quinta-feira, 26 de setembro de 2019

ANÁLISE: Flavio Dino ocupa o espaço de Ciro Gomes e se constrói como alternativa à esquerda

Dino parece não querer ser o candidato sem Lula, mas pode vir a sê-lo se conseguir ocupar o 
vácuo que Ciro Gomes criou quando foi passar o segundo turno em Paris. Algo que Dino, de 
forma acertada, fez questão de criticar.
Por Renato Rovai
O Roda Viva de ontem teve no seu centro o governador do Maranhão Flávio Dino, que já vinha 
sendo apontado por muitos militantes de esquerda como uma alternativa à presidência da República.
Dino não decepcionou. Durante as duas horas do programa não perdeu a tranquilidade em nenhum 
segundo e com seu jeito simples e sintaxe prolixa cativou os entrevistadores. A bancada se rendeu à 
Dino.
Mesmo no momento em que foi mais apertado, quando a jornalista da BBC trouxe à tona uma 
desapropriação polêmica ocorrida no seu estado, saiu -se bem. Não piscou. Não foi arrogante. Não 
pareceu se incomodar com o questionamento.
Mas isso não surpreende quem o conhece. Há tempos que vejo em Dino um dos quadros políticos 
mais completos dessa geração intermediária. Essa geração nascida no começo da ditadura militar. 
Por sinal, a minha.
Ele tem cultura, experiência política e administrativa, não é arrogante (ao contrário) e está sempre 
disposto ao diálogo. Tem virtudes necessárias para o momento atual.
Mas, ontem me chamou a atenção, algo que já tinha no radar. Dino avança de maneira avassaladora 
no eleitorado de Ciro Gomes. E começa a se construir como alternativa ao petismo, mas com o 
petismo.
Dino citou a vitória de Eduardo Campos em Pernambuco num dado momento da entrevista. Ele 
falava de disputas com ou sem o PT. E lembrou também da sua vitória. Mas, a que vale pra essa 
hipótese é a de Campos, que construiu uma alternativa ao PT e à candidatura no estado, passou 
raspando para o segundo turno tirando Humberto Costa. E depois foi o vitorioso. Mas não brigou 
com o PT.
Dino parece não querer ser o candidato sem Lula, mas pode vir a sê-lo se conseguir ocupar o vácuo 
que Ciro Gomes criou quando foi passar o segundo turno em Paris. Algo que Dino, de forma 
acertada, fez questão de criticar. Claro, na sua gramática. Sem estigmatizar. Sem deixar faíscas 
voarem.
Para consolidar seu voo ao Planalto, ele precisa, antes de mais nada, se manter bem avaliado no seu 
estado. E isso também passa por eleger um aliado em São Luís e em boa parte das cidades do 
interior. Mas, também precisa decidir logo se vai continuar no PCdoB ou se partirá, por exemplo, 
para o PSB. Até para que possa ocupar espaços já com este projeto resolvido durante as eleições de 
2020.
Num primeiro momento, o que fica claro é que o papel que Ciro Gomes podia ter adotado, está 
sendo realizado com extrema competência pela novidade que vem do Maranhão.
Ainda é cedo para dizer mais do que isso. Mas há um novo presidenciável na praça. Que passou com 
louvor no seu primeiro teste nacional na noite de ontem.

Nenhum comentário: