sábado, 30 de novembro de 2019

Doleiro dos doleiros diz ter pago propinas mensais a procurador da Lava Jato que fazia ataques rasteiros a Lula

O doleiro Dario Messer, conhecido como "doleiro dos doleiros", contou à namorada ter sido 
protegido pela Lava Jato paranaense por pagar propinas ao procurador Januário Paludo, que 
inspirou o grupo "filhos de Januário" e fez vários ataques ao ex-presidente Lula – inclusive 
após as mortes de seus familiares.
247 – "O doleiro Dario Messer afirmou em mensagens trocadas com sua namorada, Myra Athayde, 
que pagou propinas mensais ao procurador da República Januário Paludo, da Lava Jati do Paraná. Os 
pagamentos estariam ligados a uma suposta proteção. Os diálogos de Messer sobre a propina a 
Paludo ocorreram em agosto de 2018 e foram obtidos pela PF (Polícia Federal) do Rio de Janeiro 
durante as investigações que basearam a operação Patrón, última fase da Lava Jato do Rio", informa 
reportagem especial do jornalista Vinícios Konchinski, produzida para o portal Uol.
Um relatório a respeito do conteúdo das mensagens foi elaborado pelo órgão em outubro. Nele, a PF 
diz que o assunto é grave e pede providências sobre o caso.
Nas conversas obtidas pela PF, Messer fala a Myra sobre o andamento dos processos que responde. 
Ele diz que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Januário Paludo. 
Depois, afirma a namorada: "Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina 
paga pelos meninos todo mês." Os meninos seriam os também doleiros Claudio Fernando Barbosa 
de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca. Ambos trabalharam com Messer em 
operações de lavagem de dinheiro investigadas pela Lava Jato do Rio. Depois que foram presos, 
viraram delatores.
"Em depoimentos prestados em 2018 à Lava Jato no MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de 
Janeiro), Juca e Tony afirmaram ter pago US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) por mês ao advogado 
Antonio Figueiredo Basto em troca de proteção a Messer na PF e no Ministério Público. Basto já 
advogou para o doleiro", revela a reportagem. Basto sempre foi um dos advogados mais próximos à 
força-tarefa da Lava Jato.
Paludo inspirou o grupo "filhos de Januário" e fez vários ataques ao ex-presidente Lula – inclusive 
após as mortes de seus familiares. No dia 24 de janeiro de 2017, a mulher de Lula, Marisa Letícia, 
sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e foi internada no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. 
"Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como 
vegetal", disse Deltan Dallagnol, às 22h24. Dez minutos depois, Paludo escreveu: "Estão eliminando 
testemunhas".
Dois anos depois, com Lula já na prisão, Paludo afirmou que "o safado só queria viajar", referindo-se 
ao pedido da defesa do ex-presidente para que ele saísse do cárcere para acompanhar o enterro do 
irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.
Em nota, a força-tarefa da Lava Jato do Paraná se posicionou:
Em relação à matéria do UOL divulgada nesta madrugada, os procuradores da força-tarefa da Lava 
Jato informam que:
1. A ação penal que tramitou contra Dario Messer em Curitiba foi de responsabilidade de outro 
procurador que atua na procuradoria da República no Paraná, o qual trabalhou no caso com completa 
independência. Nem o procurador Januário Paludo nem a força-tarefa atuaram nesse processo.
2. O doleiro Dario Messer é alvo de investigação na Lava Jato do Rio de Janeiro, razão pela qual não 
faz sequer sentido a suposição de que um procurador da força-tarefa do Paraná poderia oferecer 
qualquer tipo de proteção.
3. As ilações mencionadas pela reportagem de supostas propinas pagas a PF e ao MP já foram alvo 
de matérias publicadas na imprensa no passado e, pelo que foi divulgado, há investigação sobre 
possível exploração de prestígio por parte de advogado do investigado, fato que acontece quando o 
nome de uma autoridade é utilizado sem o seu conhecimento.
4. Em todos os acordos de colaboração premiada feitos pela força-tarefa, sem exceção, os 
colaboradores têm a obrigação de revelar todos os fatos criminosos, sob pena de rescisão do acordo.
5. Os procuradores da força-tarefa reiteram a plena confiança no trabalho do procurador Januário 
Paludo, pessoa com extenso rol de serviços prestados à sociedade e respeitada no Ministério Público 
pela seriedade, profissionalismo e experiência.

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