quinta-feira, 8 de agosto de 2019

MAFIA A JATO: CORREGEDOR REPROVOU CONDUTA DE DALLAGNOL, MAS NÃO ABRIU INVESTIGAÇÃO


The Intercept Brasil
Em julho de 2017, o então corregedor-geral do Ministério Público Federal, Hindemburgo 
Chateaubriand Filho, criticou informalmente a conduta do procurador da República Deltan Dallagnol 
na divulgação de palestra, ressaltou a gravidade da situação, mas deixou de abrir apuração oficial, 
apontam diálogos no aplicativo Telegram obtidos pelo The Intercept Brasil e analisados em conjunto 
com a Folha.
O caso envolveu a divulgação feita por Deltan de uma palestra dele na qual prometia revelações 
inéditas sobre a Lava Jato e que teria cobrança de ingresso dos participantes.
Hindemburgo expôs a reprovação ao procurador, que fez alteração no teor da publicidade da palestra. 
Em seguida, ele comentou que sua intervenção no episódio resultava do apreço que tinha por Deltan 
e saía da linha de atuação regular de um corregedor-geral, o fiscal máximo da atividade dos 
procuradores.
(…) “Só quero lhe dizer q liguei em consideração a vc é ao Januário [procurador Januário Paludo]. 
Como Corregedor, na verdade, não me competia fazer o q fiz”, afirmou. (…)
“Como comentei pessoalmente, prestar essas informações geraria mais exposição (novos 
questionamentos porque permitiria identificar as entidades para quem dei etc), mas por um dever de 
lealdade a Você como corregedor e como quem confiou em mim, sinto-me impelido a deixar tudo à 
sua disposição para sua consulta quando quiser. Abraços e mais uma vez muito obrigado pelo 
cuidado conosco”, escreveu.
(…) Outra conversa entre Deltan e Hindemburgo fora dos autos de um processo ocorreu em 4 de 
agosto de 2017, quando Deltan tratou do tema de suas palestras remuneradas.
“Caro Hindemburgo, chegou meu relatório de diárias de 2016 e 2017. Chequei e ele mostra que 
realmente NÃO houve diárias/passagens pelo MPF para palestras remuneradas. A checagem é 
simples porque o contrato da palestra indica a data e então é só bater com as datas/viagens cobertas 
por diárias”, informou Deltan.
Em seguida, o procurador disse que o fornecimento oficial dos nomes de suas contratantes de 
palestras à Corregedoria poderia levar a uma repercussão negativa.
“Como comentei pessoalmente, prestar essas informações geraria mais exposição (novos 
questionamentos porque permitiria identificar as entidades para quem dei etc), mas por um dever de 
lealdade a Você como corregedor e como quem confiou em mim, sinto-me impelido a deixar tudo à 
sua disposição para sua consulta quando quiser. Abraços e mais uma vez muito obrigado pelo 
cuidado conosco”, escreveu.
Hindemburgo respondeu que ele não se opunha à posição do procurador. “Obrigado a vc Deltan, mas 
não precisa se preocupar comigo. De qualquer modo, mantenha consigo para o caso de alguém 
questionar o fato”, escreveu o corregedor.

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