O miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, afirmou ter participado de um
encontro no Rio em que um dos chefes do “Escritório do Crime” e um policial militar que
trabalhou como assessor do político Domingos Inácio Brazão, discutiram, no entendimento
dele, o assassinato da vereadora Marielle Franco. As informações constam nos depoimentos
prestados por Curicica à Polícia Federal e a procuradores da República, no presídio federal de
Mossoró (RN). A PF e a PGR (Procuradoria-Geral da República) consideram Brazão o
principal suspeito de ordenar o atentado que resultou na morte de Marielle e do motorista
Anderson Gomes. “Domingos Inácio Brazão é, efetivamente, por outros dados e informações
que dispomos, o principal suspeito de ser o autor intelectual dos crimes contra Marielle e
Anderson”, lê-se no relatório da PF sobre o caso. O encontro descrito por Curicica ocorreu no
ano de 2017, no Mirante do Roncador, ponto turístico da zona oeste do Rio.
POR FERNANDO BRITO
Reportagem de Flávio Costa, do UOL, revela que o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando
Curicica, declarou, em depoimento à Polícia Federal, no presídio de Natal (RN), onde está preso, que
o major Ronald Pereira, chefe da milícia “Escritorio do Crime”, participou de um encontro com ele,
o subtenente da PM Antonio João Vieira Lázaro, que trabalhou como assessor do ex-deputado
estadual Domingos Brazão, e Hélio de Paulo Ferreira, miliciano conhecido como “Senhor da
Armas”, para planejarem o assassinato da vereadora Marielle Branco, em 2017.
Na reunião, o major Ronald afirmou que “teriam que resolver um problema para o amigo do
Tribunal de Contas”. Brazão é conselheiro afastado, por suspeita de corrupção, do Tribunal de
Contas do Rio de Janeiro. Curicica disse aos investigadores que, naquele momento, ele não teria
entendido do que se tratava, “porém tempos depois associou que a fala poderia ser referente à
morte da vereadora Marielle Franco”.
Ronald recebeu, em 2004, moção de louvor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, que
também condecorou seu cúmplice na milícia, o capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, de
quem empregou a mãe e a mulher em seu gabinete.
Domingos Brazão, conselheiro cassado do Tribunal de Contas do Estado, foi denunciado pela
procuradora geral da República Raquel Dodge, no apagar das luzes de seu mandato na PGR.
Na “milicialand” nunca se sabe o que é verdade ou “mito”.
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