terça-feira, 13 de agosto de 2019

ONU adverte Bolsonaro pela segunda vez em cinco meses

O Brasil tem sido alvo de denúncias no âmbito da Organização das Nações Unidas por conta 
das posições de Jair Bolsonaro, que ofendem os ideais de defesa da justiça, da democracia e dos 
direitos humanos do organismo multilateral.
247 - "O relator especial da ONU para a promoção da Verdade, Justiça, Reparação e Garantias de 
Não Repetição, Fabián Salvioli, cobrou explicações do presidente Jair Bolsonaro por conta de suas 
declarações sobre o pai do atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, e por seu posicionamento 
sobre o regime militar", informa o jornalista Jamil Chade, em seu Blog
Jamil Chade é correspondente na Europa há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em 
Genebra, onde acompanha as atividades diplomáticas relacionadas com a defesa dos Direitos 
Humanos.
O jornalista relata que a maneira pela qual Bolsonaro se pronuncia sobre a ditadura no Brasil causa 
um "profundo mal-estar" entre diplomatas brasileiros no exterior e dentro da ONU.
Ele destaca os elogios do ocupante do Palácio do Planalto ao torturador coronel Carlos Alberto 
Brilhante Ustra. Recentemente, Bolsonaro disse que Ustra é um "herói nacional" e recebeu a viúva 
do militar, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, para um "almoço de cortesia" no Palácio do Planalto. 
"Agora, numa carta confidencial, o especialista da ONU questionou a atitude do governo e pediu 
explicações sobre o posicionamento de Bolsonaro", informa Jamil Chade.
"Diante dos comentários do presidente, familiares de mortos e desaparecidos políticos ainda pediram 
à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que 'o Estado brasileiro preste esclarecimentos 
sobre as circunstâncias do desaparecimento e localização dos restos mortais de Fernando e que o 
Estado apresente todas as informações ainda não reveladas sobre mortes e desaparecimentos 
políticos da ditadura que estejam em poder dos seus agentes' ". 
Jamil Chade relata que "na ONU, essa é a segunda vez em apenas cinco meses que o relator é 
obrigado a enviar uma carta confidencial ao Brasil por conta da forma pela qual Bolsonaro lida com 
o passado autoritário do país. No início do ano, depois que Bolsonaro sugeriu que o Golpe de 31 de 
março fosse comemorado, Salviolli chegou a qualificar a iniciativa do presidente de 'imoral' ". 
O comunicado da relatoria da ONU advertiu o país: "O Brasil deve reconsiderar planos para 
comemorar o aniversário de um golpe militar que resultou em graves violações de direitos humanos 
por duas décadas".
A resposta do governo Bolsonaro à ONU foi considerada "chocante" por diplomatas brasileiros e 
estrangeiros. "Numa carta enviada em abril, o Itamaraty reforçava seu argumento de que não houve 
golpe de estado em 31 de março de 1964 e o que ocorreu foi 'legítimo' ", informa Jamil Chade.

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