segunda-feira, 22 de outubro de 2007

REFLEXÃO DO DIA

Capitalismo Verde

O Prêmio Nobel da Paz, dado a Al Gore juntamente com o IPCC, deverá ampliar a consciência ecológica da humanidade, principalmente, das suas elites.

O IPCC pela demonstração científica e Al Gore pela disseminação mundial dos problemas fizeram com que o aquecimento global fosse incluida prioritariamente na agenda da elite mundial.
Há alguns anos atrás a humanidade estava sob o risco da explosão demográfica. Com a ajuda da tecnologia, as camadas de maior renda passaram a planejar e controlar a natalidade e as taxas começaram a cair, constituindo-se hoje em problema para alguns paises. O problema subsequente era a diversidade de resultados entre as classes de renda mas, depois de muitos anos, a taxa de natalidade dentro das classes mais pobres também vem caindo.
O problema agora não é tanto o crescimento absoluto da população mundial, apesar dos mega números, mas dos níveis de consumo dessa população. Todos querem consumir mais ou melhor e esse aumento de consumo significa maior uso de recursos naturais, em escalas superiores à capacidade de renovação da natureza.
A primeira resposta encontrada pelas elites mundiais, incluindo o próprio Al Gore, é a compensação ambiental, dentro dessa perspectiva de recomposição natural.
A humanidade, com os seus processos produtivos e com o seu consumo, aceleram a transformação de elementos naturais em gases de efeito estufa: que estão provocando, gradativamente, o aquecimento global.
A natureza tem o seu processo natural de reciclagem - ainda que lentíssima, que em muitos casos leva milhões de anos: o gás carbônico (principal gás de efeito estufa) é absorvido pelas plantas. Ocorre o que se chama "sequestro de carbono", base adotada pelo Protocolo de Kyoto.
A primeira fase do movimento ambientalista foi a preservação. Os ambientalistas defendiam a intocabilidade da natureza. Ela não deveria ser mexida, alterada pela ação humana. Deveria ser "imexível".
A preservação de contrapunha ao desenvolvimento, à inovação, à modernidade. Não parecia possível à humanidade melhorar as suas condições de vida, sem alterar as condições naturais. Seria condenada a própria humanidade à pobreza eterna.
Dai a elite mundial ter criada a sustentabilidade e o conceito de desenvolvimento sustentável. O que deveria ser preservada era a oportunidade das futuras gerações terem um ambiente "saudável" como os das gerações atuais.
Aceito o conceito de desenvolvimento sustentável, que era uma alternativa à preservação radical, emergiu a figura da compensação ambiental que, incialmente, era uma forma dos paises em desenvolvimento, poderem aumentar a emissão dos gases de efeito estufa, sem a restrição que seria imposta aos paises desenvolvidos.
A terceira fase é o da compensação ambiental, com o plantio de árvores para compensar a emissão dos gases. Supõe-se - com base em algumas constatações científicas - que as novas árvores absorvem o carbono, evitando que os gases subam à atmosera, gerando o efeito estufa. O que não está suficientemente avaliada é a diferença de absorção pelas diversas espécies, assim como entre a renovação vegetal natural e a artificial.
O fato é que as elites encontraram na compensação ambiental a saída para a sua consciência. Gerou, dessa forma, o capitalismo verde.
Algumas das maiores empresas mundiais estão aderindo a esse movimento, começando pela maior delas: a Wal Mart.
Esse movimento, como todos os demais, tem as suas virtudes e também os seus problemas e defeitos.
A principal virtude é que oferece uma alternativa de ação para as pessoas, sejam na sua vida particular, como na vida empesarial. Plantar uma árvore ou participar de um programa de plantio de árvores é uma forma pragmática de achar que está contribuindo para minorar o problema e dar a sua contribuição para evitar o aquecimento global. E está. Mas, eventualmente, não em escala suficiente.
Com a compensação as pessoas podem se achar no direito de continuar poluindo. Ou até aumentar a sua emissão particular de gases de efeito estufa. Porque, por outro lado, estariam compensando.
Ou seja, a compensação vai de (atenção, de e não ao) encontro à redução dos recursos naturais.
O mais importante de um capitalismo sustentável é a produção sustentável. Que se baseia, primeiramente, numa produção com minimização do uso de recursos naturais. E, secundariamente, na reutilização e reciclagem.
A prioridade estaria na produtividade do uso de recursos naturais. Significa, basicamente, melhor aproveitamento e redução da geração de residuos. Isto é, a menor geração de matérias primas não aproveitadas no processo produtivo.

O conceito não é difícil de absorver. O difícil é transformar em ações efetivas.

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