sexta-feira, 5 de outubro de 2007

ANALISES e OPINIÕES

RUMO À SUCESSÃO MUNICIPAL

Por Tiberio Alloggio (*)

São cada vez mais do que claras as movimentações para os projetos políticos e pessoais rumo à disputa municipal de 2008. Terminado o troca-troca de partidos garantia de espaço e coligações, já entramos na fase da exposição dos candidatos a candidato, e pela cidade toda florescem outdoors elogiando ou parabenizando políticos de todo credo. Enquanto isso, denuncias/ entrevistas em busca de visibilidade para aspirantes a candidato, começaram a preencher os noticiários locais.
As cúpulas políticas, aquelas incensadas pela mídia, como sempre já fazem especulações, agindo como se fossem donas do eleitorado e discutem candidaturas em função da sua aceitação dentre elas, tentando enganar os leitores e ouvintes que querem ser enganados. Porem apesar das pressões exercidas por candidatos a candidato e/ou pela mídia partidarizada há outras questões que devem ser levadas em conta na analise das movimentações políticas.

A primeira é que (independentemente das especulações) qualquer candidato precisa passar pelo crivo partidário. A segunda é que ao avalizar o candidato é sempre conveniente indagar sobre sua densidade eleitoral (atual ou potencial), ou seja, a sua capacidade de conquistar votos. Olhando por esse lado fica mais fácil especular sobre as movimentações políticas e seus possíveis ou prováveis candidatos para o pleito Municipal.

No bloco da situação, as coisas parecem ocorrer “tranquilamente” embora o PT não tenha oficializado nenhuma candidatura, não será surpresa para ninguém o lançamento à reeleição da Prefeita Maria do Carmo. A única duvida nesse bloco será o tamanho da coligação que poderá ser maior daquela que venceu em 2002, inclusive envolvendo de vez o PMDB.

Alem de ser candidata natural, Maria do Carmo goza de comprovada densidade eleitoral e de uma invejável capacidade pessoal de saber se comunicar com a população. Soma-se a isso a vantagem de largar na confortável posição de “situação” (a mesma que levou o Presidente Lula ao segundo mandato), ou seja, poder comparar seus quatros anos de governo com os oitos anos de seu antecessor.

Inversamente proporcionais às vantagens da situação estão os problemas que complicam a vida da oposição, pois dificilmente (PSDB-DEM) conseguirão montar uma coligação do mesmo porte daquela que saiu derrotada e esvaziada em 2002, alem do mais terão que resolver o dilema de quem vai encabeçar uma disputa que se apresenta como nada fácil.

Além das dificuldades de apresentar uma coalizão competitiva, a oposição terá que indicar um candidato com algumas chances de vitória. Olhando do ponto de vista da densidade eleitoral, o único nome que a oposição dispõe é o do ex Prefeito (hoje deputado) Lira Maia, campeão de votos na eleição proporcional de 2006. Uma boa opção, mas que apresenta fragilidades evidentes.

Primeiro: trata-se de enfrentar uma eleição majoritária, bem diferente de uma disputa proporcional, pois nesse caso os critérios de escolha dos eleitores mudam substancialmente. Segundo: tratando-se do ex-Prefeito, sua administração será inevitavelmente comparada a toda hora com a atual, e vale lembrar que foi uma administração sonoramente reprovada nas urnas em 2002. Um alto risco para quem, como Lira Maia, persegue um projeto político de longo prazo. O ex Prefeito parece ambicionar um espaço político mais regional, e uma derrota em 2008 colocaria em cheque suas ambições políticas.

Caso Lira Maia resolva esquivar-se da disputa frontal, só resta para a oposição o nome de Alexandre Von, que não possui o carisma e nem a densidade eleitoral do seu Chefe. Ademais, nessa escolha, pesará a derrota eleitoral já sofrida ainda como vice-Prefeito e não poderá fugir da inevitável comparação de sua gestão com a atual, uma presa ainda mais fácil para Maria do Carmo.

Mas, esse é o dilema que hoje vive a oposição, por um lado a obrigação de marcar posição e sair para o enfrentamento, e pelo outro, no curto prazo, uma penúria de conteúdo e de nomes alternativos competitivos. É bem provável que ciente dessas fragilidades, a oposição resolva (a espera de um milagre) indicar Alexandre Von para o ”sacrifício”, visando tempos melhores em 2010 e 2012.

Há uma possibilidade de uma terceira via, caso o PMDB resolva lançar candidatura própria, mas o risco implícito nessa escolha é que o partido se mantenha ainda na terceira colocação. Poderia até valer como escolha oportunista (para depois compor com quem ganhar pleito), mas é uma opção que diminui consideravelmente sua fatia de poder.

O fato de o PMDB ter recolhido muitos cacos oriundos da implosão da “União pelo Pará” não o torna automaticamente um partido hegemônico. Pelo contrario, estará ainda mais sujeito a sofrer divisões qualquer que seja a postura a ser adotada no pleito municipal. Ademais, falta densidade eleitoral aos nomes que dispõe para poder romper a polarização Maria-Lira Maia. Por isso, a probabilidade de o PMDB resolver compor com o PT é real. Talvez negociando mais espaços e/ou o Vice, para assumir a Prefeitura caso Maria do Carmo resolva (nos meados do segundo mandato) disputar uma vaga na Câmara ou no Senado.

Enfim, faltando um ano para as eleições municipais, não há grandes novidades políticas vindo pela frente, a polarização continua a mesma. Novidades mesmo talvez no médio prazo.


* O Autor é Sociologo e escreve em Blogs e Jornais

Nenhum comentário: