sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Conservadores ganham com ampla maioria no Reino Unido, e Johnson, o Duble de Trump permanece como premiê


Johnson continuará como primeiro-ministro e vai liderar processo do Brexit
"Remainers" derrotados e Escócia reforçada
O Partido Conservador conquistou pelo menos 364 cadeiras no Parlamento e 43,6% dos votos 
nacionais, impondo uma maioria que apenas Margaret Thatcher havia conseguido, em 1987.
O principal partido de oposição, o Trabalhista, obteve 32,2% dos votos e elegeu 203 parlamentares. 
Foi uma perda de 42 assentos, principalmente fora das grandes cidades e nas regiões mais pobres do 
país, muitas delas as mesmas que optaram pelo Brexit no referendo de 2016.
Segundo analistas, o Brexit foi justamente o fator determinante destas eleições. Cansados de tantos 
impasses e reviravoltas no processo de saída da União Europeia, os eleitores britânicos escolheram 
agora o partido que prometia claramente tirar o país do bloco o mais rápido possível. A data 
prometida pelo governo conservador é 31 de janeiro.
Em um discurso para seus simpatizantes nas primeiras horas desta sexta-feira (13/12), Johnson disse 
que o partido e seu programa de governo agora têm o apoio de uma nação inteira. Ele prometeu o 
que tanto repetiu durante esta campanha: fazer o Brexit acontecer e sair da União Europeia nas 
próximas semanas. “O povo quer mudança. Não podemos e não iremos decepcioná-lo”, afirmou.
Diante do resultado, a libra manteve a tendência de alta iniciada esta semana, chegando à sua melhor 
cotação nos últimos três anos diante do euro e a um valor recorde nos últimos 18 meses frente ao 
dólar.O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, pagou o preço de não ter dado ao eleitor uma mensagem clara
sobre a posição do partido em relação ao Brexit, perdendo inclusive em áreas do país que tinham 
votado a favor da permanência na União Europeia.
Falando a seus eleitores durante a noite, Corbyn atribuiu parte de sua derrota ao "comportamento da 
imprensa" na campanha e admitiu que não vai mais liderar o partido em um futuro próximo.
Membros do Partido Trabalhista já se apressam em tentar entender de onde veio este resultado 
avassalador, mas muitos foram às redes sociais para criticar Corbyn por não ter conseguido 
transformar em votos a frustração geral dos britânicos com outros problemas decorrentes de quase 
dez anos de austeridade: a crise no sistema nacional de saúde, o aumento do número de sem-tetos e 
pessoas vivendo na pobreza, cortes na educação e no sistema de bem-estar social e a falta de moradia 
acessível.
O Partido do Brexit (Brexit Party), de Nigel Farage, não elegeu parlamentares, apesar de ter uma 
representação significativa no Parlamento Europeu. Durante a campanha, Farage orientou seus 
potenciais eleitores a votar em candidatos conservadores, em uma tática de voto útil pro-Brexit.
A tática anti-Brexit claramente falhou. O Partido Liberal-Democrata, que lançou uma campanha 
abertamente contrária à saída da União Europeia, se provou um divisor de votos e elegeu apenas 11 
parlamentares. Sua líder, Jo Swinson, perdeu seu próprio assento para o Partido Nacional Escocês 
(SNP, na sigla em inglês).
Este, aliás, foi outro grande vitorioso – e talvez o primeiro grande obstáculo para Boris Johnson: o 
SNP conquistou 48 das 59 cadeiras que cabem aos escoceses em Westminster. Comemorando o 
resultado, a líder Nicola Sturgeon reiterou os pedidos para que seja realizado um novo referendo pela 
independência do país. Em 2014, os escoceses foram às urnas e optaram por permanecer no Reino 
Unido, mas em 2016 se mostraram fortemente contrários ao Brexit.

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