segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Bolsonaro Leva uma banana na ONU e é obrigado a retirar resolução contra Venezuela

O jornalista Jamil Chade, que acompanha em Genebra 
as atividades do Conselho de Direitos Humanos da ONU, 
informa que o governo Bolsonaro foi obrigado a retirar 
projeto de resolução que pretendia condenar a 
Venezuerla, por falta de votos.

247 - "O governo brasileiro foi obrigado a ceder e aceitou 
rever sua proposta de resolução na ONU que criaria uma 
comissão de inquérito internacional para investigar os crimes 
cometidos por Nicolas Maduro", informa Jamil Chade em 
seu blog. 
O projeto de resolução do governo brasileiro contou com a 
oposição de países europeus e diversos latino-americanos. O 
Itamaraty foi obrigado a flexibilizar sua posição e aceitar 
apenas o envio de uma missão com um perfil mais restrito.
O jornalista destaca ainda que o projeto de resolução tinha de 
fato a autoria dos Estados Unidos que usaram o Brasil como 
instrumento da sua diplomacia. 
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O governo brasileiro foi obrigado a ceder e aceitou rever sua 
proposta de resolução na ONU que criaria uma comissão de 
inquérito internacional para investigar os crimes cometidos por Nicolas Maduro. 
Diante da oposição de países europeus e diversos latino-americanos, o Itamaraty teve de flexibilizar 
sua posição e aceitar apenas o envio de uma missão com um perfil mais restrito, num gesto que foi 
recebido pelos demais governos como um sinal dos limites da posição da diplomacia brasileira. 
A votação ocorre em Genebra no final da semana no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Mas a 
iniciativa será alvo de intensas negociações durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. 
A delegação brasileira, conforme o blog revelou, recebeu uma orientação do governo americano para 
apresentar a resolução e o texto acabou se transformando em uma iniciativa do Grupo de Lima. Em 
Nova Iorque, a delegação brasileira ainda será composta por membros da oposição venezuelana. Mas 
o projeto do Departamento de Estado, usando o Itamaraty, ameaçou não ser aprovado e a resolução 
acabou sendo modificada.
O texto original previa a criação de uma comissão de inquérito, algo que colocaria a situação da 
Venezuela no mesmo patamar de Síria, Mianmar, Coreia do Norte e Sudão. Além de investigar os 
crimes, o Brasil queria que a comissão também designasse os autores das violações, abrindo a 
possibilidade para que fossem levados a tribunais internacionais. Dentro de um projeto americano 
mais amplo, essa iniciativa ajudaria a colocar pressão sobre Maduro.
Mas a proposta não era bem-vista nem pela ONU e nem por diversos governos democráticos, como 
Espanha e mesmo a Itália. O argumento da oposição ao texto era de que, ao criar a comissão, 
Maduro poderia romper definitivamente com a ONU, justamente no momento em que a entidade 
conseguiu abrir um escritório em Caracas para monitorar as violações de direitos humanos.
O temor da cúpula da Europa é de que, com um rompimento, seu escritório seja fechado, impedindo 
o acompanhamento dos casos. Maduro, ao mesmo tempo, não permitiria a entrada da comissão de 
inquérito e o resultado seria a incapacidade da comunidade internacional de saber o que ocorre 
dentro da Venezuela 
Entre os europeus, outra preocupação tem relação com o impacto que tal comissão poderia gerar nos 
esforços de mediação entre a oposição venezuelana e o regime de Maduro. Nos últimos meses, o 
governo da Noruega passou a organizar esse diálogo, ainda que sem êxito por enquanto. Com a 
criação de uma comissão de inquérito que denuncie Maduro por crimes, a Europa acredita que esse 
esforço de encontrar uma solução política teria de ser abandonado.
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