segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

INQUÉRITO DOS BRIGADISTAS: UMA FARSA

A versão é inverossímil, inacreditável, maluca. Segundo ela, cinco integrantes de uma brigada de 
voluntários contra incêndio de Alter do Chão, que se tornou o mais famoso balneário do Pará (e dos 
mais celebrados balneários brasileiros em todo mundo), simulavam combater o fogo, mas, na 
verdade, o desencadearam. De declarados bombeiros se transformaram ardilosamente em 
incendiários para bater fotos e espalhá-las à cata de doações para si e sua causa. Um golpe inédito 
nos anais desse tipo de história, além de temerário e certamente insustentável.
Com base em diz-que-disse, a polícia prendeu os acusados, jogou-os na cadeia, raspou-lhes os 
cabelos, vestiu-os como presidiários e os humilhou o quanto pôde. Inicialmente, o juiz estadual 
manteve a arbitrária prisão, voltando atrás dois dias depois, tal foi a reação ao absurdo.
O governador tirou o delegado que iniciara a investigação, mandando - novamente de Belém - outro 
para continuar o serviço. Trocou seis por meia dúzia, já que o relatório final sustenta as mesmas 
ilações do primeiro delegado. Quando se esperava por sólidas provas para sustentar a algaravia 
acusatória, o que se vê é ainda pior. Tudo se baseia em testemunhos, dados por pessoas sem 
legitimidade ou credibilidade.
Percebe-se facilmente o ânimo de incriminar e dar por definida uma culpa que não se sustenta em 
nenhuma prova, parecendo que a acusação, a prisão e o indiciamento servem a um enredo oculto, 
embora não invisível. Se é isso que a polícia civil tem para sustentar o seu procedimento, então se 
espera que haja um deslocamento de competência e a participação do Ministério Público para que o 
Pará seja poupado, mais uma vez, de se apresentar ao mundo como um lugar de abusos sem os freios 
do direito e da justiça. Um sítio da violência, inclusive institucional.

Nenhum comentário: