POR FERNANDO BRITO
O Brasil não é um país quebrado, o Brasil é um país que sofre, cronicamente, o mal de ser um país
sem projetos.
Como é que se pode dizer que está “quebrado” um país que tem a 6a. maior reserva cambial do
mundo? Que tem um confortabilíssimo saldo comercial na sua corrente de comércio exterior? Que
tem um parque industrial com 30% de ociosidade, pronto a trabalhar sem a necessidade de novos
investimentos expressivos? Que está montado num mar de petróleo e tem a tecnologia – talvez não o
capital, é certo – para explorá-lo em prazo reduzido.
Temos mão de obra ociosa aos montes que, empregada, produziria aumento da renda (e do consumo)
Temos mão de obra ociosa aos montes que, empregada, produziria aumento da renda (e do consumo)
sem grande pressão sobre custos e sobre a inflação. Isso, do lado humano.
Do lado físico, há cerca de 14 mil obras financiadas com recursos do Governo Federal que estão
Do lado físico, há cerca de 14 mil obras financiadas com recursos do Governo Federal que estão
paradas ou se arrastando e muitas delas deteriorando-se. De novo, com investimento relativamente
baixo se pode potencializar recursos que, hoje, estão deteriorando-se na chuva, no sol e no abandono.
Um plano consistente e focado de retomada tem toda a base material para funcionar, sem abalar
Um plano consistente e focado de retomada tem toda a base material para funcionar, sem abalar
nosso volume de reservas ou realizar endividamento irresponsável.
Mas a única política econômica com a qual se acena para o Brasil é a de liquidar seu patrimônio, em
lugar de pô-lo a trabalhar.
Para “justificar” este criminoso objetivo é preciso criar o terror da falência, como para “justificar” a
Para “justificar” este criminoso objetivo é preciso criar o terror da falência, como para “justificar” a
reforma da previdência foi preciso chantagear aposentados dizendo que eles parariam de receber seus
proventos, para que concordassem em sacrificar filhos e netos pelas suas próprias sobrevivências.
Paulo Guedes anuncia agora a intenção, que estaria aprovada por Bolsonaro – de vender todas as
Paulo Guedes anuncia agora a intenção, que estaria aprovada por Bolsonaro – de vender todas as
empresas estatais. O dinheiro, claro, vai ser consumido na voragem do déficit e da dívida, embora
déficit público e dívida não sejam obstáculos ao crescimento econômico no nosso “modelo” nos
Estados Unidos que tem a um e à outra imensamente maiores que o Brasil, mesmo levando em conta
a proporção com o PIB norte-americano.
Nenhum país – exceto os de economia “mixuruca” e sem potencial de crescimento – adotou uma
Nenhum país – exceto os de economia “mixuruca” e sem potencial de crescimento – adotou uma
política de cortes irracionais e foi bem sucedido em recuperação econômica.
Pior, diante da escassez de recursos para investir, Guedes fala em pulverizar entre estados e
Pior, diante da escassez de recursos para investir, Guedes fala em pulverizar entre estados e
municípios o pouco que há para investir. Perde-se, portanto, grande parte dos filtros que poderiam
assegurar relevância econômica para o país.
É a nossa “sofisticada” política a economia: venda-se tudo, dê-se uma parte da venda para cada
É a nossa “sofisticada” política a economia: venda-se tudo, dê-se uma parte da venda para cada
agente político (deputados, senadores, prefeitos e governadores) e que cada um faça o que quiser.
Não que um ou outro vá gatar bem os recursos, mas não precisa ser um gênio para saber que a
grande maioria será malbaratada.
A classe dirigente brasileira, herdeira perdulária dos que construíram este país, agradece e vai viver
de Bolsa de Valores.
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