por intermédio de Luiz Araújo e admitiu que mandou comprar dois celulares para se comunicar com o matador, porque seus telefones estavam todos grampeados. Disse que o contato com Cardias era apenas para ele fazer serviços de segurança, mas disse que viu as vítimas serem colocadas nos tambores e em cima da Fiorino por Cardias e Maroquim. Por fim disse que não foi à Polícia denunciar a ação porque Cardias ameaçou matar toda sua família.

'Quando vi os dois algemados, percebi que seria homicídio', diz Marroquim

À tarde, José Augusto Marroquim negou ter executado um dos irmãos Novelino, desmentindo a acusação de Sebastião Cardias, no depoimento que prestou pela manhã. Marroquim disse que foi contratado por Cardias 'apenas para simular um assalto, para que 'eles' conseguissem reaver dinheiro, cheques e documentos que estariam na sede da Service Brasil'.
O réu disse que 'foi tudo planejado pelo Cardias'. 'Quando vi os dois algemados percebi que seria homicídio, mas não tinha como sair de lá porque senão não estaria, aqui, agora, contando isso para vocês', alega. Marroquim confessou ter sido contratado por Cardias para participar da 'simulação' de assalto, e que para isso receberia R$ 3 mil.
Ele contou com detalhes como abordou as vítimas e as imobilizou para que pensassem que era um assalto. Os irmãos foram algemados e obrigados a ficar dejoelhos. Depois, um deles foi agredido com um porrete e desmaiou, enquanto o outro foi asfixiado com uma mangueira de jardim. 'Depois, ele (Cardias) foi até o outro que estava desacordado e também o asfixiou com a mangueira', disse o réu.
Ainda segundo Marroquim, os corpos dos dois irmãos foram colocados em tambores, levados para o porto de Belém, amarrados a baldes de concreto e jogados na baía do Guajará.

Enfim

1- Cardias acrescenta o prefeito de Parauapebas, Darcy Lermen, à lista dos marcados para morrer
2 - Chico Ferreira confirma encontro com Wilmar Freire em sítio de Luiz Araújo um dia após o crime
3 - Marroquim acusa Cardias de ter planejado todas as etapas do assassinato dos irmãos Novelino.

Comentário:

Ficaram assustados?

Infelizmente não é fantasia, é historia real contada por seus protagonistas, É uma face da cara do Pará.

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