sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Vigília por Lula tem adesão até de Policiais Federais à espera de Soltura de Petista


O clima no entorno do prédio da Polícia Federal, em Curitiba, onde o ex-presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva (PT) está preso desde o ano passado, foi de tranquilidade na manhã desta 
sexta-feira (8). A partir da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), na quinta (7), o petista 
pode ser solto ainda nesta sexta.

Com intervalos de silêncio, manifestações e cantoria, cerca de 100 pessoas aguardam na vigília
montada em frente ao prédio em abril do ano passado, quando o político foi preso.
A expectativa, segundo os coordenadores, é que pelo menos 500 militantes se reúnam no espaço no
período da tarde, somados por caravanas do interior do estado. Já no final da manhã, caminhões com 
estruturas de palco estacionavam em frente ao local.
Alguns dos manifestantes, com bandeiras e batuques, desembarcaram diretamente no prédio da
Justiça Federal, onde o advogado de Lula, Cristiano Zanin, pretende despachar o pedido de soltura
do  ex-presidente com a juíza Carolina Lebbos, responsável pelo processo, no começo da tarde.
A orientação para os manifestantes de outros estados é seguir para São Bernardo do Campos (SP), na
casa do ex-presidente, para onde ele deve ir caso seja solto.
A militância entoou o tradicional "bom dia" ao político às 9h. Perto das 10h, Zanin chegou ao prédio
da PF. Um manifestante perguntou, gritando, ao defensor se o político "sai hoje". Zanin acenou 
positivamente. Já na saída, o defensor disse que Lula está "sereno", à espera da decisão.
Dois policiais federais à paisana, que disseram trabalhar na Superintendência onde o político está 
preso, compraram camisetas com a estampa de Lula na pequena feira montada dentro da vigília. 
"Pode ser o último dia, aproveitei para comprar. Não é todo mundo que apoia o governo", 
justificou o escrivão Farley Dias, 43.
A família Souza, de Navegantes (SC), planejou a primeira visita à vigília antes mesmo do resultado
do julgamento do STF que definiu que só o trânsito em julgado de sentenças condenatórias pode 
fazer com que réus sejam presos. 
"[Depois da decisão] foi um caminho com mais felicidade para cá", resumiu a artesã Valéria
Severino de Souza. "A esperança é ver hoje ele sair daí, mas a gente sabe que não vai ser tão fácil,
vai  ser mais uma luta", completou o marido, Jadir.
O casal comprou camisetas com a estampa do ex-presidente para o filho, Paulo Henrique, deficiente
mental. Ele não consegue permanecer por muito tempo na cadeira de rodas, por isso, a família
pretende retornar à Santa Catarina ainda hoje.
"Lula é a esperança que a gente tem de futuro melhor para o brasileiro. Por mais que falem dele, tudo
que ele fez pelo povo é muito maior do que as acusações", afirmou a mãe.
"Hoje eu tô louca, rindo e chorando", definiu a índia pataxó Maria Flor Guerreira, na vigília por Lula
desde o terceiro dia da prisão do político. Mesmo se ele deixar Curitiba, ela conta que não deve
voltar para casa tão cedo. A indígena pretende seguir com o ex-presidente em caravana pelo país,
plano já revelado por Lula para quando sair da cadeia.
"Tudo que a gente fizer ainda é pouco diante de todo desmonte do país, diante de tanto sacrifício que
o Lula faz pelo povo, tenho dever de tentar colaborar", afirma.
A passos lentos, com a ajuda de andador, a professora aposentada Juçá Vieira também caminha pela
vigília entre os já conhecidos colegas. "Ele [Lula] valorizou as pessoas, deu oportunidade, apoiou",
diz a idosa, que nas primeiras semanas com o ex-presidente preso, esteve na vigília de cadeira de
rodas.
A professora atuou em escolas rurais durante 12 anos e se orgulha de fazer parte da história do MST,
um dos movimentos sociais que apoiam o ex-presidente. "É gente que se sente capaz, com coragem
de lutar por aqueles que não tem voz", opina sobre o movimento.(Katna Baran/FolhaPress SNG)

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